Ministro do STF manda soltar executivo da Match suspeito de chefiar máfia dos cambistas
Ray Whelan |
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou a libertação do inglês Raymond Whelan, preso desde o dia 14
de julho por suspeita de integrar uma máfia de venda ilegal de ingressos
para partidas da Copa. Whelan é executivo da Match Services, licenciada
da Fifa para a venda de ingressos, e está no Complexo Penitenciário de
Gericinó, em Bangu, no Rio.
Na decisão, Marco Aurélio afirmou que, embora respondesse a acusação
grave, Whelan não deveria ser preso antes do julgamento. “A regra é
apurar para, selada a culpa, prender, executando-se, então, o título
judicial condenatório. A inversão não contribui para a segurança
jurídica, o avanço cultural”, argumentou. “O arcabouço normativo
direciona no sentido de não se ter, ante a gravidade da prática
delituosa, a custódia automática”.
'DEVE EXISTIR ATO CONCRETO'
O ministro afirmou que o fato de ser estrangeiro não justificaria a
prisão preventiva, porque Whelan entregou o passaporte às autoridades.
Marco Aurélio acrescentou que não há elementos concretos para se
suspeitar de tentativa de fuga. Mesmo em liberdade, Whelan não poderá
deixar o Rio enquanto responder ao processo.
Ainda na decisão, o ministro lembrou que não há provas de que o
investigado agiu para dificultar as investigações, conforme argumentou o
juiz que mandou prender o britânico. “Descabe cogitar de algo que ainda
não aconteceu e que decorre de capacidade intuitiva (...). Em termos de
embaralhamento da investigação, deve existir ato concreto”, explicou.
A defesa de Whelan disse que os ingressos foram vendidos pela Match com
autorização da Fifa. O advogado Fernando Fernandes explicou que o
ingresso "hospitality" permitia o acesso do torcedor a um setor
especial, com alimentação diferenciada. Por isso, não havia preço fixo
para o bilhete.
Segundo a polícia, integrantes da suposta máfia dos ingressos repassavam
bilhetes a agências de turismo a preços extorsivos. Eram ingressos
VIPs, que deveriam ser entregues como cortesia a patrocinadores, ONGs e à
comissão técnica da seleção. A quadrilha teria faturado mais de R$ 1
milhão por jogo. Whelan foi detido durante a Operação Jules Rimet, da
Polícia Civil do Rio.
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