Câmara ameaça parar até votar o impeachment
Após o lançamento da campanha para destituir a presidente Dilma, na
quinta-feira (10.set.2015), a oposição articula obstrução e paralisação
no exame de projetos de interesse do governo, até que o impeachment
entre na pauta das discussões. Como o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, líderes de oposição consideram que o governo Dilma “acabou” e sua
permanência no cargo é altamente prejudicial ao País.
O impasse pode abrir espaço para que o Congresso assuma o ônus de
promover os cortes radicais de custos, no Executivo, que a crise exige.
Impostos, não. Eduardo Cunha já avisou que a Câmara não aceitará projetos de aumento de impostos: “Sou radicalmente contrário”.
Dilma se recusa a acabar privilégios e até mordomias, como carro
oficial, e a fazer cortes nas 100 mil boquinhas distribuídas a aliados.
O site Pró-Impeachment |
Movimento da Câmara lança site pró-impeachment
Página virtual apoiada por deputados da oposição e da base
traz a íntegra do pedido de afastamento de Dilma apresentado pelo
jurista Hélio Bicudo, fundador do PT.
O movimento suprapartidário pró-impeachment criado na Câmara lançou na
manhã de quinta-feira, 10.set.2015, site com abaixo-assinado pelo
impedimento da presidente Dilma Rousseff.
O site Pró-Impeachment
abre com a seguinte mensagem: “Assine o abaixo-assinado pelo
impeachment de Dilma”. Em menos de 24 horas, o abaixo-assinado contra
Dilma lançado no site Pró-Impeachment acumulou 200 mil assinaturas. O site foi criado por parlamentares da oposição e até da base aliada do governo.
A página diz “#impeachmentjá!” e “Chega! Os brasileiros não aceitam mais
mentiras, crise ética/moral, corrupção generalizada, desemprego
crescente, inflação alta, pedaladas fiscais, Mensalão e Petrolão,
aumento de impostos, luz e gasolina mais caras e cortes na saúde,
educação e segurança”. “Estamos ao lado da população, indignados com
tanta bandalheira! E, assim como a maioria dos brasileiros, defendemos
que a presidente seja afastada o mais rápido possível, através do seu
impeachment! Participe você também do Movimento Pró-Impeachment!”, diz texto na página da petição.
A página virtual traz a íntegra do pedido de impeachment apresentado
pelo jurista Hélio Bicudo, fundador do PT. Na peça apresentada, Bicudo
cita as “pedaladas fiscais”, a Operação Lava Jato e a compra da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobrás para afirmar
que Dilma cometeu crime de responsabilidade.
O jurista também lembra que o vice-presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, solicitou à Procuradoria-Geral
da República apuração sobre eventuais crimes eleitorais.
O site estimula que internautas compartilhem fotos com pedidos de saída
de Dilma Rousseff da Presidência. E traz uma sessão chamada “compartilhe
os fatos na rede”, com três imagens. Na primeira, uma frase de Hélio
Bicudo: “Golpe será permitir que o estado de coisas vigente se
perpetue”. Na outra, há uma foto da presidente com a frase “Mentiu na
campanha. Estourou as contas públicas para ganhar eleição. Se beneficiou
de esquema corrupto. Merece continuar? Não”. No terceiro, a frase é a
seguinte: “Se até um fundador do PT pede impeachment de Dilma, é porque o
governo não tem nenhuma condição moral de continuar”.
O movimento, que reúne deputados de PSDB, PPS, DEM, SD, PSC, PTB e até
partidos da base, como PMDB e PSD, tem também perfil no Twitter e página
no Facebook.
Janela da infidelidade
O plenário da Câmara aprovou emenda do Senado que garante uma janela de
30 dias para o troca-troca partidário antes das eleições. Pela emenda
aprovada, o candidato poderá trocar de partido pelo qual foi eleito, no
mês de março do ano da eleição, para concorrer por outra legenda. A
chamada janela da infidelidade é um desejo antigo dos parlamentares, mas
não concretizada. Em 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que
a troca era inconstitucional e por isso, no entendimento de deputados,
essa janela só poderia ser estabelecida por meio de emenda
constitucional.
Pela emenda, é permitida a mudança partidária nos 30 dias que antecedem o
prazo de filiação exigido pela lei para que um deputado concorra às
eleições por um partido. Os deputados também alteraram esse prazo,
reduzindo a exigência que hoje é de um ano, para seis meses antes da
eleição. A Câmara também aprovou emenda do Senado que estabelece como
teto de gastos de deputado federal. O texto da Câmara fixava um teto
único para todos os candidatos a deputado federal, de 65% do gasto mais
alto. A emenda aprovada estabelece um teto de 70% do maior gasto, mas
que valerá em cada estado. Com isso, o teto de gastos nas campanhas de
deputado federal em São Paulo não será o mesmo, por exemplo, que em
Roraima.
A Câmara finalizou a votação da minirreforma eleitoral e o texto seguirá agora à sanção presidencial.
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