O "soco" do papa sacode católicos e laicos
Francisco disse a jornalistas no avião papal que seu assistente poderia esperar um soco se ele xingar sua mãe |
O surpreendente comentário do papa Francisco de que daria um "soco" em
quem ofendesse a sua mãe, provocou polêmica entre católicos e ateus e
abriu um debate na Itália sobre uma possível justificativa ao ataque à
revista satírica francesa Charlie Hebdo.
"Matar em nome de Deus é uma aberração. Mas também não podemos provocar
nem insultar a fé dos outros. Se um grande amigo fala mal da minha mãe,
ele pode esperar um soco, e isso é normal", declarou Francisco na quinta-feira (15.jan.2015) a jornalistas no avião papal durante a sua
viagem à Ásia (visita de seis dias do papa Francisco, que acaba no
domingo - 18.jan.2015, em Manila, nas Filipinas, onde haverá uma missa
para milhões de pessoas).
As palavras do papa, pronunciadas após condenar pela segunda vez o
atentado na semana passada contra a revista, em que 12 pessoas morreram,
provocaram as mais diversas reações.
"Foi uma saída pouco católica, mas muito simpática", comentou o filósofo italiano Massimo Cacciari.
A ideia do soco, que gerou risos entre os jornalistas presentes, foi
pronunciada como um exemplo concreto e "em tom coloquial" para explicar a
complexidade do problema, esclareceu, por sua vez, o Vaticano.
Contudo, o que os jornalistas entenderam como sua forma particularmente espontânea de falar, gerou debate na Itália.
"O papa expressou a impossibilidade neste século de dar a outra face e
respeitar o desejo evangélico de amar o próprio inimigo", comentou o
ateu Massimo Cacciari, ex-prefeito de Veneza.
"O papa buscou o efeito humano, talvez tenha sido demasiado humano", disse ele em declarações à página Católica Vatican Insider.
"Eu não posso fazer piada com a religião. E este é o limite. Eu coloquei
este exemplo do limite para dizer que na liberdade de expressão há
limites, como no exemplo da minha mãe", declarou o próprio pontífice aos
jornalistas.
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