Rei da Arábia Saudita, Abdullah morre aos 90 anos
Meio-irmão de Abdullah, príncipe Salman, será nomeado rei
o rei Abdullah da Arábia Saudita |
Morreu, aos 90 anos, o rei Abdullah da Arábia Saudita, em Riad, como
informou a TV estatal. Ele estava internado há semanas com uma infecção
nos pulmões. Abdullah será sucedido no trono saudita por seu meio-irmão,
o príncipe Salman, de 79 anos, que já havia assumido responsabilidades
administrativas desde que o rei ficara doente – Abdullah estava
hospitalizado desde dezembro do ano passado, com pneumonia.
O monarca era considerado um poderoso aliado dos EUA que alinhou-se a
Washington na luta contra a Al-Qaeda e procurou modernizar a
ultraconservadora monarquia muçulmana. O rei estava internado desde o
dia 31.dez.2014 para realizar alguns exames, segundo a agência de
notícias oficial.
Em março, ele foi visto no acampamento real em Rawdat Khuraim, a cerca
de 100 quilômetros de Riad, respirando com a ajuda de tubos de oxigênio
para receber o presidente dos EUA, Barack Obama. Fotografias oficiais do
rei o mostravam em uma cadeira de rodas.
Rei da Arábia Saudita desde 2006, sua saúde tem sido acompanhada de
perto, já que qualquer mudança na gestão do país poderia impactar na
estabilidade de um dos maiores produtores mundiais de petróleo. A Arábia
Saudita é uma monarquia absolutista sem Parlamento eleito. O rei tem
poderes únicos para criar leis e nomear ministros. Abdullah assumiu
formalmente o poder em 2005, mas na prática governava o país desde 1995,
quando seu irmão, o rei Fahd, sofreu um AVC (acidente vascular
cerebral). A monarquia absoluta chefiada pela sua família governa o
território saudita desde 1932.
Devido a problemas na coluna, o rei Abdullah teria passado por uma
cirurgia em outubro de 2011 e em novembro de 2012. Em 2010, ele também
passou por duas cirurgias em Nova York.
Realizações
Abdullah teve como prioridade usar o peso político de seu país, o maior
exportador de petróleo do mundo, para conter os avanços do Irã, país
persa de maioria muçulmana xiita – a monarquia saudita é sunita, outro
ramo do islamismo.
O rei também pressionou o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, a
adotar medidas mais duras contra os iranianos e a apoiar mais
assertivamente os rebeldes sunitas que lutavam para derrubar o ditador
da Síria, Bashar al-Assad – no que não foi bem-sucedido.
Abdullah também se posicionou fortemente contra as mudanças políticas
nos países em que ocorreu, a partir de 2011, a chamada Primavera Árabe –
como Egito, Tunísia e Líbia. O rei via as revoltas como uma ameaça a
seu próprio reino e à estabilidade da região.
Depois dos levantes de 2011, a monarquia apertou o cerco contra
dissidentes. Forças de segurança esmagaram manifestações de rua
promovidas pela minoria xiita. Dezenas de ativistas foram detidos, e
muitos deles julgados sob a acusação de terrorismo.
Ao mesmo tempo, o rei procurou fazer algumas reformas sem se desgastar
com os clérigos ultraconservadores do país. Ele aceitou pela primeira
vez a presença de mulheres na Shura, conselho não eleito que assessora a
monarquia, e prometeu permitir que mulheres votem e concorram nas
eleições de conselhos municipais previstas para este ano – as primeiras
realizadas pelo país.
Ele também abriu, em 2009, uma universidade em que homens e mulheres
compartilham salas de aula. Nesse mesmo ano, nomeou a primeira
vice-ministra na história do governo saudita.
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