Qual é o primeiro mal a enfrentar???
Durante um debate televisivo, nas eleições presidenciais da França em 1981, Giscard d’Estain disse à François Mitterrand:
— “O senhor é um homem do passado”.
Mitterrand rebateu de pronto:
— “E o senhor é um homem do passivo”.
No Brasil, um dos problemas mais graves é que muitos líderes — não
apenas da política — conseguem ser tudo ao mesmo tempo: do passado e do
passivo.
Não é por acaso que a desigualdade é o mal a enfrentar. Em todos os momentos e em todas as áreas.
A Presidência é a instância de maior poder da República e um presidente
pode mover para melhor o mundo das pessoas, se souber mover direito.
O “crescimento” não pode continuar sendo uma espécie de unicórnio — fenômeno que só existe no mundo da imaginação.
Não é proibido sonhar com um governo sem desmazelo com a escola, com a formação, a cultura e a criatividade.
Temos carência de engenheiros, cientistas e pesquisadores. Não geramos tecnologia própria em quase nenhum setor.
A nota média no Ensino Médio é 3,8, muito abaixo da meta nacional de 4,7.
Na verdade, o Brasil tem a escolaridade média dos países mais pobres do planeta.
Parcela significativa de adolescentes de 15 anos não consegue escrever um bilhete nem resolver um cálculo que não seja adição.
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Ensino entre os piores |
Há muito a fazer. A violência cresce. A insegurança impede a cidadania.
Desigualdade e insegurança são temas que exigem saídas responsáveis,
imediatas, de curto e médio prazo. E deveriam ser os marcos de definição
na urna.
Não pretende-se a renovação dos conservadores nem o realismo aos
utopistas, mas acredita-se que as eleições podem nos afastar do
carrossel da crise — se for possível ligar de novo o poder e a política.
Nesse momento, em que tudo gira em torno do voto, cumpre dizer que o
sistema tem sido excepcionalmente bom para as minorias corporativas. Só
as maiorias indefesas dão mais do que tiram.
A realidade parece imutável, logo não surpreende que a confiança nas
instituições — e não apenas do poder político — se encontre ao rés do
chão.
Essa confiança nunca foi extraordinária, mas agora tornou-se ostensiva a
ideia de que nenhum dos poderes age sem uma obscura motivação ou
interesse.
Seria melhor que as instituições cuidassem de refazer as conexões com as pessoas e as pazes com os setores sociais civis.
Talvez precisem estabelecer propósitos grandes. Não merecemos viver em
um país de fins intermediários, interesses particulares e promessas
próximas.
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