segunda-feira, 29 de outubro de 2018



Mudança






Bolsonaro representa a vitória contra o velho jeito de fazer política. Ele provou que dinheiro e tempo de TV não são mais indispensáveis para ganhar uma eleição.
A vitória de Jair Bolsonaro (PSL) ainda levará ao divã comentaristas e cientistas políticos, inconformados com a própria constatação de que foi a vitória contra a velha política, do tostão contra o milhão, a vitória da “guerra de guerrilha” das mídias digitais contra a mídia tradicional. Retirado das ruas pela facada de um ativista de esquerda, Bolsonaro foi eleito presidente sem sair de casa para pedir votos País afora.
O PT embolsou mais de R$ 212 milhões do Fundo Eleitoral, enquanto a Justiça Eleitoral disponibilizou apenas R$ 9 milhões para o PSL.
Bolsonaro deu show nas redes sociais, com seus 15,3 milhões de seguidores, tornando inútil o ambicionado tempo de rádio e TV.
A campanha de Bolsonaro custou menos que a campanha de vereador de cidade média, R$ 1,7 milhão, para conquistar 58 milhões de votos.
Apoiado pela versão atual da chamada “vanguarda do atraso”, Haddad (PT) tem um número de seguidores cinco vezes menor que Bolsonaro.




O presidente eleito Jair Bolsonaro articula uma confortável maioria no Congresso Nacional, a fim de garantir a aprovação dos compromissos assumidos durante a campanha, que incluem reformas ambiciosas. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, as negociações estão adiantadas. A expectativa é que, além dos 52 deputados eleitos do PSL, a bancada do governo conte com mais de 300 parlamentares.
Deputado experiente, já no sétimo mandato, Bolsonaro articula uma nova forma de acordo, através das bancadas “transversais”.
Pelo novo conceito, o futuro governo vai manter relações especiais com frentes parlamentares como Agropecuária, Evangélica e de Segurança.
O presidente eleito só não abre mão de quebrar o paradigma do “toma lá, dá cá” na negociação dos cargos do seu governo.






O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, telefonou ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, para cumprimentar pela vitória nas eleições de domingo (28.out.2018), quando conquistou 57 milhões de votos, que correspondem a 55,7% dos eleitores.
O telefonema foi informado pelo próprio Bolsonaro em postagem na sua conta no Twitter. “Recebemos há pouco ligação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos parabenizando por esta eleição histórica!” escreveu. “Manifestamos o desejo de nos aproximar ainda mais estas duas grandes nações e avançarmos no caminho da liberdade e da prosperidade”.
Também cumprimentaram Bolsonaro os presidentes do Chile e do México e o presidente do governo da Espanha, entre outros.






Aos 33 anos, Eduardo Leite vence no Rio Grande do Sul e será o mais jovem governador do país
Eduardo Leite derrota o atual governador do estado, José Ivo Sartori (MDB)



O governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite,
 junto com seu vice, delegado Ranolfo Vieira Júnior


Aos 33 anos, o candidato tucano Eduardo Leite foi eleito no domingo (28.out.2018) o novo governador do Rio Grande do Sul. Ele apresentou 53,62% dos votos válidos ante 46,38% de José Ivo Sartori (MDB), que tentava a reeleição.
Sobre o fato de ser um dos mais jovens governadores da história do estado, ele disse, após a vitória: "Nunca usei a idade para me dizer melhor do que ninguém. Não acho que seja uma vantagem ser mais jovem, mas sempre refutei que quisessem dizer que isso seria uma desvantagem".
Aliado do governador até menos de um ano atrás, Leite cresceu na esteira da rejeição a Sartori e aos partidos de esquerda.
Começou a campanha com 8% das intenções de voto e foi o líder na primeira votação, com 36%. No segundo turno, teve embates ríspidos com o atual governador, a quem acusou de inércia diante da grave crise financeira estadual. O governo gaúcho, por exemplo, vem atrasando salários do funcionalismo desde 2015.






Leite será um dos mais jovens governantes da história do Rio Grande do Sul. Apenas políticos do século 19 já haviam assumido o estado com menos idade, como Júlio de Castilhos, aos 31 anos, em 1891. Naquela época, a mais alta autoridade estadual era ainda chamada de "presidente do estado".
O tucano é também o governador mais jovem eleito neste ano — o segundo é Ratinho Júnior (PSD), que tem 37 anos e venceu no Paraná no primeiro turno. Pela Constituição de 1988, a idade mínima para governador é de 30 anos e, para presidente, 35 anos.
O tucano se lançou candidato impulsionado pela sua popularidade em Pelotas, terceira maior cidade do estado, onde foi prefeito de 2013 a 2016, vereador, secretário do município e presidente da Câmara Municipal. Também foi presidente do PSDB estadual.
Bacharel em direito, começou na política ainda como estudante. Não teve na eleição um padrinho político específico nem tem familiares de grande destaque na área.
Assim como ocorreu com seu antecessor, seu principal desafio será financeiro. O Rio Grande do Sul tem dívida equivalente a duas vezes sua receita anual, em situação que só não é pior do que a do Rio de Janeiro.
Uma de suas maiores promessas de campanha é colocar em dia, no prazo de até um ano, o pagamento do funcionalismo estadual, iniciativa difícil de ser cumprida diante do bilionário déficit previsto nas contas estaduais para 2019.
Ele defende a adesão a um programa de renegociação da dívida com o governo federal, também citado por Sartori, e falou na eleição em não privatizar o Banrisul, banco estadual gaúcho.
Também precisará conquistar mais apoio para aprovar seus projetos na Assembleia. O PSDB e seus aliados elegeram apenas 20 dos 55 deputados estaduais, e partidos derrotados no primeiro turno, como o PT, prometem forte oposição. Seus principais apoiadores são o PP, da senadora Ana Amélia Lemos, e o PTB, que terá o vice-governador.
A derrota de Sartori mantém o Rio Grande do Sul com a escrita de ser o único estado do país que não reelegeu um governador desde a redemocratização. Em eleições anteriores, candidatos à reeleição chegaram até a ficar de fora do segundo turno. Nenhum ex-governador ocupará cargos públicos no próximo ano.
A longa crise financeira do estado, que desde a década de 1970 fechou seu balanço anual positivamente em apenas sete anos, costuma contribuir para essa circunstância. A última vez que um candidato governista venceu uma eleição direta no estado foi em 1947.
Também torna o PSDB uma das forças do estado, onde tinha pouca tradição. Enquanto sofreu derrotas expressivas em várias partes do país neste ano, no Rio Grande do Sul o PSDB terá o governador e o comando de 3 dos 5 maiores municípios, incluindo a capital.




domingo, 28 de outubro de 2018



Nas dependências da Polícia Federal



Lula chega a Curitiba, apos ser preso em 07.04.2018


Instalado em uma cela de 15 metros quadrados com banheiro na sede paranaense da Polícia Federal e sem permissão judicial para ter contato com os demais presos, Lula passou a conviver intensamente com os policiais. O contato é maior ainda nos fins de semana, quando as visitas, até mesmo de advogados, são proibidas. Hoje ele tem direito de receber um líder religioso às segundas, além de familiares e dois amigos às quintas.
A primeira conversa do petista com seus carcereiros acontece por volta das 7 horas, quando o café da manhã, geralmente um pão, suco e café, é levado para o preso. Àquela hora, Lula já está de pé. Regularmente de bom humor, com seu calção do Corinthians ou moletom nos dias mais frios, lança logo a primeira piada. As brincadeiras são dirigidas a quase todos que aparecem para vê-lo. Nem os juízes da vara de execução penal de Curitiba foram poupados. Na semana passada, quando vistoriaram a cela de Lula, ele disparou rindo: "Olha o livro que estou lendo, para aprender a me controlar aqui", e apontou para A virtude da raiva, escrito por Arun Gandhi, neto do líder pacifista Mahatma Gandhi.
Vez ou outra, policiais chegam a fazer companhia ao ex-presidente por alguns minutos, enquanto ele assiste a programas dominicais dentro da própria cela. A Justiça permitiu que o petista tivesse uma tevê no local. No controle-remoto de Lula, apenas canais abertos e filmes levados em pen-drives.
É ao redor da mesa quadrada de quatro lugares que assistem ao Domingão do Faustão, ou a jogos de futebol. Um dos quadros que mais entusiasmaram o petista nesses meses de prisão foi o "Show dos famosos", em que globais dublam cantores. A apresentação mais elogiada pelo ex-presidente foi a do ator Silvério Pereira como a francesa Édith Piaf.
Preso há seis meses, Lula chamou a atenção dos funcionários da PF não só pelo bom humor, descrito por eles como “inabalável”, mas também pelas horas que passa entretido com os mais de 40 livros que ganhou. “Quando Lula chegou aqui, a fama era de que não tinha nada de intelectual. Mas desde que foi preso, passa a maior parte do tempo lendo e escrevendo.” Policiais contam que, após a leitura, o petista costuma relatar a eles um resumo das obras. Quase sempre, faz um paralelo com o que o Brasil vive hoje. As referências são eruditas.
O ex-presidente já falou sobre obras do russo Leon Tolstói, citou Dostoiévski e dissertou sobre Amor nos tempos do cólera, do colombiano Gabriel García Márquez. Os textos do linguista americano Noam Chomsky, um dos principais intelectuais de esquerda da atualidade, entrou na roda de conversas no último mês, após a visita do professor ao petista. Houve tietagem. Policiais que leram seus textos nos tempos de universitários pediram selfies para o americano.
Lula sempre evitou falar de política com os agentes, mas nas últimas semanas, quando ficou praticamente impossível não tratar da eleição, tem quebrado a própria regra. Quando o assunto surge, o ex-presidente não se furta em dizer que cumpriu sua missão e deixou seu legado para o país. Preparado para o pior, tem dito que o PT “tem que cair de pé” e destacar o que fez pelo Brasil.
Com Lula, nunca falta papo. Algumas vezes, as conversas só acabam por causa da disciplina espartana da PF. Com a chegada da noite, é hora do preso ficar só.
Os carcereiros de Lula vão votar no PT de olhos fechados. Um pequeno grupo da corporação que simpatiza com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — aqueles que o conheceram desde abril, quando Lula foi parar atrás das grades do prédio da PF, em Curitiba.




