Famílias americanas de baixa renda economizam
com petróleo mais barato
Consumidores deverão gastar mais em mercados, com efeitos benéficos para a economia
O combustível para aquecedores consome boa parte da renda das famílias americanas dos estados mais frios |
Enquanto o mercado financeiro especula sobre os impactos da queda do
preço do petróleo, as famílias americanas estão comemorando a redução
nos gastos. Graças ao combustível mais em conta, as famílias do Nordeste e
do Meio-Oeste vão economizar US$ 750 neste inverno, quando usarão óleo e
gás em seus aquecedores domésticos, conforme estimativa da agência
federal de Administração de Informações sobre Energia.
— Pode não fazer diferença para os 10% mais ricos, mas para quem ganha
US$ 30 mil ou US$ 40 mil por ano e vai de carro para o trabalho, é uma
bolada — disse Guy Berger, economista do RBS para os EUA.
GRUPOS DE BAIXA RENDA SÃO MAIS FAVORECIDOS
Nos últimos anos, a maioria das tendências econômicas positivas — como
ganho de eficiência em virtude de novas tecnologias, aumento dos lucros
das empresas, alta nos preços das residências, queda nas taxas de juros
para empréstimos e maior demanda por executivos com formação
especializada — beneficiaram homens de negócios e americanos com poder
aquisitivo.
Mas a queda nos preços de energia está ajudando os grupos de baixa
renda, pois o custo dos combustíveis respondem por parte significativa
de sua renda.
Para muitos residentes do frio, o derretimento nos preços coloca mais do que uns dólares extras no bolso.
Para April Smith, a folga nos preços da gasolina significa alimentação melhor |
Veja o caso da cuidadora April Smith e seu marido Eddie. Juntos, eles
ganham US$ 42 mil por ano. Para o casal, que tem quatro filhos, a queda
nos preços dos combustíveis significa mais compras no mercado.
— Felizmente, os preços de petróleo, gás e comida estão caindo, o que é
incrível — diz April Smith, explicando que quando os preços estavam mais
altos ela tinha de reduzir as compras no mercado para poder pagar o
aquecimento. — Espero que continue assim.
TURBILHÃO ECONÔMICO
Para a economia, de modo geral, o turbilhão causado pela queda nos
preços do petróleo — na sexta-feira (16.jan.2015), o barril de WTI caiu a
US$ 49, abaixo dos US$ 65 do mês passado — deve ser particularmente bem
vindo num momento em que o crescimento global parece estar
enfraquecendo. O que pode ser chamado de “um choque de energia ao
contrário” está favorecendo alguns.
Caminhão entrega óleo combustível para aquecimento |
Estados como o Texas e a Dakota do Norte, que ganharam quando o barril
ficou acima de US$ 90, entre 2011 e 2014, estão agora vendo a situação
mudar. Da mesma forma, indústrias que fornecem tubos e outros materiais
para a exploração de petróleo, incluindo siderúrgicas.
Porém, os economistas dizem que os benefícios dos preços mais baixos de
energia serão sentidos de outras maneiras, mais amplas, na medida em que
o dinheiro excedente é redistribuído em outras compras. Os gastos dos
consumidores contribuem com cerca de 65% do PIB (Produto Interno Bruto,
conjunto de bens e serviços produzidos no país), comparado com 1% dos
investimentos da indústria de óleo e gás, diz Michael Gapen, chefe dos
economistas para EUA do Barclays. Além do mais, os consumidores
normalmente gastam em setores intensivos de mão de obra (como o varejo,
que emprega 30% dos americanos) o dinheiro que economizam com
combustíveis (o setor de óleo e gás emprega menos de 1% dos
trabalhadores do país).
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