Antes de resgate, PT retirou € 128 milhões do Banco Espírito Santo
Sócia do banco, com 2,1% de participação, operadora portuguesa confirmou que não tem qualquer depósito no BES
Antes da intervenção no Banco Espírito Santo (BES), a Portugal Telecom
retirou € 128 milhões (R$ 389 milhões) que estavam depositados na
instituição financeira. Fonte oficial da PT confirmou que a holding “não
tem qualquer depósito no BES a esta data”.
A tele informou, em comunicado, no dia 30 de junho, que possuía os € 128
milhões na instituição por meio da sua holding ( € 106 milhões) e de
duas subsidiárias, a PT International Finance BV e a PT Portugal SGPS (€
22 milhões). A empresa também declarou que o valor representava a
“totalidade de exposição ao BES e ao Grupo Espírito Santo”.
Com o saque, a companhia fica livre da determinação do Banco de Portugal
de transferir para o “BES ruim” os depósitos dos acionistas com mais de
2% do capital.
O banco central português anunciou na noite de domingo, 3 de agosto, a
intervenção no BES, sendo que a maior instituição privada do país foi
dividida em duas: ativos bons ficarão no Novo BES e operações
problemáticas no velho BES, o “banco ruim”.
Participação
A PT ainda possui a participação de 2,1% no banco. A tele portuguesa,
que está em processo de fusão com a Oi, não informou o que será feito em
relação a essa fatia. O Bradesco, que tem participação de 3,9% no BES,
declarou que estima perdas de R$ 356 milhões no seu lucro do terceiro
trimestre do ano.
De acordo com o jornal português Diário Econômico, a participação,
detida por meio do Fundo de Pensões e Cuidados de Saúde em Portugal,
corresponde a uma exposição negativa de 116 milhões. Outro jornal
português, o Público, informou que a participação qualificada no banco
estava avaliada em 89 milhões em 2013.
Levando-se em conta apenas as cotações de 1º de agosto, último pregão do
BES na Bolsa de Lisboa antes da intervenção, a fatia de 2,1% valeria
apenas € 14 milhões, tendo em vista um valor de mercado de € 674
milhões.
Apenas em seu último pregão, as ações do BES fecharam em baixa de 40,3%.
No acumulado do ano, os papéis perderam 87,22%, com a queda se
acentuando no mês de junho, com o agravamento da crise.
Segundo o Diário Econômico, o prejuízo, porém, poderá não ser assumido
nos resultados da operadora, uma vez que o fundo tem um horizonte de
investimento de 30 anos, no qual a perda pode vir a ser recuperada com
ganhos em outros ativos.
No mês passado, a tele portuguesa levou um calote de € 897 milhões de
uma das empresas do Grupo Espírito Santo (GES), a Rioforte, o que
atrapalhou o processo de fusão com a brasileira Oi.
Por causa da dívida, os acionistas brasileiros se movimentaram para
mudar a estrutura da nova empresa a ser criada após a fusão, a CorpCo.
Após a renegociação, o investimento em títulos podres foi transferido
para a holding da PT, que teve a sua participação na “nova Oi” reduzida.
O porcentual dos portugueses caiu de 37,3% para 25,6%. A fatia poderá
ser retomada pela PT em até seis anos.
Sócios brasileiros da Oi ouvidos informaram que ainda não se sabe se a
participação da tele portuguesa no BES trará algum impacto para a fusão
com a empresa brasileira.
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