sábado, 27 de outubro de 2018



Coligação de Sartori pede para Justiça suspender divulgação da última pesquisa Ibope no Rio Grande do Sul
Aliança do emedebista candidato à reeleição ao governo gaúcho pede esclarecimento sobre métodos utilizados pelo instituto em levantamentos anteriores



Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB)


A coligação do candidato à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul nas eleições 2018, José Ivo Sartori (MDB), pediu na sexta-feira, 26.out.2018, que a Justiça Eleitoral do Estado suspenda a divulgação da pesquisa Ibope para o governo gaúcho prevista para a noite de sábado, 27.out.2018.
A coligação e o MDB gaúcho está "colocando em dúvida o resultado da pesquisa eleitoral", considera que há "manipulações das pesquisas eleitorais" em relação aos números que são divulgados pelo IBOPE.
A confiança do partido e da coordenação da campanha de Sartori tem a ver com a confiança que depositam nos trackings diários que fazem, como também no que chamam de "percepção das ruas".
O resultado do tracking de 25.out.2018, feito pelo MDB para consumo interno, mostra Sartori com 44,7% e Eduardo Leite com 37,6%. Os demais dados da estimulada: não vai votar, 2,1%; não sabe, 4,5%; brancos e nulos, 11%.

O levantamento divulgado pelo IBOPE no dia 23.out.2018 indicou Eduardo Leite com 60% das intenções de voto, ante 40% de Sartori. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o protocolo RS-07227/2018 e no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-06645/2018. A pesquisa IBOPE do dia 17.out.2018, mostrou Eduardo Leite com 59% dos votos válidos e Sartori com 41%, foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o protocolo RS-01741/2018 e no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-08755/2018.

Para fundamentar seu pedido de liminar, a coligação de Sartori alega, principalmente, que 35 das cidades sorteadas para as duas sondagens realizadas pelo Ibope no segundo turno, divulgadas em 17 e 23 de outubro, coincidiram — o que, segundo a aliança do emedebista, teria distorcido o resultado. No primeiro levantamento, 63 cidades foram pesquisadas, no seguinte, foram 70, segundo o MDB.
O partido pediu na Justiça o acesso às informações colhidas pelo Ibope. O MDB afirma que os dados foram entregues "parcialmente" e que as fontes pesquisadas e a legislação "não foram cumpridas" pelo instituto.

Até às 13 horas de 27.out.2018 o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) ainda não tinha decisão sobre o mandado de segurança impetrado na noite de 26.out.2018 pelo coligação do candidato à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB), pedindo a suspensão da publicação da pesquisa IBOPE para a noite de sábado, 27.out.2018.

As restrições do MDB gaúcho são a todo um pacote de pesquisas muito parecidas e que incluem Ibope, Methodus e Real Bit Data.

Procurado pela reportagem, o Ibope Inteligência afirmou que não havia sido notificado oficialmente sobre o caso.



Atualização:

O Ibope divulgou na noite de sábado (27.out.2018) o resultado da terceira pesquisa do instituto sobre o 2º turno da eleição para governador no Rio Grande do Sul. O levantamento foi realizado entre 25 e 27 de outubro e tem margem de erro de 2 pontos, para mais ou para menos.

Nos votos válidos, os resultados foram os seguintes:
—> Eduardo Leite (PSDB): 57%
—> José Ivo Sartori (MDB): 43%

Votos totais — Nos votos totais, os resultados foram os seguintes:
—> Eduardo Leite: 51%
—> José Ivo Sartori: 39%
Branco/Nulo: 6%
Não sabe: 4%

Rejeição — A pesquisa também apontou o potencial de voto e rejeição para governador. O Ibope perguntou: "Para cada um dos candidatos a governador do Rio Grande do Sul que eu citar, gostaria que o senhor ou a senhora me dissesse qual desses frases melhor descreve a sua opinião sobre ele".

—> Eduardo Leite
Com certeza votaria nele para governador – 38%
Poderia votar nele para governador – 23%
Não votaria nele de jeito nenhum – 15%
Não o conhece o suficiente para opinar - 22%
Não sabem ou preferem não opinar – 2%

—> José Ivo Sartori
Com certeza votaria nele para governador – 31%
Poderia votar nele para governador – 19%
Não votaria nele de jeito nenhum – 36%
Não o conhece o suficiente para opinar - 12%
Não sabem ou preferem não opinar – 2%






O triângulo da propina que envolve Haddad
O candidato do PT poderia ter renegociado a dívida de São Paulo
com Dilma Rousseff, mas, segundo o Ministério Público, preferiu participar de uma negociata envolvendo Eduardo Cunha e o empreiteiro Leo Pinheiro da OAS




O ano era 2013. O município de São Paulo, na época comandado pelo hoje candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, tinha uma dívida junto ao governo federal de R$ 53,2 bilhões — 13% de sua receita líquida ia para pagar dívidas com a União, que, na época, era também comandada pelo PT, da então presidente Dilma Rousseff. A solução óbvia era renegociar a dívida com seu principal credor, o governo federal. Entretanto, o caminho utilizado por Fernando Haddad foi uma parceria com o então deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje detido em Curitiba, e o empreiteiro Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, também preso. É o que indicam investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). Para o MPF, a triangulação revelaria a confluência de interesses entre o então prefeito petista, o então deputado corrupto e o empreiteiro corruptor, sempre girando em torno do pagamento de propinas.

Àquela altura, Haddad estava pressionado com os diversos protestos populares fruto dos aumentos nas passagens de ônibus. Precisando de uma solução que lhe garantisse mais recursos, o petista atuou ao lado de Cunha para a aprovação da matéria que tratava da rolagem da dívida da prefeitura de São Paulo. Ao mesmo tempo, de acordo com a investigação, integrantes do seu governo tiveram encontros com membros da OAS durante a tramitação do Projeto de Lei Complementar 238/2013. Emails em poder da PF, demonstram constante troca de mensagens entre Cunha, Leo Pinheiro e Haddad sobre o andamento do projeto. O Ministério Público Federal acredita que Cunha recebeu propina da OAS para favorecer Haddad.

As informações que ligam Haddad, Pinheiro e Cunha constam do inquérito da Operação Manus, que investigou superfaturamento na construção do estádio Arena das Dunas, em Natal (RN), caso que levou à prisão o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Além do caso específico do estádio potiguar, o inquérito concentrou outros indícios da relação de Cunha com a OAS. As peças juntadas no inquérito ligam os interesses dos três envolvidos na triangulação. Em 2012, durante a campanha eleitoral, Haddad recebeu doações da ordem de R$ 850 mil da empresa de Léo Pinheiro. À época, a OAS mantinha seis contratos com a prefeitura paulistana, e as dificuldades de recursos da administração municipal, na avaliação do MP, certamente refletiriam na possibilidade de tais contratos serem honrados. Somados, os contratos tinham valor global de R$ 1,4 bilhão. No relatório da Operação Manus, o MPF é explícito: Cunha “atuou em favor dos interesses da OAS relacionados à rolagem da dívida pública do Município de São Paulo, na gestão do prefeito Haddad”. Pela denúncia, Cunha trocou mensagens entre junho e outubro de 2013 com “Léo Pinheiro” justamente falando sobre essa matéria.

