quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Possível racha na base aliada do presidente Michel Temer



A decisão do Senado de permitir que Dilma Rousseff possa exercer cargo público mesmo após ter sido cassada gerou um novo racha na base aliada do presidente Michel Temer. Parlamentares do PSDB e DEM acusam o PMDB de ter feito um acordo para "livrar" Dilma e amenizar a sua pena por crime de responsabilidade. O atual líder tucano na Casa, Cássio Cunha Lima (PB) chegou a dizer que está "fora do governo". O discurso, porém, foi suavizado pelo presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), que considerou que "a questão essencial foi resolvida". Mesmo assim, Aécio diz que a decisão de hoje causa "enormes preocupações".

Na terça-feira (30.ago.2016), Temer chegou a ser consultado por aliados sobre a possibilidade de separar a condenação de Dilma e, "como jurista", deu aval, segundo um senador do partido que o consultou. Nesta quarta-feira (31.ago.2016), o PSDB votou em peso contra a possibilidade da presidente deposta manter a possibilidade de assumir um cargo público. Por outro lado, peemedebistas expressivos, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), votaram a favor da petista. Lideranças da antiga oposição consideram que Renan teria sido um dos principais responsáveis por intermediar as negociações.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, de aceitar a votação em separado do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e da sua inabilitação para função pública abre um precedente para o julgamento da cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O advogado de defesa da presidente cassada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, avaliou que a presidente não se enquadra na Lei da Ficha Limpa porque não cometeu crime de improbidade. Segundo ele, crime de responsabilidade não consta dessa lei. "Ficar proibido de exercer funções por questão orçamentária é um absurdo", avaliou.

O líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), negou rumores de que poderia deixar o cargo após a decisão do plenário do Senado que manteve a presidente cassada Dilma Rousseff habilitada a concorrer a cargos públicos. O PSDB votou fechado contra essa proposta, mas foi derrotado por uma articulação que envolveu principalmente o PT e o PMDB.

A atuação de Renan Calheiros e de parte do PMDB na manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff foi a gota d’água para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado.
Poucas horas após o impeachment ele já anunciou que não fará parte da base do governo e terá uma atuação independente.
Nos últimos dias o senador já vinha reclamando da falta de pulso do governo para realizar o ajuste fiscal que considera necessário e condenava a complacência do governo com aumentos aos servidores públicos em meio à grave crise de emprego e renda.

O PSDB continua a mandar recados de como o governo deve atuar. Para o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), uma das medidas mais importantes que Michel Temer poderia tomar no início de sua presidência efetiva seria trabalhar contra o aumento dos ministros do STF.
Segundo o senador, isso seria não só simbólico, como também uma demonstração concreta de novos rumos de governo. A causa também traria peso a favor para sua legitimação no cargo.




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