sábado, 7 de fevereiro de 2015


Bendine foi a 3ª opção de Dilma para Petrobras

Josias de Souza
Na Petrobras, Dilma Rousseff não perde a oportunidade de perder oportunidades. Diante da chance de escolher para o comando da estatal um executivo capaz de içá-la do pântano, indicou o atual presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, o Dida. Considerando-se as justificativas mencionadas por Dilma em privado, Bendine tem cara de lógica. Mas é apenas um erro. Mais um.
O equívoco foi a terceira opção de Dilma. Antes de fixar-se em Bendine, a presidente considerou a sério um par de alternativas: Luciano Coutinho, do BNDES, e Murilo Ferreira, da mineradora Vale. Coutinho integra o Conselho de Administração da Petrobras. Conhece o caos por dentro. Quanto a Ferreira, seria digerido mais facilmente pelo dito mercado. Dilma conversou com ambos. Porém, por alguma razão ainda desconhecida, teve de apostar no erro.
Tomada pelo que disse a auxiliares, Dilma encontrou em Bendine:
a) qualificação técnica para desatar o nó da escrituração da Petrobras, que não consegue fechar um balanço crível e auditável;
b) faro bancário para restabelecer a capacidade da estatal de obter financiamento no exterior;
c) lealdade;
d) disposição para sustentar dois dogmas petistas que se revelaram ruinosos: o regime de partilha na exploração do pré-sal e a imposição de 65% de conteúdo nacional nas compras da Petrobras.
Juntas, as encrencas que roem a Petrobras — corrupção, inação, intervencionismo, deterioração da cotação do petróleo, rebaixamento da nota de crédito, falta de crédito, cancelamento de investimentos e um interminável et cétera —, empurram a estatal para uma crise de confiança. A indicação de Bendine é um erro sobretudo porque sua chegada, em vez de exorcizar, potencializa a desconfiança.
Fica-se com a impressão de que Dilma escolheu o melhor escudo, não o executivo mais preparado para o desafio. Ainda que consiga calcular o custo da pilhagem e fechar rapidamente um balanço auditável, Bendine terá pela frente uma onda de desconfiança que o improviso da sua escolha não foi capaz de dissolver.
No momento, o que a Petrobras menos necessita é de um gestor que diga “amém” para Dilma, uma presidente que fez pacto com em o erro. Tida por especialista, Dilma demonstra que, no setor energético, é errando que o governo aprende … a errar.

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