quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015


Rápido e caro
Sartori usa helicóptero em compromisso não oficial

Episódio mostra a contradição entre o discurso e a prática do governador
Vale lembrar o que disse Sartori quando era candidato:
"Vou cortar viagenzinha em demasia. Não se pode mexer naquilo que é importante para a vida das pessoas". 

Ilegal não é, mas chama atenção pela contradição entre o discurso de austeridade e a prática: minutos após pregar união para enfrentar a crise financeira, na abertura da colheita do arroz, sábado (07.fev.2015), em Tapes, o governador José Ivo Sartori embarcou em um helicóptero da Uniair rumo ao Litoral Norte, mesmo sem ter compromissos oficiais na agenda. Conforme o Palácio Piratini, o custo da viagem — incluindo o percurso de cerca de cem quilômetros entre Porto Alegre e Tapes — foi de R$ 13 mil.
De Tapes, Sartori seguiu de helicóptero para Capão da Canoa. Desembarcou no Centro de Formação Aeropolicial e partiu para Xangri-lá, onde participou da feijoada de aniversário do vereador de Porto Alegre Idenir Cecchim (PMDB). Na comitiva, também estavam o presidente da Assembleia, Edson Brum (PMDB), e o secretário da Segurança, Wantuir Jacini, que acompanharam Sartori na feijoada.
O Piratini informou que o governador optou por viajar de helicóptero, e não de carro, para chegar ao compromisso "mais rápido". A assessoria explicou ainda que as aeronaves da Brigada Militar não foram utilizadas como de costume porque uma delas estava em manutenção, e a outra, cedida para a Operação Golfinho. Depois da parada em Xangri-lá, Sartori percorreu cerca de 70 quilômetros, de carro, até Torres, para descansar ao lado da família. O retorno para Porto Alegre, segundo a assessoria, foi de automóvel.
Nos últimos quatro meses de sua gestão, Tarso Genro contratou duas vezes os serviços da Uniair. Em novembro, "visando compromissos de interesse público", o petista viajou para Xangri-lá, ao custo de R$ 9,1 mil, e para Lagoão (R$ 13 mil). O Estado possui contratos com a Uniair, empresa da Unimed-RS que presta serviços aéreos, para transporte executivo e aeromédico.

Sartori e helicóptero utilizado

Dívida pode levar empresa a retirar equipamentos de hospitais
Se o governo estadual gaúcho não pagar R$ 1,2 milhão que deve a empresa Air Liquide, ela recolherá os equipamentos que instalou nos hospitais Partenon, São Pedro e Itapuã. A conta foi pendurada em março do ano passado pelo governo Tarso Genro. O calote não é caso isolado.

Helicóptero de socorro médico
O primeiro dos dois helicópteros modelo Koala adquiridos pelo governo estadual para aprimorar o atendimento aeromédico no Estado — alvo de polêmica devido à incerteza sobre a continuidade do serviço — já se encontra em Porto Alegre. A aeronave chegou no final da tarde de terça-feira (10.fev.2015) e está parada no hangar da Brigada Militar localizado no Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Segundo o major Carlos Franck, do Batalhão Aéreo da BM, o helicóptero veio voando dos Estados Unidos (realizando paradas para reabastecimento), mas não deverá estar em condições de operação no país em menos de um mês. Esse é o prazo médio necessário para regularizar a documentação do aparelho, o que inclui substituir o prefixo estrangeiro com que saiu dos EUA por outro nacional.
— Depois disso, estará em condições de voo — afirma Franck.
As duas aeronaves foram adquiridas pelo governo anterior a um preço de R$ 26,8 milhões, e acabaram envolvidas em polêmica. O novo secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, chegou a afirmar que o serviço aeromédico era "totalmente dispensável", podendo ser substituído pelo transporte terrestre dos pacientes. Em seguida, afirmou ter sido "mal interpretado" e que estava se referindo especificamente à equipe de 15 profissionais contratados por meio da prefeitura de Imbé que vêm prestando esse serviço com verba repassada pelo Estado. Esse modelo de atendimento está sendo revisado pelo Piratini.
Gabbardo afirmou anteriormente que a utilização dos novos helicópteros ainda é "incerta". Tramita no Tribunal de Contas do Estado (TCE) um procedimento para averiguar a legalidade da licitação — cuja compra chegou a ser suspensa e posteriormente liberada pela Justiça.
Houve suspeita de direcionamento da licitação e dúvidas sobre a utilização dos aparelhos — como foram comprados com recurso da saúde, poderiam atuar somente nesta área. Porém, o edital previa seu uso para atividades diversas como combate a incêndio, patrulhamento e outros. O caso ainda será julgado no TCE.
Até o final da tarde de quarta-feira (11.fev.2015), segundo a assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual da Saúde desconhecia a chegada do helicóptero à Capital.

Aeronave de socorro médico recebida na última terça-feira (10.fev.2015)


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