"Churchill, não se converta ao islã."
Churchill (ao centro) com seu filho Randolph (esquerda), o irmão John (direita) e o sobrinho John. |
Uma reportagem recente do jornal britânico “Telegraph”, afirma que a
família de Winston Churchill temia que ele se convertesse ao islã.
De acordo com o diário, esse temor está registrado em uma carta de Lady
Gwendoline Bertie descoberta pelo historiador Warren Dockter. O texto é
datado em 1907:
"Por favor não se converta ao islã. Eu percebi na sua personalidade uma tendência a orientalizar-se, tendências do tipo “pachá”, eu realmente percebi. Se você tiver contato com o islã, sua conversão pode ser efetuada com mais facilidade do que você teria imaginado. Lute contra isso."
Pachá é o título de um alto cargo no falecido Império Otomano
(1299-1923). A ideia foi retomada pelo próprio Churchill (1874-1965)
naquele mesmo ano, quando escreveu a Lady Lytton: “Você vai pensar que
sou um pachá. Quem dera eu fosse“.
Carta a Lady Lytton: quem dera eu fosse um pachá. |
A informação adiciona algum tempero ao personagem de Churchill,
celebrado no Reino Unido por seu papel contra o nazismo alemão e o
totalitarismo soviético. De acordo com a reportagem do “Telegraph”,
Churchill e seu amigo Wilfrid Blunt – simpatizante de causas islâmicas –
vestiam-se à moda árabe quando estavam a sós. “Churchill havia lutado
no Sudão e na fronteira noroeste da Índia, então tinha muita experiência
em áreas islâmicas”, diz o historiador, que prepara o livro “Winston
Churchill and the Islamic World: Orientalism, Empire and Diplomacy in
the Middle East” (Winston Churchill e o Mundo Islâmico: Orientalismo,
Império e Diplomacia no Oriente Médio).
Segundo informações do “Telegraph”, Dockter aponta em Churchill uma alta
estima em relação ao islã, que ele considerava estar no mesmo patamar
que o cristianismo. Além disso, ele teria admiração pelo sucesso militar
na expansão do Império Otomano. Assim, ele apoiou a construção da
Mesquita Central de Londres, em gesto para ganhar o apoio da população
muçulmana no Reino Unido.
Escreve o “Telegraph”:
Ironicamente, muitas das linhas de atrito entre o islã e o Ocidente têm origem no mundo que Churchill ajudou a moldar depois do colapso do Império Otomano e do redesenho do Oriente Médio no fim da Primeira Guerra Mundial. A resolução entre os poderes coloniais regionais, mediado por Churchill, com T. E. Lawrence — Lawrence da Arábia — como conselheiro, resultou, nas palavras de Dockter, no “Oriente Médio que conhecemos”
Lady Gwendeline Spencer Churchill |
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