segunda-feira, 10 de setembro de 2018



As muitas dúvidas que envolvem Adélio Bispo de Oliveira






A figura do agressor do presidenciável Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira, por levar uma vida contraditória e suspeita, é bastante adequada para alimentar diferentes versões.
Desempregado, declarando-se “servente de pedreiro”, pagou em dinheiro 15 dias de hospedagem em uma pensão de Juiz de Fora Minas Gerais, circulava por vários Estados, esteve fazendo treinamento de tiro em Santa Catarina, apresentava-se bem vestido, a polícia apreendeu em seu quarto (na pensão) um notebook e quatro celulares — realmente é um personagem estranho e singular.

Além disso, quem paga os quatro advogados do agressor de Bolsonaro? O questionamento surge devido ao fato dos defensores terem sido pagos por uma pessoa misteriosa. O defensores declaram que esse “pagador” pertence a mesma igreja de Adélio, mas não revelaram a identidade. A igreja, por sua vez, nega bancar a defesa do esfaqueador. E por fim, os profissionais que defendem Adélio Bispo de Oliveira têm versões diferentes sobre o pagamento de honorários.

O maior mistério é: quem sustentava Adélio Bispo de Oliveira? Diversas possibilidades se abrem. Seus parentes informaram que há oito anos ele tornou-se missionário da Igreja do Evangelho Quadrangular, o que explicaria o motivo de passar a maior parte do tempo deslocando-se entre vários lugares. “Ele sempre ficava viajando entre Uberaba, Uberlândia e Santa Catarina”, disse uma sobrinha de Adélio.
Se estava a serviço da Igreja do Evangelho Quadrangular, a Polícia Federal não terá dificuldades para descobrir. Basta perguntar a seus líderes no Brasil. Trata-se de uma seita pentecostal canadense, criada há 74 anos e que se faz presente em vários países.
Mas será que era a Igreja do Evangelho Quadrangular que financiava Adélio Bispo nessas idas e vindas? Não há lógica nesse roteiro, nenhuma organização religiosa tem missionários que façam percursos fixos, tipo representantes comerciais. Deve haver outra explicação, e logo saberemos.

Como o sigilo dos quatros celulares e do notebook já foi quebrado, vão surgir informações preciosas. Falta quebrar o sigilo bancário, para saber se ele movimentava dinheiro em contas e quem fazia depósitos. Depois disso, a situação vai clarear muito.

Quanto a seu estado mental, os parentes estão dizendo que ele “surtava”, mas o relato parece inverossímil, porque quem surfa fica violento, e, segundo parentes, isso não acontecia com ele. A família parece estar fazendo um esforço para beneficiar a defesa. Dizem, também, que ele ficava horas no quarto falando, mas isso não indica nada, porque Adélio poderia estar usando simplesmente os celulares e, ou, o notebook.
Os advogados de Adélio orientaram os familiares a não dar nenhuma declaração. “Só podemos dizer que não sabemos de nada”, disse uma sobrinha do agressor de Bolsonaro, esclarecendo que segue orientação dos advogados.

Por fim, não deve despertar teorias conspiratórias o fato de estar sendo atendido por quatro advogados e não por um defensor público. Casos de repercussão costumam ser defendidos por advogados que querem ganhar “renome”. Apenas isso.
Entretanto, os advogados que defendem Adélio disseram em Juiz de Fora que foram contratados pela família do agressor de Bolsonaro com honorários custeados por uma igreja evangélica frequentada por parentes de Adélio. No entanto, a família de Adélio revelou em Montes Claros que não tinha feito nenhum contato, pois nem sabia que o missionário estava em Juiz de Fora.

Conforme os familiares do agressor de Bolsonaro, ele deixou a casa da família aos 17 anos e foi trabalhar em Santa Catarina. Chegou a trabalhar como camareiro em um cruzeiro marítimo Internacional e para isso, aprendeu a falar  inglês e espanhol, de acordo com uma sobrinha dele. “Teve  uma época que ele ficou vários dias no navio [atracado] a poucos metros da entrada dos Estados Unidos. Ele contou que teve oportunidade de entrar lá, mas preferiu não fazer isso”, disse a fonte, explicando que o tio não quis aproveitar a “oportunidade” para entrar clandestinamente nos Estados Unidos.

Na manhã de sábado (08.set.2018), Adélio — que é investigado com base na Lei de Segurança Nacional —, foi transferido de Juiz de Fora para um presídio federal no Mato Grosso do Sul, onde cumprirá prisão preventiva. Ainda na madrugada de quinta para sexta-feira (de 06 para 07.set.2018), ele havia sido levado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) após ser pego em flagrante.



