Permissão de arma letal em protestos é 'belíssima',
diz ministro venezuelano
diz ministro venezuelano
Vladimir Padrino López (à dir.), ao lado de Nicolás Maduro, em evento em Caracas |
Depois de autorizar as Forças Armadas a usar munição letal em protestos,
o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, disse que a
resolução do governo é "belíssima" e foi "descontextualizada" pela
oposição.
A norma define que os agentes possam atirar ou usar outros meios
potencialmente letais contra manifestantes se estiverem "diante de uma
situação de risco mortal".
Porém, não são determinadas que situações seriam essas. A resolução
ressalta, porém, que se deve recorrer a disparos apenas quando se
esgotarem demais alternativas de "contenção física".
A medida foi considerada inconstitucional pela oposição e por grupos de
direitos humanos, que a encaram como uma licença para matar.
Para o ministro, no entanto, os rivais, as entidades e a imprensa
tiraram o decreto de contexto. "A resolução é belíssima e de profundo
respeito aos direitos humanos, à vida e aos manifestantes".
Padrino López considera a oposição à norma parte de uma ofensiva para
deixar angustiada a população venezuelana. Segundo ele, o texto foi
discutido em reuniões com órgãos do governo, a Justiça, o Ministério
Público e a Defensoria do Povo.
A resolução é aprovada quase um ano após o início das manifestações
contra o presidente Nicolás Maduro, que deixaram 43 mortos, em sua
maioria baleados.
Em relatório divulgado na quinta-feira (29.jan.2015), a ONG Human Rights
Watch afirma que boa parte dos disparos foram feitos por soldados do
Exército e da Guarda Nacional Bolivariana, duas instituições vinculadas
às Forças Armadas.
As críticas da oposição continuaram. O ex-presidenciável Henrique
Capriles disse que o ministro deveria derrogar a norma. "Retirá-la é o
que faria uma pessoa séria. As Forças Armadas não devem ser submetidas à
parcialidade política e deveriam ser a garantia de segurança a todos".
A deputada cassada María Corina Machado disse que enviará uma denúncia à
OEA (Organização dos Estados Americanos) contra a norma.
TENSÃO
A nova resolução entra em vigor em meio a uma forte crise econômica,
aprofundada pela queda brusca dos preços do petróleo, principal produto
de exportação do país.
Desde dezembro, aumentou a escassez de produtos básicos, aliados à
inflação, que chegou a 64% em novembro. Em algumas cidades, houve saques
e confrontos entre a polícia e manifestantes.
Uma igreja de Mérida, no oeste do país, foi atacada com coquetéis
molotov e pichada com mensagens de apoio a Leopoldo López, preso desde
fevereiro do ano passado acusado de incitação à violência nos protestos.
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