O governo federal apresentou o Projeto de Lei Complementar 238/2013, que teve como relator o então líder do MDB na Câmara, Eduardo Cunha, no início de 2013. A matéria tratava basicamente da rolagem da dívida da prefeitura de São Paulo e de outras aproximadamente 200 cidades brasileiras. O PLC também mudava os critérios de indexação dos contratos de refinanciamento das dívidas de estados e municípios com a União. Um detalhe que chamou a atenção nas investigações do MPF sobre o tema é que, nas trocas de mensagens deste período, existem indícios de que o ex-secretário municipal de Negócios Jurídicos Luis Fernando Massonetto alertou que um dos entraves para a não aprovação da matéria seria justamente Cunha. “Donato falou que o Sec. De Assuntos Jurídicos tinha ligado no Jurídico da Casa Civil [o Manssoneto foi o Jurídico de Haddad no Ministério da Educação]. Disseram que o Problema era EC [Eduardo Cunha]”, descreve uma das mensagens no celular de Leo Pinheiro. Segundo consta em pesquisa da agenda da Secretaria de Justiça da Prefeitura de São Paulo, Massonetto teve uma reunião com membros da OAS, em 28 de maio de 2013. Justamente antes dessa mensagem disparada por Leo Pinheiro.




Outro trecho da investigação indica que Cunha, além de Leo Pinheiro, também trocava informações com Haddad sobre o projeto. “O próprio Eduardo Cunha conversou com Fernando Haddad antes das alterações”, diz o inquérito. Ou seja, para a PF, Haddad tinha exata noção do que estava sendo discutido na Câmara. Em outra operação, a Catilinárias, os investigadores apreenderam um computador em posse de Cunha no qual havia um e-mail encaminhado para o endereço: claudia.510mederiso@gmail.com com a seguinte mensagem: “depois de conversar com Hadda[d] fiz essas alterações, passe a ele, abs”. No arquivo anexo ao e-mail, havia a minuta do substitutivo apresentado por Eduardo Cunha à Câmara, que depois veio a ser aprovado. Segundo relatório da PF, um detalhe que corrobora a tese é uma outra troca de mensagens entre Leo Pinheiro e Cunha no qual o executivo da OAS questiona: “Ainda hoje te mando o texto que combinamos. A minuta do Fernando vc me manda”. Cunha, então pergunta. “Qual Fernando”. A resposta é precisa: “Haddad”.

O interesse extremo e a participação de Haddad no processo levanta dúvidas da PF e MPF. O problema, no caso, parece ser o caminho que cruza Haddad, Léo Pinheiro e Eduardo Cunha. Ainda mais diante da informação do MPF de que Cunha, ao lado de Henrique Eduardo Alves, teriam recebido pelo menos R$ 4,6 milhões por meio de doações eleitorais como propina pela sua atuação no Congresso, na qual se inclui a aprovação do PLC 238/2013. E de que a OAS recebeu R$ 173 milhões da Prefeitura de São Paulo na gestão Haddad. Destes, R$ 89 milhões em 2014, ano subsequente à aprovação do PLC 238/2013. Como dizia Tom Jobim: o Brasil não é para amadores.





sexta-feira, 26 de outubro de 2018



Bolsonaro está mudando!






Há dois Bolsonaros na praça. Um exibe nas redes sociais a retórica crispada do candidato em fim de campanha, preocupado em manter apoiadores mobilizados. Outro ensaia em reuniões reservadas o timbre moderado de um favorito a virar presidente no próximo domingo (28.out.2018). Esse Bolsonaro que se equipa entre quatro paredes para governar começa a ficar bem diferente do Bolsonaro do palanque eletrônico.
À medida que vai farejando a perspectiva de vitória, é natural que um candidato aproxime sua retórica da realidade. No tudo-ou-nada da campanha, os programas de governo tornam-se aguados. E as promessas ajustam-se mais àquilo que o eleitor deseja ouvir do que à viabilidade da consecução do que é prometido.
Confirmando-se os prognósticos de vitória, o risco que um candidato tido como mitológico corre é o de ficar irreconhecível. O ministério ultraenxuto de Bolsonaro começou a esticar. O Meio Ambiente não será mais fundido à Agricultura. A pasta da Indústria e Comércio não será incorporada à Fazenda. Integrantes da atual equipe econômica podem ser aproveitados. O time de ministros especialistas pode ter um ou outro político derrotado nas urnas. Bolsonaro começa a mudar, antes mesmo de se tornar presidente.




segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Líder, tucano de 33 anos explora rejeição de governador
e apoia Bolsonaro no Rio Grande do Sul
Ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite foi o mais votado no primeiro turno, com 36%



O tucano Eduardo Leite, durante ato de campanha no Rio Grande do Sul


Líder no primeiro turno da eleição no quinto estado mais populoso do país, o tucano Eduardo Leite, se eleito, terá que lidar com uma Assembleia Legislativa formada quase toda por deputados mais velhos do que ele.
Ex-prefeito de Pelotas, terceira maior cidade gaúcha, Leite, 33 anos, desponta na política do Rio Grande do Sul se intitulando como “o novo” em um cenário de forte desgaste de lideranças tradicionais e de rejeição aos partidos de esquerda.
Em pesquisa Ibope divulgada em 17.out.2018, o tucano apareceu na frente, com 59% dos votos válidos contra 41% do adversário, José Ivo Sartori (MDB).
Sem um padrinho político ou um mentor destacado, Leite destoa dos jovens políticos por não ser de família de expressão nessa área — o pai é advogado e apenas concorreu a prefeito uma vez.
O tucano, filiado ao partido desde os 16 anos, estreou na política ainda como estudante de direito, ao concorrer a vereador em 2004, e foi nomeado para ocupar cargos na prefeitura de sua cidade em gestões do PPS e PP. Eleito para a Câmara Municipal em 2008, conseguiu quatro anos depois reunir partidos ao seu redor para se lançar à prefeitura, aos 27 anos. Venceu após disputa com um candidato do PT em segundo turno.
A popularidade em Pelotas, que garantiu a eleição de sua ex-vice em primeiro turno há dois anos, pavimentou o caminho para o lançamento da candidatura ao governo.
Antes disso, o PSDB teve que romper com o governador, que apoiava desde a campanha eleitoral de 2014. No fim do ano passado, anunciou que entregaria os cargos, como a secretaria de Energia.
Foi preciso ainda solucionar um racha interno no diretório regional, que chegou a ser alvo de intervenção nacional, em 2015. Leite saiu fortalecido da crise e se tornou presidente estadual da legenda no ano pré-eleitoral.
Agora na campanha, ele tenta se diferenciar dos antigos aliados do MDB criticando a “falta de agilidade” do adversário e tenta demonstrar certa distância da política tradicional. “Não é esse papo de esquerda e de direita que vai melhorar a sua vida”, disse, na TV.
Embora defenda um “governo menor, que não atrapalhe”, se comprometeu na campanha a não privatizar a estatal de saneamento nem o Banrisul, um dos últimos bancos estaduais do país.
Adversários questionam sua experiência para administrar um dos estados mais endividados do país. Ele responde citando resultados obtidos em um município com recursos escassos. Em seu programa de TV, também mostra nomes históricos do estado que chegaram ao cargo com pouca idade, como Leonel Brizola, ícone da esquerda, em 1959.
Também orgulha-se de ter sido convidado para uma reunião do americano Barack Obama com jovens lideranças brasileiras em São Paulo, no ano passado. No início do mês, republicou post de uma apoiadora com uma foto do encontro e a mensagem: “‘Ele é só um carinha bonito.’ Busque conhecer bem as pessoas”.
Entre constrangimentos na campanha, está o apoio que recebia do ex-presidente do PSDB nacional Aécio Neves desde sua eleição para prefeito, em 2012. O partido no estado ficou marcado pelo tumultuado governo de Yeda Crusius (2007—2010), que resistiu a uma tentativa de impeachment.
Leite também vem sendo seguidamente questionado sobre supostas fraudes em exames pré-câncer em um laboratório contratado pela Prefeitura de Pelotas. Ele nega que tenha havido negligência da prefeitura e diz que uma investigação está em andamento.
Três dias após o primeiro turno, gravou um vídeo de declaração de voto no presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que já tinha recebido apoio de Sartori dias antes. Em tom sério e grave, disse que “jamais votou no PT” e que não concorda 100% com o capitão reformado. “Não vi autocrítica do Bolsonaro sobre frases que não respeitam a democracia e a existência pacífica e natural de outros seres humanos.”
O PSDB tenta manter uma porta aberta com o eleitorado de partidos como PDT e PT, que fizeram juntos 28% dos votos válidos no primeiro turno.




