Partido de esquerda Syriza vence eleições na Grécia
Primeiras pesquisas dão vitória com 36,5% dos votos para a legenda
e porta-voz comemora ‘vitória histórica’
Apoiadores do Syriza comemoram vitória história do partido na Grécia |
As primeiras sondagens na Grécia dão uma vitória histórica para
o Syriza, partido radical de esquerda, com 36,5% dos votos. O Nova
Democracia, do atual primeiro-ministro, Antonis Samaras, aparece em
segundo, com 27,7%, na frente do neonazista Aurora Dourada que, mesmo
com a maioria dos seus líderes na cadeia, conseguiu manter a marca de
6,35%. Apesar da vitória clara, ainda não se sabe se o partido alcançará
a maioria absoluta no Congresso para governar sozinho — para isso, o
Syriza precisaria de pelo menos 151 lugares no Parlamento. A primeira
projeção oficial mostra que o partido obterá entre 149 e 151 dos 300
assentos.
Após a divulgação, o porta-voz da legenda, Panos Skourletis, declarou
tratar-se de uma “vitória histórica” e uma “mensagem para a Europa”.
— É uma vitória histórica, ainda temos que ver será uma grande vitória
histórica — disse Skourletis, na TV estatal. — E envia uma mensagem
contra a austeridade e a favor da dignidade e da democracia.
Após votar, pela manhã, Tsipras já havia deixado uma mensagem semelhante ao do porta-voz do partido.
— O nosso futuro comum na Europa não é o da austeridade, é o da democracia, da solidariedade e da cooperação.
As eleições gregas ultrapassaram, desde o primeiro momento, as
fronteiras do país, já que os resultados terão implicações na Europa. E
será o principal tema de um encontro com os ministros das Finanças da
zona do euro, que irão se reunir nesta segunda-feira (26.jan.2015) após
os resultados oficiais. O anúncio foi feito neste domingo (25.jan.2015)
pelo ministro francês, Michel Sapin.
— A reunião irá servir para discutir que compromissos podem ser
alcançados para dar um período de tempo suficiente a um governo para ter
capacidade de diálogo — afirmou.
NÃO À AUSTERIDADE
A vitória do primeiro partido antiausteridade da zona do euro dá novo
fôlego a legendas de extrema-esquerda europeias, como o Podemos, na
Espanha. Ontem, antes mesmo do fim da votação, o líder Pablo Iglesias
mostrava otimismo.
— Começa a esperança, termina o medo. Syriza, Podemos, venceremos. Vamos
sorrir essa noite — disse o fundador do Podemos aos cerca de 8 mil
militantes do partido reunidos na tarde de ontem perto de Valência.
Nascido como uma coalizão de treze grupos e partidos que inclui
maoistas, trotskistas, comunistas, ambientalistas, social-democratas e
populistas de esquerda, o Syriza tinha pouca força eleitoral até 2012.
Mas o aprofundamento da crise econômica no país o levou à marca de 27%
dos votos naquele ano, passando os sociais-democratas — e tornando-se,
assim, a segunda força política do país e a principal voz da oposição.
Seguindo um script imposto pela União Europeia, o Fundo Monetário
Internacional e o Banco Central Europeu, o atual governo de Samaras
implementou uma série de medidas de austeridade, como aumento de
impostos e cortes de gastos, em troca de um pacote de resgate para a
economia grega. O resultado não foi o suficiente para recuperar a
economia do país. Maltratada por anos de austeridade, a classe média
grega também continuava empobrecida. Foi a brecha para Tsipras que,
durante a campanha, prometeu o que nenhum outro político grego se
atrevia a fazer: renegociar os termos de pagamento da dívida, em tempo e
quantidade, e fazer isso com os líderes dos governos europeus, não com
os tecnocratas das instituições financeiras.
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