Vaticano expõe os documentos mais valiosos de seu Arquivo Secreto
Processos de Galileu e da excomunhão de Lutero fazem parte da mostra.
'É a primeira vez na história e, talvez, também a última', diz organizador.
'É a primeira vez na história e, talvez, também a última', diz organizador.
Excomunhão de Martinho Lutero, que deu início ao protestantismo, é um dos processos expostos na mostra. |
O processo de Galileu, a excomunhão de Martinho Lutero, passando pela "confissão" dos Templários: pela primeira vez o Vaticano revela ao público alguns de seus inúmeros segredos, numa exposição excepcional, aberta na quarta-feira - 29 de fevereiro - nos museus do Capitólio, em Roma.
No total, mais de cem documentos originais foram selecionados, por ocasião dos 400 anos de criação desses arquivos secretos, pelo papa Paulo V.
Intitulada "Lux in arcana" ("Luz sobre os segredos" em latim), a exposição permite ao visitante descobrir a pedido de anulação do casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão, e o "dictatus Papae" de Gregório VII, um manuscrito do século XI afirmando a supremacia dos papas sobre todos os outros poderes na terra.
Além do processo de Galileu e a bula de excomunhão de Martinho Lutero, está um pergaminho de 60 metros, remontando a 1308, e contendo a confissão dos templários diante de três cardeais enviados por Clemente V ao castelo de Chinon (centro da França).
"É a primeira vez na história, e talvez, também, a última, que esses documentos deixam o interior do Vaticano", afirmam os organizadores.
Sinal da importância do evento, o número dois do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, abriu a exposição ao lado do "ministro" da Cultura do Vaticano, Gianfranco Ravasi, do prefeito de Roma, Gianni Alemanno, e do ministro italiano da Cultura, Lorenzo Ornaghi.
Ouvido pela imprensa sobre o que o teria mais impressionado nesta exposição, o cardeal Bertone respondeu: "Certamente, a verdade histórica".
Revela também documentos que defendem a atitude do Papa Pio XII, criticado por ter mantido silêncio ante o Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. Entre eles, está um relatório do núncio Francesco Borgongini-Duca que visitou sete campos de concentração na Itália, em 1941, e uma carta de agradecimentos de pessoas detidas nos campos, endereçada ao Papa.
Entre os outros documentos está a nomeação ao trono papal do eremita Pietro Morrone (século XIII), que se tornou Celestino V e foi o único Papa da História a se demitir. Há também um documento do século XV no qual Alexandre VI divide o Novo Mundo entre a Espanha e Portugal, após a "descoberta" da América por Cristóvão Colombo. Ou ainda o decreto do Papa Leão X que selou o cisma com os protestantes, conduzindo às guerras de religiões fratricidas na Europa...
Outros tesouros: as cartas de Michelangelo sobre a construção da Basílica de São Pedro ou um documento confeccionado em seda pela imperatriz da China Helena Wang, convertida ao cristianismo.
Mais curiosa, a missiva do chefe da tribo indígena Ojibwa datando do século XIX a Leão XIII, a quem chama de "grande mestre das preces que cumpre as funções de Jesus".
Outra raridade, uma carta de Maria Antonieta presa depois da Revolução, na qual pode-se ler: "os sentimentos daqueles que partilham minha tristeza (...) são a única consolação que posso receber nestas tristes circunstâncias".
"Lux in arcana" ("Luz sobre os segredos") ficará exposta até 9 de setembro. É possível saber mais informações no site luxinarcana.org.
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