Em meio a crise, governador do Rio Grande do Sul
faz campanha ancorada na austeridade
Candidato à reeleição Sartori atrasou salários ao longo do mandato
e conseguiu ir ao segundo turno



O governador José Ivo Sartori (MDB), em campanha em Porto Alegre


“Regime de Recuperação Fiscal”, “Lei de Responsabilidade Estadual” e “privatizações” são algumas das expressões recorrentes no horário eleitoral de uma das campanhas finalistas do segundo turno no Rio Grande do Sul.
O emedebista José Ivo Sartori, que tenta a reeleição no estado, busca reverter os desgastes de quatro anos de crise econômica apostando em um discurso de continuísmo, ancorado em medidas de austeridade.
O estado é presença constante no alto do ranking de déficit dos governos, e o atraso no pagamento dos salários dos servidores é rotina desde o primeiro ano do mandato dele, ainda em 2015.
Foi administrando essa quase falência, que inclui um decreto de calamidade financeira como o do Rio de Janeiro e uma imobilidade que lembra o ocaso do governo Michel Temer, que Sartori, 70 anos, decidiu se lançar à reeleição.
Diz na campanha que a única maneira de reverter a crise no estado é aderir ao plano de renegociação da dívida discutido com o governo federal, que deve ser sacramentado apenas no próximo mandato.
No primeiro turno, o emedebista foi bem-sucedido ao promover essas bandeiras: reduziu gradualmente sua rejeição, que estava em 44% no Ibope no início da campanha, e fez 31,1% dos votos, ante 35,9% do mais votado, Eduardo Leite (PSDB).
Logo na pré-campanha, conseguiu manter o núcleo de sua vitoriosa coligação de 2014 e garantiu o maior tempo no horário eleitoral gratuito.
Também de 2014, desengavetou o estilo de candidato, se apresentando como “O Gringo”, como são chamados os descendentes de italianos da serra gaúcha, de jeito simples e meio caipira. Quatro anos atrás, quando ainda era um pouco conhecido ex-prefeito de Caxias do Sul, foi eleito em parte graças a uma onda anti-PT, derrotando o petista Tarso Genro, que era candidato à reeleição.
Agora, a seu favor, conta ainda o retrospecto de imune aos escândalos da política nacional dos últimos tempos, em que pese o MDB gaúcho ter nomes expressivos envolvidos, como o chefe da Casa Civil de Temer, Eliseu Padilha.
Só nos estados vizinhos do Sul, a delação da Odebrecht contribuiu para enterrar as pretensões eleitorais de seus ex-colegas do Paraná, Beto Richa (PSDB), e de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), que renunciaram neste ano para disputar o Senado e acabaram derrotados.
No caso de Sartori, o maior respingo em seu mandato foi acusação na delação da JBS de que sua campanha anterior recebeu R$ 1,5 milhão com origem em negociação ilícita entre a empresa e o então presidenciável tucano, Aécio Neves. O governador negou irregularidades e disse que o pagamento era uma doação oficial.
Mas restaram poucas realizações de governo a divulgar na campanha. A alta da criminalidade é um de seus principais problemas. Os investimentos estaduais são escassos e estão no nível dos do Amazonas, estado mais pobre e com população muito menor. Com a crise fiscal, o governador aprovou aumento de impostos em 2015 e, no pacote de enxugamento, decidiu extinguir até a fundação de estatística e a entidade que gere a TV Educativa do estado, que, pelo seu plano, fica com sua gestão terceirizada.
Ele tentou promover um plebiscito para a vendas de estatais, como uma companhia de mineração, mas foi derrotado na Assembleia Legislativa.
“Custos e despesas são como unhas, volta e meia a gente tem que fazer um corte”, disse ele em um dos programas na TV.
Na campanha, deixou de lado seu perfil mais conciliador e partiu para ataques contra Eduardo Leite, questionando, por exemplo, suposta negligência em exames de câncer na cidade onde o adversário foi prefeito — o tucano nega.
No segundo turno, Sartori quer pegar carona na candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que tem larga vantagem no Sul, para quebrar um tabu: o Rio Grande do Sul nunca reelegeu um governador desde que a reeleição foi instituída, em 1997.
Recebeu desde a semana passada apoio do PSL, do DEM e do quarto colocado na eleição, Jairo Jorge (PDT).
“Não podemos recomeçar tudo do zero, pegamos um estado de joelhos”, costuma dizer o emedebista.






Investigação do caso “WhatsApp—fake news” será demorada



Será demorada a investigação da Polícia Federal sobre o uso do WhapsApp para propagar falsidades com propósitos eleitorais. Investigam-se as duas campanhas finalistas da corrida presidencial, a de Jair Bolsonaro e a de Fernando Haddad. É nula a hipótese de conclusão do inquérito antes do término do segundo turno, no próximo domingo (28.out.2018), informou uma autoridade que acompanha o caso.
Significa dizer que nem o inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) nem os procedimentos deflagrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) produzirão efeitos capazes de modificar o processo eleitoral. Apura-se aquilo que a procuradora-geral da República Raquel Dodge classificou de “uso de recursos tecnológicos para propagar informações falsas ou ofensivas à honra e à imagem dos dois candidatos”.
Eventuais comprovações resultarão em contenciosos jurídicos a serem julgados após a eleição. Não há, por ora, definição quanto a prazos. Estima-se que a apuração pode se desdobrar em pelo menos duas fases. Numa, investigam-se as empresas de tecnologia e os financiadores da difusão de mensagens. Noutra, mais delicada, buscam-se os vínculos com as candidaturas.
Contribuições empresariais estão proibidas nesta eleição. Em tese, a comprovação do uso de dinheiro de caixa dois em benefício de uma candidatura configuraria abuso do poder econômico. Algo que, no limite, pode levar à perda do mandato.

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, avaliou no domingo (21.out.2018)) que a Justiça Eleitoral não falhou no combate às chamadas “fake news” durante o processo eleitoral deste ano. Segundo ela, a disseminação de informações falsas, classificada como “intolerável” pela ministra, é um “fenômeno mundial” e o Poder Judiciário não tem uma “solução pronta” para interrompê-la: “Nós entendemos que não houve falha alguma da Justiça Eleitoral no que tange a isso que se chama fake news. Todos sabemos que a desinformação é um fenômeno mundial e que se faz presente nas mais diferentes sociedades”. “Gostaríamos de ter uma solução pronta e, de fato, não temos”, disse. Ela ressaltou, contudo, que a Justiça Eleitoral tem dado, por meio de seus ministros auxiliares, respostas prontas em processos sobre propagandas irregulares, nas áreas jurisdicional e administrativa. Para ela, a novidade no processo eleitoral não é a disseminação de mensagens falsas, mas a velocidade de circulação delas por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens. “Nós sabemos que há excessos que se cometem no processo eleitoral. E eles são devidamente apurados pela Justiça Eleitoral no tempo devido”, ressaltou. A ministra lembrou que foi criado um conselho consultivo com a intenção de normatizar um método para enfrentamento das “fake news”, mas explicou que a iniciativa foi desaconselhada pelo conselho nacional de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas). O receio era de que uma normatização poderia atentar contra conceitos democráticos, como a liberdade de expressão.

Também na sede do TSE, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, foi questionado se os setores de inteligência brasileiros identificaram ações de governos ou grupos do Exterior para influenciar no resultado das eleições no País. “Existem muitos instrumentos para a interferência ilegítima do processo eleitoral. As fake news talvez sejam o menor deles. Não se identificou uma operação sistemática ou estruturada em cima das nossas eleições”, respondeu. Segundo ele, com base em dados da inteligência, não houve eventos significativos que indiquem alterações no processo eleitoral. “Desde 2016, identificamos pequenas tentativas de influenciar, mas não houve incremento considerável neste ano do que houve em 2016”, disse ele.




sábado, 20 de outubro de 2018



O golpe do WhatsApp levado a cabo pelo PT
PT decidiu partir para o seu ‘plano B’: fazer campanha para
deslegitimar a eventual vitória do oponente






Consciente de que será muito difícil reverter a vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República, o PT decidiu partir para seu ‘plano B’: fazer campanha para deslegitimar a eventual vitória do oponente, qualificando-a como fraudulenta. É uma especialidade lulopetista. A ofensiva da tigrada está assentada na acusação segundo a qual a candidatura de Bolsonaro está sendo impulsionada nas redes sociais por organizações que atuam no “subterrâneo da internet”, segundo denúncia feita na tribuna do Senado pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que lançou o seu J’accuse de fancaria. ‘Eu acuso o senhor (Bolsonaro) de patrocinar fraude nas eleições brasileiras. O senhor é responsável por fraudar esse processo eleitoral manipulando e produzindo mentiras veiculadas no submundo da internet através de esquemas de WhatsApp pagos de fora deste país’, afirmou Gleisi, que acrescentou: ‘O senhor está recebendo recursos ilegais, patrocínio estrangeiro ilegal, e terá que responder por isso. (…) Quer ser presidente do Brasil através desse tipo de prática, senhor deputado Jair Bolsonaro?’ Como tudo o que vem do PT, nada disso é casual. A narrativa da “fraude eleitoral” se junta ao esforço petista para que o partido se apresente ao eleitorado — e, mais do que isso, à História — como o único que defendeu a democracia e resistiu à escalada autoritária supostamente representada pela possível eleição de Bolsonaro.

