Partido e governo optam pelo silêncio antes de decidir forma de rebater críticas de Marta Suplicy
Deputados veem ‘mágoa’ em senadora
Presidenta Dilma e Marta Suplicy |
A cúpula do PT optou pelo silêncio, mas vai consultar o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva antes de definir como se posicionar
publicamente diante das críticas feitas pela senadora Marta Suplicy
(SP). Para ela, “ou o PT muda ou acaba”.
A ex-ministra e ex-prefeita apontou “desmandos” no governo e no partido
como razões para a provável saída da legenda. O ministro Aloizio
Mercadante (Casa Civil) foi chamado de “inimigo” e o presidente do PT,
Rui Falcão, de “traidor”. Ambos não quiseram comentar as declarações de
Marta, assim como Lula e o Planalto.
No entanto, as críticas causaram mal estar no PT e desconforto no
governo. Pessoas ligadas a Lula disseram que há quatro anos tentam fazer
intrigas entre ele e Dilma, e a senadora estaria repetindo essa
estratégia. Marta assumiu a defesa do “Volta, Lula”, para que o
ex-presidente fosse candidato em 2014.
Vice-presidente do partido, o deputado José Guimarães (CE) disse que o
tema será discutido internamente na legenda. “O silêncio é a melhor
resposta (por ora)”, afirmou.
Alberto Cantalice, outro vice-presidente, deixou claro o mal-estar
causado pelas declarações de Marta. “É uma entrevista muito ruim para o
partido. Essas vaidades, colocando os interesses pessoais acima do
partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito maus olhos”,
considera Cantalice.
“Eu lamento. A Marta teve todas as portas abertas no PT e sempre galgou
os cargos que almejou. Ela não deveria ficar chutando dessa forma. Não
deveria jogar para cima tudo o que o partido lhe proporcionou”, disse o
deputado Vicente Cândido (PT-SP).
Na entrevista, Marta disse ficar “estarrecida com os desmandos” ao ler o
noticiário. “É esse o partido que ajudei a criar?”, questionou. Apesar
desses ataques, o PT por ora descarta algum tipo de punição ou mesmo
expulsão da senadora, para que ela não saia como “vítima”.
Oposição
Para parlamentares da oposição, a entrevista “reflete o cenário atual”
de um “partido em frangalhos”, nas palavras do senador Álvaro Dias
(PSDB-PR). “A casa está caindo literalmente. Nessas horas, aqueles que
não tinham coragem de fazer oposição se tornam corajosos e os que só
tinham o sentimento do adesismo, da cumplicidade e do fisiologismo se
sentem encorajados em abrir dissidência.”
Para o deputado e senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO), as declarações
de Marta poderiam ter influenciado o resultado das eleições
presidenciais. “Se a entrevista tivesse ocorrido antes das eleições,
teria dado uma grande contribuição para o País. Teria força para mudar o
rumo das eleições.”
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