Investigação de atentados na França
segue três eixos principais
Autoridades querem saber se atiradores
tiveram cúmplices,
como as armas entraram no país e se alguma
organização extremista ordenou os ataques.
Após o desfecho dos atentados na França que chocaram o mundo na semana
passada, as investigações dos serviços antiterroristas franceses se
concentram em três eixos principais.
Eles são: descobrir se os atiradores tinham cúmplices, rastrear a origem
da armas usadas e descobrir se há de fato uma ligação dos suspeitos com
grupos terroristas no Iêmen.
Os irmãos Cherif e Said Kouachi, que mataram 12 pessoas no atentado
contra a revista satírica Charlie Hebdo, e Amedy Coulibaly, que
assassinou uma policial no sul de Paris e quatro reféns em um
supermercado judaico no leste da cidade, foram mortos em dois cercos
policiais na sexta-feira, 09.jan.2015.
As autoridades francesas tentam descobrir se os três atiradores estariam
ligados a um grupo radical que poderia planejar novos atentados no
país.
O governo francês declarou na semana passada que pelo menos cinco planos
de ataque ao país foram interceptados pelos serviços de inteligência
desde agosto passado.
"As investigações vão tentar determinar se os terroristas tiveram
eventuais cúmplices", afirmou o procurador de Paris, François Molins.
As investigações vão apurar ainda como os ataques foram financiados,
além da origem das armas e a "ajuda que eles podem ter obtido na França e
no exterior", disse o procurador de Paris.
"As investigações também vão tentar determinar o âmbito exato desses ataques no contexto de grupos jihadistas", disse Molins.
As nove pessoas ligadas à família dos irmãos Cherif, que haviam sido
detidas na quarta-feira (07.jan.2015) para interrogatório, foram
liberadas.
Já foi confirmado que Coulibaly, de 32 anos, conhecia os irmãos Kouachi, segundo o procurador.
No momento da tomada de reféns no supermercado judaico, Coulibaly ligou
para a rede BFM TV e declarou, em entrevista gravada, que sua ação havia
sido "sincronizada" com a dos irmãos Cherif.
Ele fez a mesma declaração em um vídeo que veio á tona no domingo (11.jan.2015). Na gravação ele também promete lealdade ao grupo autodenominado "Estado Islâmico".
Com longa carreira criminosa, marcada por tráfico de drogas e assaltos à
mão armada, Coulibaly conheceu Cherif Kouachi na prisão em 2005. Cherif
havia sido preso ao tentar embarcar para a Síria com o objetivo de
viajar ao Iraque.
Cherif se tornou conhecido dos serviços antiterroristas da França por
sua ligação com um grupo islâmico radical do 19° distrito de Paris,
conhecido como "Buttes Chaumont", nome do parque onde eles se reuniam. A
organização tentava enviar combatentes franceses ao Iraque.
Cherif e Coulibaly se radicalizaram na prisão ao ter contato com Djamel
Beghal, condenado por um plano de atentado contra a embaixada americana
em Paris.
Outra suspeita
A companheira de Coulibaly, Hayat Boumeddiene, 26 anos, continua sendo
caçada pela polícia francesa. Segundo as últimas informações, ela teria
viajado para a Turquia no dia 2 de janeiro e estaria na Síria
atualmente.
Boumeddiene foi retratada em fotografias obtidas pela imprensa usando o
véu integral - que só deixa os olhos à mostra é proibido na França – e
fazendo pontaria com uma besta.
Ela seria amiga de Izzana Kouachi, a mulher de Cherif, uma das nove pessoas detidas para interrogatório e já liberadas.
De acordo com o procurador, mais de 500 ligações foram realizadas entre
os celulares de Boumeddiene e de Izzana em 2014, o que atestaria a forte
ligação entre os dois casais.
"Todos os procedimentos judiciais serão reunidos em razão de elementos
que permitem estabelecer a coordenação entre os três terroristas", disse
o procurador.
Coulibaly e os irmãos Kouachi usaram diversas armas, entre elas fuzis
Kalachnikov, submetralhadoras ou pistolas automáticas Uzi, pistolas
soviéticas Tokarev e outras armas, incluindo um lança-rojões e uma
granada militar – encontrados com os Kouachi.
As investigações da polícia francesa vão tentar identificar a origem
dessas armas e se elas teriam sido utilizadas em outros atentados,
inclusive no exterior.
Outro eixo importante das investigações é a potencial ligação entre os irmãos Kouachi com a rede al Qaeda no Iêmen.
"Pessoas ligadas aos irmãos Kouachi são terroristas jihadistas e estão
atualmente no Iêmen e na Síria", declarou o procurador de Paris.
Em uma breve conversa gravada com a rede BFM TV na sexta-feira
(09.jan.2015), Cherif Kouachi, que já estava entrincheirado com seu
irmão em uma gráfica, disse ter agido em nome da al Qaeda no Iêmen.
O procurador de Paris confirmou que Cherif esteve no Iêmen em 2011. Seu irmão Said também teria viajado ao país nessa época.
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