Os quatros advogados: Marcelo Manoel da Costa (acima esq.),
Fernando Costa Oliveira Magalhães (abaixo esq.),
Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa (acima dir.),
Zanone Manuel de Oliveira Junior (abaixo dir.) e a Igreja do Evangelho Quadrangular
em Montes Claros, Norte de Minas Gerais (ao centro)


Por que quatro advogados, inclusive de renome nacional, estão defendendo um homem que confessou ter tentado matar Jair Bolsonaro, candidato a Presidência da República que aparece na liderança das pesquisas? Essa é a pergunta que muitos cidadãos se fazem nas redes sociais e nas rodas de conversa.
Os defensores, Zanone Manuel de Oliveira Junior, Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Marcelo Manoel da Costa, afirmaram que foram contratados por uma pessoa da mesma igreja de Adélio, porém não revelaram a identidade.
Um dos advogados ressaltou ainda que a contratação não tem nenhuma relação com partidos políticos.
Os questionamentos continuam sendo feitos, porém a polícia não deve apurar as circunstâncias da contratação, já que isso iria ferir o direito de defesa do acusado.

O pastor Antônio Levi de Carvalho negou que a Igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros, Norte de Minas Gerais, esteja custeando os gastos com os advogados de Adélio Bispo de Oliveira — o homem que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na última quinta-feira (06.set.2018). Segundo familiares, o acusado se tornou missionário há oito anos, o que levantou a suspeita de que o grupo religioso financiasse a defesa. Os quatro representantes legais do homem que agrediu o candidato deram versões divergentes sobre quem paga os honorários.

De acordo com o pastor Antônio Levi de Carvalho, superintendente da Igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros, Adélio nunca foi integrante da Igreja na cidade.
No sábado (08.set.2018), em Juiz de Fora (na Zona da Mata), o advogado Fernando Magalhães disse que a defesa foi contratada “a partir de uma congregação de Montes Claros, que pediu sigilo”.
“A  igreja [do Evangelho Quadrangular] não reconhece o senhor Adélio como membro desta igreja”, afirmou o pastor Levi. “A igreja informa que não pagou absolutamente nada de custas processuais dos advogados do senhor Adélio”, completou.
O pastor demonstrou estranhamento com a informação de que a defesa seria paga por uma ‘congregação’ de Montes Claros: “Conhecemos a realidade da nossa cidade, que é difícil. Quem aqui teria dinheiro para contratar advogados de um calibre desse?”.
Adélio é defendido por quatro advogados. Zanone, inclusive, deixou Belo Horizonte às pressas em avião próprio rumo a Juiz de Fora. Ao lado dele, estava Fernando Magalhães. Marcelo Manoel da Costa disse que trabalha no caso especialmente por conta da visibilidade, já que os valores pagos são ‘irrisórios’.
O pastor Antônio Levi de Carvalho disse que no Evangelho Quadrangular de Montes Claros não existe nenhum registro de que Adélio já tenha integrado a congregação. Segundo ele, há uma lista de fiéis registrados. Ele admitiu, porém, que Adélio pode ter frequentado alguma outra sede da igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros. “A nossa igreja recebe visitas de muita gente. Não dá para saber quem são todas as pessoas que visitam a igreja. Estou há 13 anos em Montes Claros e nunca tive notícia dele [Adélio] em alguma igreja nossa”.
O pastor afirmou ainda que desconhece a informação de que Adélio tenha se tornado missionário da igreja, conforme disseram familiares do agressor. Levi explicou que é preciso apresentar ficha de bons antecedentes para representar a Evangelho Quadrangular.
“Para entrar para a igreja, primeiro a pessoa tem que fazer uma confissão de fé, aceitando Jesus para ser salva. Depois, acontece o batismo”, relatou. Segundo ele, também é preciso que o aspirante a missionário passe por um processo seletivo, não possua ficha criminal e tenha “nome limpo no SPC e no Serasa”.
Também por meio de nota, representantes das Testemunhas de Jeová de Montes Claros, informaram que Adélio Bispo e sua família não são Testemunhas de Jeová e que “não são responsáveis e não possuem qualquer relação com a contratação de advogados para a defesa” dele.

O QUE DIZ CADA ADVOGADO — Os quatro representantes legais do homem que agrediu o candidato Jair Bolsonaro deram versões divergentes sobre quem paga os honorários.
Fernando Magalhães: “Uma pessoa que se diz representando uma congregação [os procurou]. Não nos cabe percorrer o caminho de provar ser verdadeiro ou não o que declarou. Sabemos que o ataque não teve cunho religioso e sim político, por convicção do cliente e sem interferência de terceiros”.
Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa: “Adélio se disse testemunha de Jeová. Não tem cunho da igreja [o pagamento]. Foi uma pessoa ligada à religião dele que nos contratou”.
Marcelo Manoel da Costa: “O primeiro contato se deu por meio de um parente de Adélio, que fora aluno de Zanone e telefonou para ele. A questão do pagamento será combinada depois”.
Zanone Manuel de Oliveira Júnior: “A pessoa falou que tem conhecimento com a família e com o pessoal da igreja e que tinha gente lá conversando se iam ou não fazer uma vaquinha para financiar”.




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