Brasil pode enviar equipes de saúde a área afetada por Ebola
Ebola já matou mais de 800 pessoas em países da África |
O Brasil pode enviar equipes de saúde para regiões afetadas pela
epidemia do Ebola, caso o auxílio seja requisitado, afirmou o secretário
de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. "Se o pedido for
feito, enviaremos, como já fizemos em Moçambique, em 2003", disse. Na
semana passada, a Organização Mundial da Saúde deflagrou uma operação
para tentar impedir o avanço da doença que neste ano já registrou 1,6
mil casos e 887 mortos em países da África Ocidental.
No início do mês, o Brasil enviou kits para Guiné e, na próxima semana,
deverá despachar outros 10 conjuntos para Libéria e Serra Leoa, com
itens usados em catástrofes. Cada kit é suficiente para atender
necessidade de 500 pessoas, por três meses. Em 2003, o Brasil enviou uma
equipe especialista em infecção hospitalar e um especialista em
comunicação para atuar em estratégias de prevenção da doença.
Barbosa acredita que a eficácia das ações de contenção reforçadas pelo
plano lançado há poucos dias pela OMS poderá ser avaliada dentro de três
semanas. "É esse o período necessário. As infecções registradas agora
são fruto de transmissões ocorridas nos últimos dias." Embora a previsão
para a redução de casos seja para meados e fim do mês, Barbosa afirma
ser muito baixo o risco de o País registrar casos da doença.
Até agora, dois casos suspeitos foram notificados, mas rapidamente
descartados. Um deles era um passageiro que desembarcou em Goiânia,
procedente de Moçambique. Era pneumonia. Outro caso suspeito era de uma
pessoa que desembarcou em Guarulhos, vindo da África do Sul. Era
infecção urinária.
O Brasil não dispõe de kits para confirmar a doença. Em caso suspeito, a
amostra poderá ser enviada para o Centro de Controle de Doenças, nos
Estados Unidos. "O resultado de um eventual caso suspeito pode ser
obtido em dois dias. Mas ele é muito mais para confirmação. A doença tem
sinais claros e todo caso suspeito será tratado de forma adequada."
Doença
Transmitido por um vírus, o Ebola é fatal em cerca de 90% dos casos. A
infecção ocorre através do contato com sangue, fluidos corporais da
pessoa infectada ou de animais com a doença - sobretudo macacos,
porcos-espinhos, capivaras. Ao contrário de outras doenças, no entanto, a
transmissão do Ebola ocorre geralmente quando o paciente já apresenta
sintomas da infecção. "Eles não passam despercebidos. Bastam horas para
os sinais evoluírem de dores no corpo para diarreia, vômitos e
hemorragias", conta o secretário.
O período de incubação pode variar entre dois e 21 dias. Barbosa admite
haver a possibilidade de o paciente desembarcar no País ainda nesta
fase. "Mas nesse estágio, a contaminação não ocorre. E quando sintomas
surgirem, a gravidade é tamanha que dificilmente ele deixará de procurar
assistência médica.
O secretário afirmou que a informação nos serviços médicos de referência
já foi reforçada. Ele descartou, no entanto, a possibilidade de se
distribuir panfletos informativos para viajantes que desembarcam no
Brasil. Essa medida já foi adotada em outras ocasiões, como H1N1. "Mas
Ebola tem características muito distintas. Não há risco de a doença ser
transmitida pelo ar. Nem mesmo de o paciente não suspeitar que foi
infectado." Ele atribui o número de casos na África Ocidental sobretudo à
carência de instrumentos de proteção nos serviços de saúde e à
resistência da população de adotar medidas preventivas, como evitar
contato com doente e com corpos de mortos, durante rituais fúnebres.
Duas companhias aéreas anunciaram restrição de voos de áreas afetadas. A
Emirates suspendeu voos da Guiné e a Arik Air, companhia Nigeriana,
rotas para Libéria e Serra Leoa. "A OMS não recomenda tal atitude. E a
história demonstra o quanto essa medida é ineficaz", disse Barbosa.
Durante a epidemia de H1N1, lembra, a Argentina suspendeu voos
procedentes do México. A China, por sua vez, adotou quarentena. "A
evolução da doença nesses países em nada se diferenciou das demais. Não
houve benefícios."
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