Dívida bruta do setor público alcança 65,3% do PIB em agosto
A dívida bruta do setor público alcançou 65,3% do PIB em agosto, segundo
o Banco Central, uma alta de 0,7 ponto percentual em relação ao mês
anterior. No final de 2014, estava em 58,9%.
O aumento da dívida reflete o déficit nas contas públicas neste ano e o aumento nas despesas com juros.
União, Estados e municípios fecharam o mês de agosto com déficit de R$
7,3 bilhões, o que levou o resultado acumulado do ano do setor público a
ficar no vermelho.
Entre janeiro e agosto deste ano, o resultado primário de todas as
unidades da Federação foi negativo em R$ 1,1 bilhão. No mesmo período do
ano passado, houve superavit de R$ 10,2 bilhões.
No acumulado em 12 meses, o déficit está em R$ 43,8 bilhões (0,76% do
PIB), resultado pouco inferior ao verificado até julho de R$ 51 bilhões
(0,89% do PIB), mas ainda distante da meta de superavit de R$ 8,7
bilhões (0,15% do PIB).
Em agosto, o governo federal teve resultado negativo de R$ 6,9 bilhões.
Estados e municípios, de R$ 174 milhões; estatais, de R$ 202 milhões.
As despesas com juros alcançaram R$ 49,7 bilhões em agosto. No acumulado
no ano, os juros somam R$ 338,3 bilhões, praticamente o dobro do mesmo
período do ano anterior.
A dívida líquida do setor público alcançou em agosto 33,7% do PIB,
abaixo dos 34,1% de dezembro, por causa da alta do dólar (o país tem
mais ativos do que dívida em moeda estrangeira).
PROJEÇÃO
O BC projeta que a dívida bruta irá encerrar o ano em 67,6% do PIB, se o
déficit primário do setor público ficar em 0,20% do PIB, conforme
previsão dos economistas consultados na pesquisa Focus. Se o governo
cumprir a meta de superavit 0,15% do PIB, a dívida encerraria o ano em
67,2%.
A estimativa para os juros da dívida é fechar 2015 em 8,4% do PIB. Nos
últimos 12 meses está em 8,45%, maior desde novembro de 2003 (9,01% do
PIB).
O resultado nominal ficaria em 8,2% com superavit ou 8,6% se houver o
déficit previsto no Focus. Nos últimos 12 meses está em 9,21%, pior
resultado da série do BC, que começa em 2001.
AJUSTE
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os
números das contas públicas mostram que ainda há muito por fazer em
termos de ajuste fiscal. "Ajustes e propostas estão sendo elaborados com
esse intuito", disse.
Em relação aos governos estaduais e municipais, disse que a tendência é
de piora nos resultados ao longo deste segundo semestre, mas que a
perspectiva é fechar o ano com superavit nessas unidades da federação.
Afirmou ainda que o resultado primário negativo em 12 meses deve
continuar a cair ao longo do último quadrimestre de 2015. A perspectiva é
de melhora nos resultados mensais em relação aos déficits elevados do
mesmo período de 2014.
SWAP
O aumento dos juros, segundo o BC, reflete a alta da inflação, dos juros
e as despesas com swap cambial, que somam até a última sexta-feira
(25.set.2015) R$ 119 bilhões.
Maciel afirmou, no entanto, que esse custo não pode ser visto de forma
isolada. "As operações de swap têm um propósito de oferecer ao setor
privado uma proteção contra a flutuação do câmbio. Isso atenua os
impactos sobre o setor produtivo."
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