quinta-feira, 1 de janeiro de 2015


"Churchill, não se converta ao islã."

Churchill (ao centro) com seu filho Randolph (esquerda),
o irmão John (direita) e o sobrinho John.

Uma reportagem recente do jornal britânico “Telegraph”, afirma que a família de Winston Churchill temia que ele se convertesse ao islã.
De acordo com o diário, esse temor está registrado em uma carta de Lady Gwendoline Bertie descoberta pelo historiador Warren Dockter. O texto é datado em 1907:
"Por favor não se converta ao islã. Eu percebi na sua personalidade uma tendência a orientalizar-se, tendências do tipo “pachá”, eu realmente percebi. Se você tiver contato com o islã, sua conversão pode ser efetuada com mais facilidade do que você teria imaginado. Lute contra isso."
Pachá é o título de um alto cargo no falecido Império Otomano (1299-1923). A ideia foi retomada pelo próprio Churchill (1874-1965) naquele mesmo ano, quando escreveu a Lady Lytton: “Você vai pensar que sou um pachá. Quem dera eu fosse“.

Carta a Lady Lytton: quem dera eu fosse um pachá.

A informação adiciona algum tempero ao personagem de Churchill, celebrado no Reino Unido por seu papel contra o nazismo alemão e o totalitarismo soviético. De acordo com a reportagem do “Telegraph”, Churchill e seu amigo Wilfrid Blunt – simpatizante de causas islâmicas – vestiam-se à moda árabe quando estavam a sós. “Churchill  havia lutado no Sudão e na fronteira noroeste da Índia, então tinha muita experiência em áreas islâmicas”, diz o historiador, que prepara o livro “Winston Churchill and the Islamic World: Orientalism, Empire and Diplomacy in the Middle East” (Winston Churchill e o Mundo Islâmico: Orientalismo, Império e Diplomacia no Oriente Médio).
Segundo informações do “Telegraph”, Dockter aponta em Churchill uma alta estima em relação ao islã, que ele considerava estar no mesmo patamar que o cristianismo. Além disso, ele teria admiração pelo sucesso militar na expansão do Império Otomano. Assim, ele apoiou a construção da Mesquita Central de Londres, em gesto para ganhar o apoio da população muçulmana no Reino Unido.
Escreve o “Telegraph”:
Ironicamente, muitas das linhas de atrito entre o islã e o Ocidente têm origem no mundo que Churchill ajudou a moldar depois do colapso do Império Otomano e do redesenho do Oriente Médio no fim da Primeira Guerra Mundial. A resolução entre os poderes coloniais regionais, mediado por Churchill, com T. E. Lawrence — Lawrence da Arábia — como conselheiro, resultou, nas palavras de Dockter, no “Oriente Médio que conhecemos”

Lady Gwendeline Spencer Churchill

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