domingo, 25 de janeiro de 2015


Partido de esquerda Syriza vence eleições na Grécia
Primeiras pesquisas dão vitória com 36,5% dos votos para a legenda 
e porta-voz comemora ‘vitória histórica’

Apoiadores do Syriza comemoram vitória história do partido na Grécia

As primeiras sondagens na Grécia dão uma vitória histórica para o Syriza, partido radical de esquerda, com 36,5% dos votos. O Nova Democracia, do atual primeiro-ministro, Antonis Samaras, aparece em segundo, com 27,7%, na frente do neonazista Aurora Dourada que, mesmo com a maioria dos seus líderes na cadeia, conseguiu manter a marca de 6,35%. Apesar da vitória clara, ainda não se sabe se o partido alcançará a maioria absoluta no Congresso para governar sozinho — para isso, o Syriza precisaria de pelo menos 151 lugares no Parlamento. A primeira projeção oficial mostra que o partido obterá entre 149 e 151 dos 300 assentos.
Após a divulgação, o porta-voz da legenda, Panos Skourletis, declarou tratar-se de uma “vitória histórica” e uma “mensagem para a Europa”.
— É uma vitória histórica, ainda temos que ver será uma grande vitória histórica — disse Skourletis, na TV estatal. — E envia uma mensagem contra a austeridade e a favor da dignidade e da democracia.
Após votar, pela manhã, Tsipras já havia deixado uma mensagem semelhante ao do porta-voz do partido.
— O nosso futuro comum na Europa não é o da austeridade, é o da democracia, da solidariedade e da cooperação.
As eleições gregas ultrapassaram, desde o primeiro momento, as fronteiras do país, já que os resultados terão implicações na Europa. E será o principal tema de um encontro com os ministros das Finanças da zona do euro, que irão se reunir nesta segunda-feira (26.jan.2015) após os resultados oficiais. O anúncio foi feito neste domingo (25.jan.2015) pelo ministro francês, Michel Sapin.
— A reunião irá servir para discutir que compromissos podem ser alcançados para dar um período de tempo suficiente a um governo para ter capacidade de diálogo — afirmou.

NÃO À AUSTERIDADE
A vitória do primeiro partido antiausteridade da zona do euro dá novo fôlego a legendas de extrema-esquerda europeias, como o Podemos, na Espanha. Ontem, antes mesmo do fim da votação, o líder Pablo Iglesias mostrava otimismo.
— Começa a esperança, termina o medo. Syriza, Podemos, venceremos. Vamos sorrir essa noite — disse o fundador do Podemos aos cerca de 8 mil militantes do partido reunidos na tarde de ontem perto de Valência.
Nascido como uma coalizão de treze grupos e partidos que inclui maoistas, trotskistas, comunistas, ambientalistas, social-democratas e populistas de esquerda, o Syriza tinha pouca força eleitoral até 2012. Mas o aprofundamento da crise econômica no país o levou à marca de 27% dos votos naquele ano, passando os sociais-democratas — e tornando-se, assim, a segunda força política do país e a principal voz da oposição.
Seguindo um script imposto pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu, o atual governo de Samaras implementou uma série de medidas de austeridade, como aumento de impostos e cortes de gastos, em troca de um pacote de resgate para a economia grega. O resultado não foi o suficiente para recuperar a economia do país. Maltratada por anos de austeridade, a classe média grega também continuava empobrecida. Foi a brecha para Tsipras que, durante a campanha, prometeu o que nenhum outro político grego se atrevia a fazer: renegociar os termos de pagamento da dívida, em tempo e quantidade, e fazer isso com os líderes dos governos europeus, não com os tecnocratas das instituições financeiras.

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