sexta-feira, 11 de setembro de 2015


Bandeira palestina será hasteada na sede da ONU
Resolução é mais recente iniciativa diplomática para o reconhecimento da Palestina como Estado-Membro

NOVA YORK — Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou na quinta-feira (10.set.2015) com grande maioria a resolução que permite o hasteamento da bandeira palestina na sede da ONU, em Nova York. A medida, que teve 119 votos a favor dos 193 membros da ONU, enfureceu Israel, que votou contra, assim como os EUA e outros seis países. Entre os apoiadores, estão países que recentemente apoiaram o reconhecimento do Estado Palestino, como França, Suécia, Itália e Espanha. O Brasil foi um dos que votou a favor – 45 nações se abstiveram.
Embora simbólica, a medida dá força às aspirações da Autoridade Palestina em conseguir um Estado próprio. O presidente Mahmoud Abbas visitará o local no final do mês.
— É simbólico, mas um passo além para que se solidifiquem os pilares do Estado Palestino na arena internacional — comemorou o embaixador palestino na ONU, Riad Mansour. — As coisas vão mal, o processo político está morto, Gaza está sendo sufocada. A iniciativa nos dá esperança.
A resolução permite que as bandeiras de países observadores não membros da ONU sejam erguidas ao lado dos membros. “Trata-se de um passo para o reconhecimento da Palestina como um membro pleno das Nações Unidas”, afirmou, Pouco antes da votação, o primeiro-ministro palestino, Rami Hamdallah. Diplomatas disseram que o plano é hastear a bandeira no dia 30, quando o presidente palestino, Mahmoud Abbas, fará seu discurso anual na Assembleia-Geral.

Bandeiras palestinas são vistas no Vaticano durante a canonização 
de freiras palestinas

O único outro Estado observador não membro da ONU é o Vaticano, que reagiu friamente quando os palestinos circularam o rascunho da resolução entre os embaixadores da organização, no mês passado. O Vaticano chegou a copatrocinar a resolução, mas pediu para ter o nome retirado do texto.
Na quarta-feira (09.set.2015), o representante da Santa Sé na ONU, o arcebispo filipino Bernardito Auza, afirmou que não havia planos do Vaticano para isso. De qualquer maneira, explicou Auza, ele acataria qualquer decisão tomada em Nova York. O papa Francisco, que fará uma viagem oficial aos EUA no fim do mês, deve realizar um discurso na ONU no dia 25.

Ofensiva diplomática
A resolução sobre a bandeira é a mais recente investida diplomática de Abbas para o reconhecimento da Palestina como um Estado-membro pleno da ONU. Em 2012, a maioria dos países da Assembleia-Geral aprovou o pedido apresentado por ele de reconhecimento da Palestina como Estado observador não membro, o mesmo do Vaticano.
A vitória palestina foi obtida após uma tentativa frustrada — abortada pelos EUA no Conselho de Segurança — de conseguir o status de membro pleno na organização. A recente demanda palestina foi defendida por vários países da Ásia, África, América Latina e alguns europeus — vários desses países já reconhecem o Estado Palestino com suas fronteiras pré-1967.

Oposição
O Departamento de Estado americano chamou a medida de “contraproducente”, dizendo que ela não ajuda nos esforços de reconciliação entre as partes.
Antes da votação, a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, que se opôs veementemente à medida, afirmou que se tratava de uma iniciativa “não construtiva” para as negociações de paz entre palestinos e israelenses — o mesmo discurso adotado pela Casa Branca há anos. Além de americanos e israelenses, Canadá, Ilhas Marshal, Micronésia, Palau e Tuvalu votaram contra.

Manifestantes pró-Palestina protestam perto da residência do premier britânico, David Cameron, 
que se reuniu com seu par israelense, Benjamin Netanyahu.

Israel pretende pedir que o secretário-geral, Ban Ki-moon, vete a resolução.
— Esta é uma tentativa flagrante de sequestrar a ONU — acusou o representante israelense, Ron Prosor, que já havia criticado os palestinos por “tentarem pontuar inutilmente na organização.
O embaixador israelense na ONU, Ron Prosor, perto do fim de seu mandato no cargo, afirmou que as vidas de palestinos e israelenses “continuarão as mesmas” após essa decisão. “Não se enganem: o objetivo dessa resolução é apenas conseguir um golpe de relações públicas”, afirmou, dizendo que Abbas reunirá líderes e imprensa para acompanhar o içamento da bandeira palestina.


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