quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Frente a frente com o juiz federal Sérgio Moro,
Lula não responde a várias perguntas



O segundo interrogatório de Luiz Inácio Lula da Silva


Acabou por volta das 16 horas e 30 minutos o segundo interrogatório de Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, 13.set.2017. O ex-presidente foi ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro, pela segunda vez, como réu da Operação Lava Jato.
Diferente do primeiro encontro entre Lula e Moro, no dia 10 de maio, quando o ex-presidente foi interrogado no processo do caso triplex do Guarujá e falou por 5 horas, dessa vez Lula se recusou a responder todas as perguntas e a audiência durou pouco mais de duas horas.
Moro iniciou a audiência questionando o ex-presidente sobre os acertos de propina que constam no processo. O petista é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no acerto de R$ 12 milhões em propinas da Odebrecht, por meio do repassem, dissimulado, de um terreno para o Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo.

Moro abriu interrogatório questionando sobre o apartamento comprado pela Odebrecht e registrado em nome do sobrinho do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, Glauco Costamarques Bumlai.
Lula disse que não conhece o sobrinho de Bumlai e que não participou de negócio de compra do imóvel. É um apartamento vizinho ao do presidente em São Bernardo, que era usado pela segurança presidencial. O ex-presidente disse que imóvel era do sobrinho de Bumlai e que ele quis ficar com o apartamento e alugado por ele.
“Hoje é um apartamento que está lá a minha disposição. Se permitirem que eu seja candidato em 2018, ele terá uma função política muito forte.”
Questionado sobre os pagamentos de aluguéis, Lula disse que “‘teve ter os recibos” de pagamentos. Moro insistiu que eles não foram apresentados ainda pela defesa.
Aos 20 minutos de depoimento, Lula alterou a voz, visivelmente irritado com a insistência de Moro sobre a acusação de não pagamento de aluguel do imóvel em nome do sobrinho de Bumlai:
“Vou repetir para o senhor. Nunca houve qualquer denúncia que o apartamento não estava sendo pago, seu Glauco nunca levantou… seu Glauco nunca cobrou, seu Glauco nunca me telefonou. Nem ele, nem ninguém. Pois bem, estou dizendo para o senhor que tinha uma relação da Dona Marisa Letícia (ex-primeira dama que morreu em fevereiro) no contrato do aluguel, que a Dona Marisa cuidava de forma responsável das coisas da casa. Só fiquei sabendo agora quando Glauco prestou depoimento.”
Segundo o Ministério Público Federal os repasses ilícitos da Odebrecht chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal. O montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo de R$ 504 mil.
Na semana passada, Palocci rompeu o silêncio, fez um relato devastador e entregou o ex-presidente, a quem atribuiu envolvimento com o que chamou de ‘pacto de sangue’ com a empreiteira Odebrecht que previa repasse de R$ 300 milhões para o governo petista e para Lula.
Lula já foi condenado na Lava Jato. Em julho, Sérgio Moro aplicou uma pena de 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao petista no caso tríplex.
Há ainda, sob a tutela da Lava Jato no Paraná uma terceira ação penal. O ex-presidente é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em obras do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. Este processo poderá colocar Lula e Moro frente a frente pela terceira vez na Lava Jato.
Depois de ser interrogado por Moro, foram os procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato que questionaram o ex-presidente. Depois a defesa.

Lula, o herói do povo brasileiro, chegou à capital da Lava Jato pela segunda vez — em 10 de maio, ele foi interrogado pela primeira vez por Moro — dessa vez, Lula veio com a experiência da primeira audiência e embalado por sua caravana pelo Nordeste, em que colocou nas ruas sua pré-campanha de candidato a presidente em 2018, mas no calor do impacto causado pela confissão de Palocci e com a condenação dada por Moro no processo do tríplex.


Lula chegando para o segundo interrogatório de Moro


O ex-presidente viajou para Curitiba de carro — em maio, usou um avião e estava com a ex-presidente Dilma — e dormiu na residência de um amigo; chegou às 13 horas 45 minutos na Justiça em Curitiba escoltado e aclamado por petistas — o depoimento começou por volta das 14 horas.

Lula saiu do prédio da Justiça Federal em um carro com vidros escuros, sem falar com a imprensa.

Lula foi para um hotel da cidade e, de lá, seguiu no início da noite para uma manifestação na Praça Generoso Marques na região central de Curitiba, onde cerca de 5 mil petistas o esperavam. O ex-presidente fez um discurso, como aconteceu após o primeiro interrogatório de Moro, no dia 10 de maio.



Lula em Curitiba escoltado e aclamado por petistas


Desde cedo, cerca de 40 ônibus com manifestantes chegaram à cidade. Os apoiadores concentraram-se no local do evento e no entorno do prédio da Justiça Federal, que foi bloqueado. Cerca de 1 mil policiais fecharam as ruas próximas ao prédio da Justiça em Curitiba e só moradores, imprensa e quem trabalha ou precisa ir ao fórum pode entrar no perímetro. Em maio, no primeiro depoimento de Lula, cerca de 10 mil pessoas invadiram Curitiba, para manifestações.




— Interrogatório de Lula —

Ex-presidente depôs na quarta-feira, 13.set.2017, para o juiz federal Sérgio Moro na ação penal em que é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente recebido da Odebrecht para compra de um terreno que abrigaria a sede do Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo.










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