Esse ‘plano B’ foi lançado a partir do momento em que ficou claro que a patranha lulopetista da tal ‘frente democrática’ contra Bolsonaro não enganou ninguém. Afinal, como é que uma frente política pode ser democrática tendo à testa o PT, partido que pretendia eternizar-se no poder por meio da corrupção e da demagogia? Como é que os petistas imaginavam ser possível atrair apoio de outros partidos uma vez que o PT jamais aceitou alianças nas quais Lula da Silva não ditasse os termos, submetendo os parceiros às pretensões hegemônicas do demiurgo que hoje cumpre pena em Curitiba por corrupção? Assim, a própria ideia de formação de uma “frente democrática” é, em si, uma farsa lulopetista, destinada a dar ao partido a imagem de vanguarda da luta pela liberdade contra a “ditadura” — nada mais, nada menos — de Jair Bolsonaro. Tudo isso para tentar fazer os eleitores esquecerem que o PT foi o principal responsável pela brutal crise política, econômica e moral que o País ora atravessa — e da qual, nunca é demais dizer, a candidatura Bolsonaro é um dos frutos. Como os eleitores não esqueceram, conforme atestam as pesquisas de intenção de voto que expressam o profundo antipetismo por trás do apoio a Bolsonaro, o PT deflagrou as denúncias de fraude contra o adversário.

O preposto de Lula da Silva na campanha, o candidato Fernando Haddad, chegou até mesmo a mencionar a hipótese de ‘impugnação’ da chapa de Bolsonaro por, segundo ele, promover ‘essa campanha de difamação tentando fraudar a eleição’. Mais uma vez, o PT pretende manter o País refém de suas manobras ao lançar dúvidas sobre o processo eleitoral, assim como já havia feito quando testou os limites legais e a paciência do eleitorado ao sustentar a candidatura de Lula da Silva. É bom lembrar que, até bem pouco tempo atrás, o partido denunciava, inclusive no exterior, que ‘eleição sem Lula é fraude’. Tudo isso reafirma, como se ainda fosse necessário, a natureza profundamente autoritária de um partido que não admite oposição, pois se julga dono da verdade e exclusivo intérprete das demandas populares. O clima eleitoral já não é dos melhores, e o PT ainda quer aprofundar essa atmosfera de rancor e medo ao lançar dúvidas sobre a lisura do pleito e da possível vitória de seu oponente.

Nenhuma surpresa: afinal, o PT sempre se fortaleceu na discórdia, sem jamais reconhecer a legitimidade dos oponentes — prepotência que se manifesta agora na presunção de que milhões de eleitores incautos só votaram no adversário do PT porque, ora vejam, foram manipulados fraudulentamente pelo ‘subterrâneo da internet’.






Avaaz oferece US$ 100 mil em recompensa a quem denunciar fake news no Brasil



A Avaaz, rede para mobilização social global através da Internet, está oferecendo US$ 100 mil a quem denunciar ocorrências de fake news.
O prêmio será destinado a quem passar informações relevantes sobre qualquer um dos candidatos à Presidência da República Federativa do Brasil que comandar operações para envio de notícias falsas vias internet.







WhatsApp revoluciona pensamento petista






A notícia de que empresários financiam ilegalmente o envio massivo de mensagens anti-PT via WhatsApp revolucionou o pensamento do Partido dos Trabalhadores sobre as prisões, as delações e o trabalho da imprensa. Em menos de 24 horas tudo o que o partido considerava como afronta ao Estado Democrático de Direito nos quatro anos e meio de duração da Lava Jato passou a ser legal, necessário e urgente.
Em sua primeira manifestação sobre o caso, o presidenciável petista Fernando Haddad disse que o rival Jair Bolsonaro “deixou rastro” que permite vinculá-lo ao esquema de difusão de mensagens. Implacável, Haddad defendeu o uso da prisão como meio de obtenção de confissões. Mesmo que disponha, por ora, apenas de uma notícia de um jornal que o petismo incluía até ontem no rol da “mídia golpista”.
“Se você prender um empresário desses, ele vai fazer delação premiada”, declarou Haddad. “Basta prender um empresário que vai ter delação premiada e vão entregar a quadrilha toda. Nós estamos falando de 20 a 30 empresários envolvidos nesse esquema. Se prender um, em menos de dez dias a gente vai ter a relação de todos os empresários que estão financiando com caixa dois uma campanha difamatória.”
No petrolão, o PT condena as prisões mesmo quando são precedidas de meticulosos inquéritos. Em junho de 2015, a Executiva Nacional da legenda divulgou uma resolução para manifestar sua preocupação com as consequências do “prejulgamento de empresas acusadas no âmbito da Operação Lava-Jato”.
A manifestação do PT ocorreu cinco dias depois do encarceramento preventivo dos executivos das duas maiores empreiteiras do país: Marcelo Odebrecht, da empresa que leva o sobrenome de sua família, e Otávio Azevedo, da Construtora Andrade Gutierrez. Hoje, sabe-se que ambos estavam lambuzados com o óleo queimado da Petrobras até o último fio de cabelo.
No item de número quatro, o texto da resolução do PT desautoriza prisões como as que Haddad passou a defender: “Se o princípio de presunção de inocência é violado, se o espetáculo jurídico-político-midiático se sobrepõe à necessária produção de provas para inculpar previamente réus e indiciados; se as prisões preventivas sem fundamento se prolongam para constranger psicologicamente e induzir denúncias, tudo isso que se passa às vistas da cidadania, não é a corrupção que está sendo extirpada. É um Estado de exceção sendo gestado em afronta à Constituição e à democracia”.
Dias depois da divulgação da resolução petista, ainda em junho de 2015, a então presidente Dilma Rousseff torpedeou numa entrevista o instituto da delação premiada, incluído numa lei que ela própria havia sancionado. Um dos delatores da Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, informara em depoimento que fizera repasses ilegais à campanha de Dilma à reeleição, em 2014. E ela: “Não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora (…) e garanto que resisti bravamente”.
Não bastasse o ataque a um mecanismo que se revelou vital para o êxito do combate à corrupção, Dilma misturou democracia com ditadura. Deu de ombros para o fato de que a delação que sancionara, longe de assemelhar-se à tortura, é uma ferramenta que a legislação oferece à defesa dos encrencados. É uma oportunidade que o criminoso tem de trocar a confissão por benefícios penais.
No mês passado, o próprio Haddad foi denunciado pelo Ministério Público paulista com base numa delação do mesmo empreiteiro Ricardo Pessoa. Acusaram-no de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. De acordo com a denúncia, Haddad recebeu da UTC propina de R$ 2,6 milhões para pagamento de dívida contraída durante sua campanha à prefeitura de São Paulo, em 2012.
A exemplo de Dilma, Haddad desqualificou o delator. O adjetivo mais brando que utilizou foi “mentiroso”. Em nota, o comitê de campanha do PT esculachou também o Ministério Público: “Surpreende que, no período eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad”.
No episódio das mensagens de WhatsApp, cuja divulgação é atribuída a empresários a serviço de Bolsonaro, o PT é bem mais rigoroso. Trata o noticiário da ex-mídia golpista como elemento de prova: “Reportagem da Folha de S.Paulo desta quinta-feira (18.out.2018) confirma o que o PT vem denunciando ao longo do processo eleitoral: a campanha do deputado Jair Bolsonaro recebe financiamento ilegal e milionário de grandes empresas para manter uma indústria de mentiras na rede social WhatsApp”, escreveu o partido em texto veiculado no seu site.
Está em jogo agora, segundo o novo conceito do PT, “a sobrevivência do processo democrático”. A legenda tem razão. O surpreendente é que, no ano passado, o PT pediu e obteve no Tribunal Superior Eleitoral o arquivamento da denúncia de abuso de poder econômico praticado pela chapa Dilma Rousseff-Michel Temer na eleição de 2014.
O processo foi arquivado por excesso de provas. Por um placar apertado — 4 votos a 3 — os ministros do TSE decidiram enterrar evidências vivas de que a Odebrecht pagara com dinheiro sujo da Petrobras o marketing que moeu adversários do PT como Marina Silva e produziu o estelionato eleitoral que reconduziu Dilma e Temer ao Planalto.
Nessa época, o PT não via no financiamento ilegal de campanhas um risco ao “processo democrático”. Fraude mesmo, alardeou a legenda neste ano de 2018, é uma eleição sem Lula, um político preso que o PT tentou, sem sucesso, transformar em “preso político”. Não é à toa que Jair Bolsonaro está prestes a ser eleito pela maior força política existente no país: o antipetismo. Em matéria criminal, o PT é capaz de quase tudo, menos de oferecer algo que se pareça com um mea-culpa.


