segunda-feira, 10 de setembro de 2018



Mais forte que o ódio



A política é a luta pelo poder. Violência, portanto, faz parte do jogo. No passado, disputava-se o poder guerreando o adversário, e matando-o. Hoje, o jogo político reduziu a violência. Infelizmente, ainda não pôde eliminá-la.
A violência política no Brasil tinha um limite. A última vítima de atentado, entre os candidatos aos principais cargos políticos, tinha sido João Pessoa, vice na chapa de Getúlio Vargas, em 1930 — há 88 anos!
Mas, faz algum tempo, a violência política começou a crescer, no clima do “nós contra eles”. O governador de São Paulo, Mário Covas, bem que tentou conversar com professores em greve, mas foi agredido. José Dirceu disse então uma frase famosa: “Têm de apanhar nas urnas e na rua”. E tudo desandou: um professor carioca propondo o fuzilamento de toda “a direita”, o post de uma jornalista — que pessoalmente é tranquila — exigindo que um Governo petista se inicie construindo um “paredón”; e Bolsonaro do outro lado sugerindo “metralhar os petralhas” — dizem que brincando, mas hoje não dá para brincar assim. Nenhum dos lados deve brincar com as palavras.
Esse clima, que levou ao atentado, deve influenciar as eleições. E não deveria: levar uma facada não melhora nem piora um candidato. É preciso votar com a cabeça, não com o coração; só isso nos libertará da cultura do ódio. Votar naquele que se considerar o melhor nome. Não se pode deixar que as eleições sejam influenciadas por um idiota com uma faca na mão.

O apoio popular à Operação Lava Jato vem diminuindo — lentamente, mas diminui. A informação é de uma pesquisa do instituto multinacional Ipsos, realizada entre 1º e 11 de agosto de 2018. Embora o apoio às investigações se mantenha altíssimo 86%, cai desde junho de 2017, quando era de 96%. E a desconfiança aumenta: antes, 74% acreditavam que a Lava Jato investigava todos os partidos. Hoje, o número caiu para 46%.
Uma informação relacionada a esta, obtida na mesma pesquisa: 30% dos eleitores votariam num candidato envolvido em escândalos de corrupção, “desde que fosse um bom presidente”. Boa parte desses eleitores apoia com entusiasmo a Lava Jato e acha que o combate à corrupção tem de ir até onde for possível, mas não se opõe ao “rouba mas faz”.




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