segunda-feira, 19 de janeiro de 2015


Famílias americanas de baixa renda economizam 
com petróleo mais barato
Consumidores deverão gastar mais em mercados, com efeitos benéficos para a economia

O combustível para aquecedores consome boa parte da renda
das famílias americanas dos estados mais frios

Enquanto o mercado financeiro especula sobre os impactos da queda do preço do petróleo, as famílias americanas estão comemorando a redução nos gastos. Graças ao combustível mais em conta, as famílias do Nordeste e do Meio-Oeste vão economizar US$ 750 neste inverno, quando usarão óleo e gás em seus aquecedores domésticos, conforme estimativa da agência federal de Administração de Informações sobre Energia.
— Pode não fazer diferença para os 10% mais ricos, mas para quem ganha US$ 30 mil ou US$ 40 mil por ano e vai de carro para o trabalho, é uma bolada — disse Guy Berger, economista do RBS para os EUA.

GRUPOS DE BAIXA RENDA SÃO MAIS FAVORECIDOS
Nos últimos anos, a maioria das tendências econômicas positivas — como ganho de eficiência em virtude de novas tecnologias, aumento dos lucros das empresas, alta nos preços das residências, queda nas taxas de juros para empréstimos e maior demanda por executivos com formação especializada — beneficiaram homens de negócios e americanos com poder aquisitivo.
Mas a queda nos preços de energia está ajudando os grupos de baixa renda, pois o custo dos combustíveis respondem por parte significativa de sua renda.
Para muitos residentes do frio, o derretimento nos preços coloca mais do que uns dólares extras no bolso.
Para April Smith, a folga nos preços da gasolina
significa alimentação melhor
Veja o caso da cuidadora April Smith e seu marido Eddie. Juntos, eles ganham US$ 42 mil por ano. Para o casal, que tem quatro filhos, a queda nos preços dos combustíveis significa mais compras no mercado.
— Felizmente, os preços de petróleo, gás e comida estão caindo, o que é incrível — diz April Smith, explicando que quando os preços estavam mais altos ela tinha de reduzir as compras no mercado para poder pagar o aquecimento. — Espero que continue assim.

TURBILHÃO ECONÔMICO
Para a economia, de modo geral, o turbilhão causado pela queda nos preços do petróleo — na sexta-feira (16.jan.2015), o barril de WTI caiu a US$ 49, abaixo dos US$ 65 do mês passado — deve ser particularmente bem vindo num momento em que o crescimento global parece estar enfraquecendo. O que pode ser chamado de “um choque de energia ao contrário” está favorecendo alguns.
Caminhão entrega óleo combustível para aquecimento
Estados como o Texas e a Dakota do Norte, que ganharam quando o barril ficou acima de US$ 90, entre 2011 e 2014, estão agora vendo a situação mudar. Da mesma forma, indústrias que fornecem tubos e outros materiais para a exploração de petróleo, incluindo siderúrgicas.
Porém, os economistas dizem que os benefícios dos preços mais baixos de energia serão sentidos de outras maneiras, mais amplas, na medida em que o dinheiro excedente é redistribuído em outras compras. Os gastos dos consumidores contribuem com cerca de 65% do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços produzidos no país), comparado com 1% dos investimentos da indústria de óleo e gás, diz Michael Gapen, chefe dos economistas para EUA do Barclays. Além do mais, os consumidores normalmente gastam em setores intensivos de mão de obra (como o varejo, que emprega 30% dos americanos) o dinheiro que economizam com combustíveis (o setor de óleo e gás emprega menos de 1% dos trabalhadores do país).

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