Pesquisas antecipam o fim da hegemonia lulista


Nas últimas quatro sucessões presidenciais, Lula mandou e, sobretudo, desmandou no poder federal. Elegeu-se duas vezes. E transformou Dilma Rousseff num conto do vigário no qual o eleitorado caiu um par de vezes. Esse poder hegemônico de Lula, informam todas as pesquisas, está com os dias contados. Acabará no próximo dia 28 de outubro.
Deve-se o infortúnio de Lula ao próprio Lula, que conseguiu converter Fernando Haddad, seu segundo poste, em candidato favorito a transformar Jair Bolsonaro no próximo presidente da República. Lula escolheu seu próprio caminho para o inferno ao imaginar que poderia prevalecer impondo uma nova solução doméstica petista.
Preso, Lula sabia que sua foto dificilmente estaria na urna de 2018. Poderia ter transferido eleitores para um candidato fora dos quadros do PT. Tinha em Ciro Gomes uma versão livre do contágio da Lava Jato. Mas preferiu a aposta mais arriscada. Ao lançar um poste do PT, descobriu que o antipetismo é, hoje, mais forte que o lulismo. Lula chega ao fim da sua era como cabo eleitoral da ultradireita.



Divulgada a dez dias do segundo turno, a nova pesquisa do Datafolha deu à sucessão presidencial uma aparência de jogo jogado. O staff de Jair Bolsonaro mal consegue conter a euforia. Como sua liderança não chegou a ser colocada em xeque por Fernando Haddad, o capitão aproxima-se do Planalto como se recebesse um cheque em branco do eleitorado. Engano.
O principal atributo de campanhas como a de Bolsonaro, que irradiam um imaginário forte, é ter rompido com a situação anterior, dando a impressão de que nada será como antes. Não é pouca coisa. Foi à cova no primeiro turno aquele PSDB que se oferecia como polo de poder há seis sucessões. Vão à lona no segundo round o petismo e, sobretudo, o lulismo.
No momento, o eleitor mostra-se pago e satisfeito com a retórica de Bolsonaro, feita de probidade, segurança e prosperidade. Mas a situação é mais complexa. Tão complexa que ficou simples como o ABC. A, o programa aguado de Bolsonaro produz alta expectativa; B, a boa vontade virará cobrança em janeiro; C, a corrosão da legitimidade do eleito crescerá à medida que o eleitor for percebendo que o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é o dicionário.
Bolsonaro coleciona no Datafolha 59% das intenções de votos válidos, contra 41% atribuídos a Haddad. O petismo já se dedica à produção de teorias para explicar a derrota. O exercício é tão inevitável quanto inútil, pois não produz a hecatombe que seria necessária para engolir até 28 de outubro os 18 pontos percentuais que separam o substituto de Lula do seu algoz.
Um detalhe potencializa o desafio de Bolsonaro. O resultado da eleição será marcado não pela preferência, mas pela rejeição do eleitorado. Subiu para 54% a taxa de eleitores que declaram que jamais votariam em Haddad. Quer dizer: o capitão será empurrado para a cadeira de presidente pela maior força política da temporada: o antipetismo.
O índice de rejeição a Bolsonaro diminuiu. Mas continua enorme: 41%. Significa dizer que não haverá na plateia muita gente com disposição para aplaudir um governo que não entregue rapidamente a mudança que prometeu.
Do ponto de vista econômico, a aura de Bolsonaro já tem dono: o liberalismo do economista Paulo Guedes. Que esbarrará no fisiologismo do Legislativo. Do ponto de vista político, seu governo precisa virar o sistema do avesso. Fácil de prometer. Difícil de executar.
Em condições normais, o eleitor talvez se esforçasse para distinguir políticos melhores e piores. Mas os gatunos ficaram ainda mais pardos depois que a Lava Jato transformou a política em mais uma ramificação do crime organizado. Depois que o governo empregocida de Dilma Rousseff foi sucedido pela cleptogestão de Michel Temer, a ideologia do eleitor tornou-se uma espécie de radicalismo retrógrado, movido a fúria, desinformação e inconsequência. Deu em Bolsonaro.
Jogando parado, Bolsonaro avisou que não irá a nenhum debate, embora os médicos o tenham liberado. Segundo o Datafolha, 73% dos eleitores avaliam que ele deveria duelar com Haddad diante das câmeras. Entretanto, 76% declaram que não cogitam modificar o voto por causa de debates. Nesse contexto, a fuga parece um grande negócio para o favorito. Mas essa percepção só é válida até certo ponto. O ponto de interrogação.
É verdade que há algo de sádico na forma como os candidatos são expostos, questionados, insultados e até ridicularizados nos debates. Neste segundo turno de 2018, a perversão ganharia nova dimensão, pois um dos contendores convalesce de duas cirurgias provocadas por uma facada.
Mas o sadismo não seria necessário apenas para o esclarecimento de eleitores que parecem dar de ombros para o contraditório. Valeria mais pela educação democrática que propiciaria a um candidato com pendores autocráticos. O mesmo Datafolha que coloca Bolsonaro a um milímetro da poltrona de presidente da República já revelou que sete em cada dez brasileiros enxergam a democracia como o melhor sistema de governo.
É mais uma evidência de que, eleito, Bolsonaro não vai dispor de um cheque em branco do eleitorado. Tiros para o alto ou murros na mesa não serão aceitáveis. O capitão terá de aprender a negociar. Algo que jamais fez nos seus quase 28 anos de Parlamento.






Guerra nas redes sociais expõe o Fake TSE



Antes do início da campanha de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) trombeteou a notícia de que não toleraria o uso das redes sociais para a difusão de notícias falsas. Presidente do tribunal na época, o ministro Luiz Fux chegou a dizer que seriam expurgados do processo eleitoral candidatos que jogassem sujo na internet. Hoje, verifica-se que a ameaça do ministro era, ela própria, uma notícia falsa.
A Justiça eleitoral não conseguiu coibir nem mesmo a difusão de falácias sobre supostas violações de urnas eletrônicas. O TSE e seus ministros limitaram-se a emitir declarações protocolares sobre a segurança do processo eletrônico de votação. Nem sinal de punições.
Sem controle, a lama escorre livremente pelos visores dos celulares e tablets na forma de desinformação, mistificação e notícias falsas. O lodo vem da esquerda e da direita. Mas Jair Bolsonaro prevalece na quantidade. Notícias jornalísticas ajudam a entender o fenômeno: Agência é acusada de contratar perfis para propaganda irregular pró-PT no Twitter — e ou — Empresários compram ilegalmente pacotes de mensagens anti-PT difundidas via WhatsApp.
Isso é crime. Deveria ser punido. Mas a guerra suja nas redes sociais e no WhatsApp revela a existência de um ‘Fake TSE’.






Num encontro com procuradores eleitorais e advogados das campanhas presidenciais, a procuradora-geral da República Raquel Dodge criticou a disseminação de notícias falsas. Referiu-se ao eleitor como “ator principal” do processo eleitoral. “Ele tudo pode, mas nem tudo convém. As fake news, certamente, não convêm ao eleitor nem à democracia.”
As palavras da chefe do Ministério Público soaram ilógicas e inúteis. Elas afrontam a lógica porque Raquel Dodge falou sobre o crime da difusão de notícias falsas com o distanciamento de uma scholar, como se não tivesse nada a ver com a encrenca. Suas observações carecem de utilidade porque, além de chegar tarde, a poucos dias do término da eleição, vieram desacompanhadas do anúncio de providências que uma procuradora-geral poderia adotar de ofício, como se diz. Cabe à procuradora-geral levar à vitrine um lote de providências saneadoras.

