Museu Nacional, o mais antigo do Brasil,
fecha por falta de dinheiro
Anúncio foi feito pelo site do museu, que atribuiu o fechamento
a 'problemas com os serviços de vigilância e limpeza'
O Museu Nacional, mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e com sede na Quinta da Boa Vista, zona norte, está fechado para
visitantes desde esta segunda-feira, 12.jan.2015, por tempo
indeterminado. O motivo é falta de verba para pagar os serviços de
limpeza e de vigilância. A direção alega contenção de verbas pelo
governo federal que, por sua vez, liberou recursos nesta segunda-feira.
Especializado em história natural, é o maior museu dessa área na América
Latina e o mais antigo centro de ciências do País. Foi inaugurado em
junho de 1818. Em períodos de férias, como o atual, a instituição recebe
cerca de mil pessoas por dia útil e cerca de 5 mil em fins de semana.
O anúncio do fechamento foi fixado na porta do museu e divulgado pelo
site da instituição, atribuindo a decisão a “problemas com os serviços
de vigilância e limpeza”. O atraso no pagamento do serviço de vigilância
ocorria havia meses. Nos últimos dias, funcionários terceirizados
responsáveis pela limpeza, que também estão sem receber os salários,
fizeram uma paralisação.
Recursos
Na segunda-feira (12.jan.2015), o Ministério da Educação liberou R$ 4
milhões para a UFRJ, verba que, segundo a assessoria de imprensa do
órgão, seria suficiente para solucionar a questão. No entanto, conforme
ressaltou a assessoria, a universidade tem autonomia para definir onde
vai aplicar os recursos - portanto, pode preferir usar esse dinheiro
para outros gastos, considerados mais urgentes. Em 2014, cerca de R$ 60
milhões, 20% do orçamento anual do museu, não foram liberados pelo MEC.
A UFRJ confirmou o recebimento do dinheiro, mas informou ainda não saber
se a verba permitirá quitar as dívidas e reabrir o museu. Segundo a
instituição, o ministério deverá liberar mais dinheiro.
Em nota divulgada antes da liberação da verba, a diretora da
instituição, Cláudia Rodrigues Carvalho, e o coordenador do Fórum de
Ciência e Cultura da UFRJ, Carlos Vainer, criticaram a contenção de
verbas pelo governo federal. “Naquela que deveria ser a ‘Pátria
Educadora’, conforme promessa da presidente Dilma Rousseff em sua posse,
a UFRJ não tem recebido os recursos que lhe cabem, até para pagamento
das empresas que prestam serviços de limpeza e portaria ao Museu
Nacional”, diz a nota.
“Impotente diante do que parece ser uma total insensibilidade da chamada
‘política de austeridade’ diante das necessidades básicas de nossa
universidade e, neste caso, do Museu Nacional, só nos resta esclarecer a
comunidade universitária e a sociedade sobre a realidade que explica a
suspensão das visitas, e vir a público para solicitar o apoio da
sociedade e buscar sensibilizar as autoridades governamentais”, continua
a nota.
A direção ainda destaca o valor histórico da instituição. “Além de
centro de pesquisa de relevância internacional, (o museu) constitui
espaço fundamental de formação e educação científica e cultural da
infância e juventude da cidade do Rio de Janeiro. Gerações e mais
gerações de cariocas e brasileiros viveram a experiência de visitar um
museu pela primeira vez na Quinta da Boa Vista”, afirma a nota divulgada
pela diretora do museu.
Reitoria
Em outro texto, assinado pela reitoria da UFRJ, a universidade informa o
problema do repasse de verbas e prevê que o pagamento de dívidas a
empresas terceirizadas “poderá ser feito a partir desta semana”. “A UFRJ
aguarda a normalização do Sistema Integrado de Administração Financeira
do Tesouro Nacional (Siafi) para realizar liquidação e pagamentos de
faturas”, diz a nota oficial. “Os pagamentos em atraso só poderão ser
feitos agora”, conclui.
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