CPI da Petrobras: Dirigentes da Petrobras tiveram acesso prévio a perguntas
Segundo ‘Veja’, servidores da estatal redigiram respostas às perguntas que seriam feitas e repassaram o material a Graça Foster
Graça Foster durante depoimento na CPI da Petrobras |
Reportagem publicada na revista Veja diz que a presidente da Petrobras,
Maria das Graças Foster, e ex-dirigentes da estatal ouvidos na CPI do
Senado que investiga a empresa tiveram acesso prévio a perguntas - e
respostas - que seriam feitas por parlamentares governistas durante as
sessões. A revista informa que teve acesso a um vídeo de uma reunião em
que o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral
Barrocas, e um advogado da empresa, Bruno Ferreira, teriam tratado do
assunto. Segundo a revista, servidores da estatal redigiram respostas às
perguntas que seriam feitas e repassaram o material a Foster, ao
ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e ao ex-diretor da Área
Internacional Nestor Cerveró.
De acordo com a reportagem, Barrocas aparece no vídeo dizendo que as
perguntas recebidas antecipadamente teriam sido formuladas pelo assessor
especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da
República Paulo Argenta; pelo assessor Marcos Rogério de Souza, da
liderança do governo no Senado; e Carlos Hetzel, assessor da liderança
do PT na Casa.
A reportagem relata que a operação para preparar os depoimentos teria
tido a participação do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que é próximo a
Cerveró e teria entrado em contato com o ex-diretor. A revista cita
também o relator da CPI da Petrobras no Senado, senador José Pimentel
(PT-CE), que teria recorrido ao ex-presidente da Petrobras José Eduardo
Dutra e a Foster para fazer chegar às mãos de Gabrielli as perguntas e
respostas do depoimento dado pelo ex-presidente da estatal em 20 de maio
deste ano.
Ainda segundo a revista, o vídeo foi gravado em 21 de maio, na véspera
do depoimento prestado por Cerveró à comissão. A revista informa que o
vídeo foi gravado com uma caneta espiã por alguém que participava da
reunião ou estava presente na sala.
Em nota, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), que
integra a CPI mista da Petrobras no Congresso, acusou o governo Dilma
Rousseff e o PT de promoverem uma farsa para obstruir os trabalhos da
comissão. Ele anunciou que encaminhará requerimento ao presidente da
comissão mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), solicitando a
investigação da denúncia.
Ele também defende que seja feita uma "apuração rigorosa sobre o
envolvimento de integrantes das comissões de inquérito na farsa":
— De imediato vou pedir que o presidente da CPMI determine o afastamento
dos parlamentares que tiverem envolvimento com o esquema. Não é
possível que alguém escolhido para investigar atue descaradamente para
beneficiar os suspeitos. Isso é inadmissível e não resta outro caminho
que não seja a substituição deles em face da suspeição de conluio.
Bueno quer também que Barrocas e Ferreira sejam ouvidos no Congresso.
— Vamos exigir que a presidência da CPI e da CPMI da Petrobras determine
a abertura imediata de investigação e adote providências para punir os
responsáveis por mais essa farsa armada pelo PT e pelo governo da
presidente Dilma Rousseff. Isso é clara obstrução da investigação, que
em processos judiciais costuma render decretação de prisão preventiva -
diz o líder do PPS, na nota.
Bueno defendeu ainda a anulação dos depoimentos ensaiados.
— Também vamos pedir ao presidente da CPI que anule esses depoimentos e convoque novamente os investigados — diz o deputado.
A reportagem entrou em contato com a Petrobras, que divulgou a seguinte nota:
"A Petrobras está avaliando as informações publicadas para posicionar-se posteriormente."
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