Em nota divulgada na noite de sexta-feira (19.out.2018), o Ministério Público Federal informou que “a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, requisitou à Polícia Federal (PF) a instauração de inquérito para apurar se empresas de tecnologia da informação têm disseminado, de forma estruturada, mensagens em redes sociais referentes aos dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições para presidente da República.”
O pedido foi formalizado em ofício remetido ao ministro Raul Jungmann (Segurança Pública), a quem a PF está subordinada. No documento, a chefe da Procuradoria anota que fatos mencionados em reportagens já haviam motivado “a abertura de procedimento apuratório pela Procuradoria-Geral Eleitoral”. O propósito é o de verificar o uso de esquemas profissionais de propagação de notícias falsas por parte das duas campanhas finalistas.
Ao justificar o pedido para que a Polícia Federal se envolva no caso, Raquel Dodge afirmou que a encrenca exige também “apuração na ótica criminal”, pois o uso de esquema profissional e estruturado de logística empresarial para a difusão massiva de informações mentirosas constitui crime previsto em lei. Citou o artigo 57-H, parágrafo 1º, da Lei 9.504/1997, cuja redação foi atualizada pela Lei 12.891/2013.
Nesse trecho, a lei prevê a aplicação de multa a quem realizar propaganda eleitoral na internet, atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro, inclusive a candidato, partido ou coligação.
O comunicado do Ministério Público Federal anota, para a procuradora-geral, “o uso de recursos tecnológicos para propagar informações falsas ou ofensivas à honra e à imagem dos dois candidatos pode interferir na opinião de eleitores”. Raquel Dodge declarou que o fato “afronta a integridade das eleições e é uma nova realidade mundial que exige investigação com a utilização de um corpo pericial altamente gabaritado e equipamentos adequados para se identificar a autoria e materializar a ocorrência desse novo formato de crime”.
O pedido de Raquel Dodge à Polícia Federal chega um dia depois de reportagem ter noticiado que empresas financiaram ilegalmente a propagação massiva de mensagens anti-PT pelo WhatsApp. Segundo a notícia, empresas apoiadoras de Bolsonaro desembolsaram até R$ 12 milhões para financiar a atividade. Verba de caixa dois, sem menção na prestação de contas do candidato. Bolsonaro negou envolvimento com a prática.

Também na sexta-feira (19.out.2018), o corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Jorge Mussi, determinou a abertura de investigação sobre o caso noticiado. Fez isso a pedido do PT. Entretanto, o ministro indeferiu medidas cautelares solicitadas pelo partido. Negou-se a autorizar, por exemplo, batidas policiais de busca e apreensão na sede da loja Havan e na casa do seu dono, o empresário Luciano Hang. Alegou que não pode determinar providências tão drásticas com base apenas em notícia jornalística.

O PDT de Ciro Gomes ingressou na tarde de sexta-feira (19.out.2018) com pedido no TSE de anulação do primeiro turno da eleição presidencial deste ano.
O partido apresentou uma Aije (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, sob a suspeita de abuso de poder econômico, veiculação de fake news e recebimento de apoio empresarial.
O procedimento foi distribuído ao ministro Jorge Mussi, corregedor-geral eleitoral, e se baseia em denúncia jornalística de que empresas compraram pacotes de disparos de mensagens contra o PT no WhatsApp.
No pedido, o partido lembra que doação empresarial a campanha eleitoral, mesmo que por meio de um apoio, é vedada pela legislação eleitoral. E que foi cometido abuso de poder porque Bolsonaro não registrou a atividade em sua prestação de contas.
Ciro Gomes ficou em terceiro lugar na disputa eleitoral deste ano, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e de Fernando Haddad (PT). Na quinta-feira (18.out.2018), o petista defendeu que o segundo turno deveria ser disputado entre ele e o pedetista.

O WhatsApp enviou notificação extrajudicial para as agências Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market, determinando que parem de fazer envio de mensagens em massa e de utilizar números de celulares obtidos pela internet.
A empresa também baniu as contas do WhatsApp associadas a essas agências. Elas estão sob investigação e serão notificadas caso sejam comprovadas as irregularidades.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adiou uma entrevista coletiva que estava agendada para as 16 horas de sexta-feira (19.out.2018) que trataria, entre outros assuntos, da disseminação de fake news nas eleições. A entrevista coletiva foi remarcada para as 14 horas de domingo (21.out.2018).
Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, houve uma incompatibilidade de agenda — o órgão não deu mais detalhes.


Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp
com contratos de R$ 12 milhões, prática viola a lei
por ser doação não declarada


Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno.
A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.
A reportagem apurou que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.
As empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) compram um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato (números cedidos de forma voluntária).
Quando usam bases de terceiros, essas agências oferecem segmentação por região geográfica e, às vezes, por renda. Enviam ao cliente relatórios de entrega contendo data, hora e conteúdo disparado.
Entre as agências prestando esse tipo de serviços estão a Quickmobile, a Yacows, Croc Services e SMS Market.
Os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo de mensagem para a base própria do candidato e de R$ 0,30 a R$ 0,40 quando a base é fornecida pela agência.
As bases de usuários muitas vezes são fornecidas ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.
Empresas investigadas pela reportagem afirmaram não poder aceitar pedidos antes do dia 28 de outubro, data da eleição, afirmando ter serviços enormes de disparos de WhatsApp na semana anterior ao segundo turno comprados por empresas privadas.
Questionado se fez disparo em massa, Luciano Hang, dono da Havan, disse que não sabe “o que é isso”. “Não temos essa necessidade. Fiz uma ‘live’ aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza.”
Procurado, o sócio da QuickMobile, Peterson Rosa, afirma que a empresa não está atuando na política neste ano e que seu foco é apenas a mídia corporativa. Ele nega ter fechado contrato com empresas para disparo de conteúdo político.
Richard Papadimitriou, da Yacows, afirmou que não iria se manifestar. A SMS Market não respondeu aos pedidos de entrevista.
Na prestação de contas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), consta apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, como tendo recebido R$ 115 mil para mídias digitais.
Segundo Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos da empresa, a AM4 tem apenas 20 pessoas trabalhando na campanha. “Quem faz a campanha são os milhares de apoiadores voluntários espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos organicamente”, diz.
Ele afirma que a AM4 mantém apenas grupos de WhatsApp para denúncias de fake news, listas de transmissão e grupos estaduais chamados comitês de conteúdo.
No entanto, a reportagem apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 não se restringe a isso.
Uma das ferramentas usadas pela campanha de Bolsonaro é a geração de números estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.
Funcionários e voluntários dispõem de dezenas de números assim, que usam para administrar grupos ou participar deles. Com códigos de área de outros países, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp — o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.
Os mesmos administradores também usam algoritmos que segmentam os membros dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.
Grande parte do conteúdo não é produzida pela campanha — vem de apoiadores.
Os administradores de grupos bolsonaristas também identificam “influenciadores”: apoiadores muito ativos, os quais contatam para que criem mais grupos e façam mais ações a favor do candidato. A prática não é ilegal.
Não há indício de que a AM4 tenha fechado contratos para disparo em massa; Carvalho nega que sua empresa faça segmentação de usuários ou ajuste de conteúdo.
As estimativas de pessoas que trabalham no setor sobre o número de grupos de WhatsApp anti-PT são muito vagas — vão de 20 mil a 300 mil — pois é impossível calcular os grupos fechados.
Diogo Rais, professor de direito eleitoral da Universidade Mackenzie, diz que a compra de serviços de disparo de WhatsApp por empresas para favorecer um candidato configura doação não declarada de campanha, o que é vedado.
Ele não comenta casos específicos, mas lembra que dessa forma pode-se incorrer no crime de abuso de poder econômico e, se julgado que a ação influenciou a eleição, levar à cassação da chapa.

EM MINAS GERAIS, ROMEU ZEMA CONTRATOU EMPRESA DE IMPULSIONAMENTO — O candidato ao governo de Minas do partido Novo, Romeu Zema, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral pagamento de R$ 200 mil à Croc Services por impulsionamento de conteúdos. O diretório estadual do partido em Minas gastou R$ 165 mil com a empresa.
A reportagem teve acesso a propostas e trocas de email da empresa com algumas campanhas oferecendo disparos em massa usando base de dados de terceiros, o que é ilegal.
Indagado pela reportagem, Pedro Freitas, sócio-diretor da Croc Services, afirmou: “Quem tem de saber da legislação eleitoral é o candidato, não sou eu.”
Depois, recuou e disse que não sabia se sua empresa prestara serviço para Zema. Posteriormente, enviou mensagem afirmando que conferiu seus registros e que vendera pacotes de disparo em massa de WhatsApp, mas só a bases do próprio candidato, filiados ao partido e apoiadores de Zema — o que é legal.
Procurada, a campanha afirmou que “contratou serviço de envio de mensagem somente por WhatsApp para envio aos filiados do partido, pessoas cadastradas pelo website e ações de mobilização de apoiadores”.
A reportagem apurou que eleitores em Minas receberam mensagens em WhatsApp vinculando o voto em Zema ao voto em Jair Bolsonaro dias antes do primeiro turno. Zema, que estava em terceiro nas pesquisas, terminou em primeiro.


