PT recebeu US$ 200 milhões em propina
Pedro Barusco, ex-braço-direito de Renato Duque na Petrobras |
O delator Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da
Petrobras, afirmou em delação premiada que, no período de 2003 a 2013, o
PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina de 90
contratos firmados pela estatal. Pelo menos US$ 50 milhões deste
montante teriam passado pelas mãos do atual tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto. Os contratos incluem obras como a Refinaria Abreu Lima, em
Pernambuco, e a Repar, no Paraná.
Os depoimentos de Barusco, prestados em novembro do ano passado, foram
divulgados na quinta-feira (05.fev.2015) pela Justiça Federal do Paraná.
Foi através de informações fornecidas por Barusco que a Polícia Federal deflagrou, entre outras, a nona fase da Operação Lava-Jato,
que na quinta-feira (05.fev.2015) cumpriu mandatos em São Paulo, Rio,
Bahia e Santa Catarina, além de levar João Vaccari para depor.
Ainda de acordo com Barusco, também era cobrada propina dos contratos que envolviam a Diretoria de Gás e Energia,
que teve como diretores Ildo Sauer e Graça Foster. É a primeira vez que
uma denúncia não está relacionada às diretorias de Abastecimento,
Serviços e Internacional, alvos da Operação Lava-Jato, até então.
De acordo com a delação, quando indagado pelo delegado da Polícia
Federal sobre o quanto João Vaccari Neto recebeu em nome do Partido dos
Trabalhadores pelos 90 contratos, Barusco afirmou que Vaccari recebeu,
“a título de propina”, aproximadamente US$ 50 milhões. Barusco estimou
no depoimento que foi pago o valor aproximado de US$ 150 milhões a US$
200 milhões de dólares ao Partido dos Trabalhadores, “com a participação
de João Vaccari Neto”.
Barusco afirmou ainda nos depoimentos que, no período em que atuou como
gerente Executivo de Engenharia da Petrobras entre 2003 e 2011, os
pagamentos de propinas eram feitos diretamente a Renato Duque
(ex-diretor de Serviços), Vaccari Neto e Paulo Roberto Costa, ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras.
Ele disse que, nos contratos da Diretoria de Abastecimento, a propina
era de 2%. Destes, o ex-diretor Paulo Roberto Costa controlava 1% dos
valores e o outro 1% era para o PT. Na parte que cabia ao partido, João
Vaccari ficava com 0,5% e a “casa”, representada pelo ex-diretor de
Serviços, com o outro restante. Em um dos depoimentos, prestado no dia
24 de novembro, Barusco disse que, esporadicamente, os ex-diretores da
Petrobras Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves participavam da divisão.
Barusco relatou ainda um episódio em que Vaccari teria recebido diretamente do estaleiro Kepell Fels US$ 4,523 milhões.
“No caso da OAS o Vaccari Neto tratava diretamente o valor da propina
para o PT com o Leo Pinheiro, presidente da empreiteira”, contou o
delator.
QUINZENADA DE R$ 50 MIL
Barusco relatou ainda que seu ex-chefe, o então diretor de Serviços Renato Duque, pedia quinzenalmente R$ 50 mil em dinheiro de propina
cobrada em contratos com a Petrobras e que continuou a recebê-las em
conta no exterior, mesmo depois de ter deixado o posto, em 2012. Barusco
disse que Duque não precisava exigir dos empresários o pagamento de
propina, pois ele era endêmico na Petrobras e “fazia parte da relação”.
Em nota, a assessoria de imprensa do PT reiterou que o partido recebe
apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral.
“As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje,
seguem a mesma linha de outras feitas em processos de “delação premiada”
e que têm como principal característica a tentativa de envolver o
partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de
irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão
obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT”,
diz a nota.
O advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes, em nota classificou as
afirmações de Barusco como mentirosas e fantasiosas. “O senhor Pedro
Barusco mentiu, no que tange a Renato Duque, em suas declarações. Pedro
Barusco trouxe Renato Duque para o processo, realizando delação
falaciosa, com a intenção de ser agraciado pela Justiça com um prêmio,
que é o de permanecer em liberdade, apesar de ter confessado inúmeros
crimes. Malgrado todas as suas assertivas, não apresentou ao Ministério
Público Federal nenhuma prova contra Renato Duque, o que demonstra a
fantasia das acusações”, diz a nota.
Leia a íntegra do depoimento de Barusco - Parte 1
Leia a íntegra do depoimento de Barusco - Parte 2
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