terça-feira, 13 de janeiro de 2015


Entrevista: Eduardo Suplicy

Senador reconhece gravidade da situação apontada pela ex-mulher e colega de bancada, mas defende correção de erros dentro do partido e descarta deixar sigla
Para Suplicy, PT precisa 'refletir' sobre declarações de Marta

Os senadores Eduardo e Marta Suplicy, no Congresso Nacional

Ex-marido da senadora Marta Suplicy (foram casados por 37 anos), o senador Eduardo Suplicy também está prestes a deixar de ser colega de bancada da petista. O parlamentar vai deixar o Senado após três mandatos e 24 anos de atuação representando o Estado de São Paulo no Congresso. Para ele, o PT precisa "refletir" sobre o que Marta disse em entrevista publicada. "Ou o PT muda, ou acaba", disse a senadora, ex-ministra dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e ex-prefeita de São Paulo. Suplicy concorda que algo precisa ser feito, mas prefere um caminho diferente da ex-mulher, que está de saída do partido. "Muita gente já me sugeriu deixar o PT. Mas eu continuo acreditando nos propósitos do estatuto. Eu me sinto responsável por tentar prevenir e corrigir os erros do partido e dentro do partido do qual fui fundador e sou senador até agora."

Em entrevista, Marta fez uma série de críticas a Dilma e disse que se o PT não mudar, acaba. Como o sr avalia as declarações dela?
Acho importante que todos nós do PT façamos uma reflexão de profundidade a respeito (das declarações de Marta). Fato é que todos nós temos sofrido e nos preocupado com as inúmeras notícias relativas a acontecimentos com membros do PT, ou da própria administração, a exemplo do que ela citou sobre a Petrobrás. E com respeito a todos os episódios, inclusive o que caracterizaram o julgamento da ação penal 470, o mensalão. A soma desses problemas obviamente requer uma atitude de nossa parte que é a de procurar prevenir e corrigir os erros. Eu tenho procurado agir nesse sentido.

O sr falou em reflexão. O que mais o sr recomendaria ao partido?
Todos nós temos que ser muitos rigorosos com o comportamento de todos os membros do PT, sobretudo com aqueles que estão na administração pública. Isso tudo têm causado preocupação muito grande, inclusive, da presidente Dilma (Rousseff), do próprio presidente Lula. E ela vem tomado as medidas necessárias para, primeiro, a apuração completa dos fatos, a responsabilização dos que praticaram essas irregularidades e a devida providência junto ao Ministério Público e à Justiça.

O que representa uma eventual saída de Marta do PT?
Muita gente já me sugeriu deixar o PT. Mas eu continuo acreditando nos propósitos do estatuto. Eu me sinto responsável por tentar prevenir e corrigir os erros do partido e dentro do partido do qual fui fundador e sou senador até agora.

O sr quer dizer que a Marta está fugindo dos problemas do partido?
Não estou dizendo que ela está fugindo. Ela está alertando. Ela até disse "ou o PT muda, ou acaba". O que ela poderia fazer é contribuir para a transformação do partido na direção de tudo aquilo que nós representamos ao longo da história. Na minha ação pessoal, eu tenho procurado participar.

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