Agência Lajoy é acusada de contratar perfis para
propaganda irregular pró-PT no Twitter

jornalista diz ter feito comentários positivos sobre
Gleisi e Luiz Marinho a pedido da agência


A jornalista Paula Holanda, militante de esquerda e influenciadora digital, conhecida no Twitter como @pppholanda — ela tem 6.446 seguidores —, disse em uma "thread" (sequência de pequenas frases, ou tuítes) na rede social, no sábado à noite (25.ago.2018), que foi convidada, em troca de dinheiro, por uma agência de marketing digital mineira chamada Lajoy a promover em seu perfil conteúdo de esquerda.
Segundo Paula, ela aceitou escrever tuítes favoráveis, que eram relacionados a candidatos do PT — Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional da sigla e candidata a deputada federal pelo Paraná, e Luiz Marinho, candidato a governador de São Paulo.
Ao receber uma terceira demanda, desta vez sobre o governador do Piauí, o petista Wellington Dias, candidato a reeleição, ela diz ter percebido, então, que não atuava pelas pautas de esquerda em geral, mas especificamente em favor de candidaturas do PT, o que, afirma, não tinha ficado claro nos contatos com a agência, e se recusou a escrever sobre o piauiense.
Os tuítes não informavam que eram pagos, nem exibiam qualquer informação sobre a empresa ou político que os contratou.
Esta prática é proibida pela legislação atual, que especifica que só é permitida propaganda eleitoral em redes sociais no modelo de impulsionamento, em que candidatos, partidos e coligações contratam diretamente a rede social.
A propaganda em redes sociais deve mencionar, explicitamente, qual partido, candidato ou coligação, com CNPJ, a pagou, “não devendo empregar meios destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais”, diz o artigo 6º da Resolução 23.551.
A consequência para quem infringe a resolução é multa de até R$ 30 mil.
Após a sequência de publicações de Paula Holanda, Wellington Dias era o quarto termo mais citado no Twitter no Brasil nas primeiras horas de domingo (26.ago.2018).

O que são threads no Twitter?
Thread (ou fio) é uma sequência de tweets. Cada tweet é um texto com até 280 caracteres. Em uma thread, cada tweet é um parágrafo, de um grande texto, que pode ser comentado, curtido e compartilhado individualmente.


“Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e não o conheço. Pesquisei rapidamente e pela opinião pública da esquerda, ele aparentemente não foi um bom governador. Li que ele sucateou e militarizou a educação e silenciou mulheres,” afirmou Paula na rede social.
“O que me passaram é que seria uma ação de esquerda, com pautas feministas, negras e LGBT, quando, na verdade, eu sinto estar fazendo uma campanha sem ter sido avisada”, escreveu.
Após as declarações da jornalista, outros perfis no Twitter apagaram suas publicações ou admitiram que foram contratados para fazer comentários positivos sobre os candidatos.
Segundo Flavia Penido, advogada especialista em Direito Tributário e Direito Digital, o Twitter também veda a prática em seus termos de uso e tem excluído usuários sob suspeita da prática ou de fornecer informações falsas, o que gerou nos últimos dias reclamação na comunidade de direita da rede social.
“A partir do momento em que não é informado que os tweets estão sendo publicados mediante pagamento, ou por contas falsas, o ambiente da rede social está sendo manipulado e contaminado, isso é conhecido como compartilhamento não-orgânico ou não-autêntico. Isso é pernicioso para a democracia.”
Paula Holanda disse para seus seguidores que nunca assinou nenhum contrato, que não faz ideia de quem está pagando a ação da Lajoy e que acredita que não vai ser paga pelos dois tuítes que fez em favor de Gleisi e Marinho.
A jornalista disse na rede social que receberia quase R$ 1.000 pelo trabalho, mas não especificou se o valor era por tuíte ou pela ação toda.
À reportagem Paula Holanda confirmou o que disse no Twitter, mas preferiu não informar detalhes, como valores prometidos e recebidos, quais outros influenciadores digitais foram contratados e a quais outros candidatos a Agência Lajoy demandou conteúdo dos perfis contratados.
Procurada pela reportagem, a dona da Agência Lajoy, Joyce Moreira Falete Mota, afirmou ter sido contratada, para os meses de junho e julho por uma empresa chamada Be Connected.
Segundo ela, “para dar consultoria sobre quais jovens profissionais tecnológicos e digitais de esquerda eram aptos a construir e sugerir a melhor tática (conteúdo: posts, memes e gifs) de apresentar a proposta para quando chegasse o período eleitoral. Não havendo nenhuma contratação pela minha empresa para este período”.
“Através da minha experiência, conhecimento e proximidade com os influencers, indiquei os que, como eu, discutem e fortalecem as causas progressistas de esquerda. Apenas seguindo a solicitação do nicho pedido pela Be Connected.”
Falete Mota repassou à reportagem um email, ligado ao site da empresa Be Connected, de propriedade de Rodrigo Queles Teixeira Cardoso.
No site, a Be Connected convida: “Venha fazer parte da nossa rede de influenciadores e seja contratado por grandes marcas, ganhando milhares em salários mais comissões”.
Queles aparece no site do diretório municipal do PT de Belo Horizonte (MG) como membro suplente do órgão.
O nome dele também aparece em documento de 2015 da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em que é nomeado como auxiliar de gabinete da deputada estadual Cristina Corrêa (PT-MG).
Em julho passado, ele foi nomeado secretário parlamentar do deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), que é irmão de Cristina Corrêa.
Mineira, a Lajoy é especializada em marketing em redes sociais e foi fundada em 2011 por Joyce Mota, conhecida no Twitter como @joycelular.
A empresa trabalha com publicidade através de influenciadores digitais, pessoas que têm muitos seguidores em seus perfis no Twitter, Facebook, Instagram e Youtube. Essas pessoas falam bem de marcas que os pagam com dinheiros e “mimos” — como são conhecidos os presentes que recebem.
Segundo as declarações de Paula Holanda, o convite veio por email.
Quem aceitava a proposta, era adicionado ao grupo de WhatsApp #Lulazord e recebia briefings (jargão da publicidade para instruções sobre tarefa a ser executada) por email.
O que são influencers?
Influencers, digital influencers ou influenciadores digitais são pessoas muito populares nas redes sociais. O conteúdo produzido por elas para o Twitter, Facebook, Instagram e YouTube é visto por milhares — até milhões — de pessoas, tornando-se padrão de comportamento e consumo.

A jornalista detalhou os tuítes que foi contratada para fazer.
“A primeira pauta foi sobre a Gleisi Hoffman. Acompanhei o caso da Gleisi e ele ilustra bem a perseguição partidária, bem como a prisão do Lula, que foi sim de cunho político, me pareceu uma pauta muito justa, então eu fiz o tweet sem resistência.” Gleisi Hoffmann (PT) era candidata ao Legislativo federal pelo Paraná.


“A segunda pauta foi sobre o Luiz Marinho. Parte da minha família mora em São Paulo e eu viajo com certa frequência pra lá, então a agenda paulista me interessa.” Luiz Marinho (PT) era candidato ao Governo de São Paulo.


Segundo Paula, a terceira tarefa veio com o seguinte email da agência Lajoy: “A intenção da pauta de hoje é divulgar & enaltecer a trajetória e as ações do Wellington Dias, que concorre ao seu quarto mandato de governador no Piauí. Queremos um conteúdo leve, divertido e/ou informativo”.
A jornalista, então, questionou a natureza da ação de marketing e foi informada que se tratava de promoção de tuítes restrita a candidatos do PT e foi expulsa do grupo.


Apesar do ocorrido, Paula Holanda disse na rede social que vai votar no candidato do ex-presidente Lula (PT) para o Planalto porque acredita que ele é a melhor opção, mas recomenda aos seguidores que “não acreditem em partidos ou ideologias, acreditem em si mesmos” e “não se deixem influenciar pelo que leem na internet”.
A influenciadora encerrou a série de publicações declarando que está aberta a novos contratos de trabalho. “Mas só aceito propostas sinceras e transparentes, ok: :-)”