Entrevista: Eduardo Suplicy
Senador reconhece gravidade da
situação apontada pela ex-mulher e colega de bancada, mas defende
correção de erros dentro do partido e descarta deixar sigla
Para Suplicy, PT precisa 'refletir' sobre declarações de Marta
Os senadores Eduardo e Marta Suplicy, no Congresso Nacional |
Ex-marido da senadora Marta Suplicy (foram casados por 37 anos), o
senador Eduardo Suplicy também está prestes a deixar de ser colega de
bancada da petista. O parlamentar vai deixar o Senado após três mandatos
e 24 anos de atuação representando o Estado de São Paulo no Congresso.
Para ele, o PT precisa "refletir" sobre o que Marta disse em entrevista
publicada. "Ou o PT muda, ou acaba", disse a senadora, ex-ministra dos
governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e ex-prefeita de São
Paulo. Suplicy concorda que algo precisa ser feito, mas prefere um
caminho diferente da ex-mulher, que está de saída do partido. "Muita
gente já me sugeriu deixar o PT. Mas eu continuo acreditando nos
propósitos do estatuto. Eu me sinto responsável por tentar prevenir e
corrigir os erros do partido e dentro do partido do qual fui fundador e
sou senador até agora."
Em entrevista, Marta fez uma série de críticas a Dilma e disse que se
o PT não mudar, acaba. Como o sr avalia as declarações dela?
Acho importante que todos nós do PT façamos uma reflexão de
profundidade a respeito (das declarações de Marta). Fato é que todos nós
temos sofrido e nos preocupado com as inúmeras notícias relativas a
acontecimentos com membros do PT, ou da própria administração, a exemplo
do que ela citou sobre a Petrobrás. E com respeito a todos os
episódios, inclusive o que caracterizaram o julgamento da ação penal
470, o mensalão. A soma desses problemas obviamente requer uma atitude
de nossa parte que é a de procurar prevenir e corrigir os erros. Eu
tenho procurado agir nesse sentido.
O sr falou em reflexão. O que mais o sr recomendaria ao partido?
Todos nós temos que ser muitos rigorosos com o comportamento
de todos os membros do PT, sobretudo com aqueles que estão na
administração pública. Isso tudo têm causado preocupação muito grande,
inclusive, da presidente Dilma (Rousseff), do próprio presidente Lula. E
ela vem tomado as medidas necessárias para, primeiro, a apuração
completa dos fatos, a responsabilização dos que praticaram essas
irregularidades e a devida providência junto ao Ministério Público e à
Justiça.
O que representa uma eventual saída de Marta do PT?
Muita gente já me sugeriu deixar o PT. Mas eu continuo
acreditando nos propósitos do estatuto. Eu me sinto responsável por
tentar prevenir e corrigir os erros do partido e dentro do partido do
qual fui fundador e sou senador até agora.
O sr quer dizer que a Marta está fugindo dos problemas do partido?
Não estou dizendo que ela está fugindo. Ela está alertando.
Ela até disse "ou o PT muda, ou acaba". O que ela poderia fazer é
contribuir para a transformação do partido na direção de tudo aquilo que
nós representamos ao longo da história. Na minha ação pessoal, eu tenho
procurado participar.
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