segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015


Empreiteira Odebrecht busca barrar 
o envio de documentos suíços

Vista da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco,
obra em que teriam ocorrido desvios

A Odebrecht contratou advogados na Suíça para tentar bloquear a remessa de documentos daquele país que possam incriminar a empreiteira nas investigações da Operação Lava-Jato.
Maior empreiteira do país, a Odebrecht foi citada por dois delatores como integrante do grupo de empresas que pagava propina a executivos da Petrobras para obter contratos: o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-gerente Pedro Barusco.
Costa disse aos procuradores que recebeu US$ 23 milhões (R$ 64 milhões hoje) da empreiteira, em contas que abriu na Suíça. O relato consta dos depoimentos feitos após acordo de delação premiada. O dinheiro que está na Suíça foi incluído no pacote de R$ 80 milhões que Costa se comprometeu a devolver.
A Odebrecht nega que tenha pago suborno e que tente obstruir a vinda de documentos.
Os procuradores aguardam a vinda dessa documentação da Suíça para pedir à Justiça medidas contra a empresa.
Os integrantes da força-tarefa que atuam na Lava-Jato priorizaram a investigação em torno da Odebrecht depois que ganharam força rumores de que a empreiteira estava sendo poupada por pressões políticas. A operação foi desencadeada em março do ano passado, mas até agora não houve buscas nem prisões de diretores da empresa.
Medidas como essa, segundo se apurou, dependem do envio da documentação suíça. A papelada deve mostrar o caminho que o dinheiro percorreu até chegar às contas de Costa naquele país.
Segundo ele, foi um diretor da Odebrecht Plantas Industriais chamado Rogério Araújo quem orientou-o a abrir as contas naquele país. As transferências ocorreram entre 2008 e 2009, ainda de acordo com Costa.
O ex-gerente Pedro Barusco citou a Odebrecht e o diretor Rogério Araújo em sua delação e detalhou em uma planilha em quais obras da Petrobras a empreiteira teria pago suborno. Numa lista dos 89 dos maiores contratos da Petrobras em que houve pagamento de suborno, a Odebrecht aparece em 11 obras, sozinha ou em consórcio.
Só num dos contratos da Odebrechet, na refinaria Abreu e Lima (PE), Barusco cita uma propina de R$ 50 milhões, em valores atualizados. A obra foi feita em consórcio com a UTC e OAS. Barusco também contou ter recebido cerca de US$ 1 milhão da empreiteira no Panamá.
A estratégia de tentar brecar o envio de documentos suíços já foi usada pelo tucano Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas paulista acusado de ter recebido suborno da Alstom. A medida retardou o envio de provas por três anos. Como o Brasil tem um tratado de cooperação com a Suíça, os papéis chegariam em 60 dias se não houvesse contestação.

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