quarta-feira, 30 de setembro de 2015


Dívida bruta do setor público alcança 65,3% do PIB em agosto

A dívida bruta do setor público alcançou 65,3% do PIB em agosto, segundo o Banco Central, uma alta de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior. No final de 2014, estava em 58,9%.
O aumento da dívida reflete o déficit nas contas públicas neste ano e o aumento nas despesas com juros.
União, Estados e municípios fecharam o mês de agosto com déficit de R$ 7,3 bilhões, o que levou o resultado acumulado do ano do setor público a ficar no vermelho.
Entre janeiro e agosto deste ano, o resultado primário de todas as unidades da Federação foi negativo em R$ 1,1 bilhão. No mesmo período do ano passado, houve superavit de R$ 10,2 bilhões.
No acumulado em 12 meses, o déficit está em R$ 43,8 bilhões (0,76% do PIB), resultado pouco inferior ao verificado até julho de R$ 51 bilhões (0,89% do PIB), mas ainda distante da meta de superavit de R$ 8,7 bilhões (0,15% do PIB).
Em agosto, o governo federal teve resultado negativo de R$ 6,9 bilhões. Estados e municípios, de R$ 174 milhões; estatais, de R$ 202 milhões.
As despesas com juros alcançaram R$ 49,7 bilhões em agosto. No acumulado no ano, os juros somam R$ 338,3 bilhões, praticamente o dobro do mesmo período do ano anterior.
A dívida líquida do setor público alcançou em agosto 33,7% do PIB, abaixo dos 34,1% de dezembro, por causa da alta do dólar (o país tem mais ativos do que dívida em moeda estrangeira).



PROJEÇÃO
O BC projeta que a dívida bruta irá encerrar o ano em 67,6% do PIB, se o déficit primário do setor público ficar em 0,20% do PIB, conforme previsão dos economistas consultados na pesquisa Focus. Se o governo cumprir a meta de superavit 0,15% do PIB, a dívida encerraria o ano em 67,2%.
A estimativa para os juros da dívida é fechar 2015 em 8,4% do PIB. Nos últimos 12 meses está em 8,45%, maior desde novembro de 2003 (9,01% do PIB).
O resultado nominal ficaria em 8,2% com superavit ou 8,6% se houver o déficit previsto no Focus. Nos últimos 12 meses está em 9,21%, pior resultado da série do BC, que começa em 2001.

AJUSTE
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os números das contas públicas mostram que ainda há muito por fazer em termos de ajuste fiscal. "Ajustes e propostas estão sendo elaborados com esse intuito", disse.
Em relação aos governos estaduais e municipais, disse que a tendência é de piora nos resultados ao longo deste segundo semestre, mas que a perspectiva é fechar o ano com superavit nessas unidades da federação.
Afirmou ainda que o resultado primário negativo em 12 meses deve continuar a cair ao longo do último quadrimestre de 2015. A perspectiva é de melhora nos resultados mensais em relação aos déficits elevados do mesmo período de 2014.

SWAP
O aumento dos juros, segundo o BC, reflete a alta da inflação, dos juros e as despesas com swap cambial, que somam até a última sexta-feira (25.set.2015) R$ 119 bilhões.
Maciel afirmou, no entanto, que esse custo não pode ser visto de forma isolada. "As operações de swap têm um propósito de oferecer ao setor privado uma proteção contra a flutuação do câmbio. Isso atenua os impactos sobre o setor produtivo."


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