Reação pró-Aécio é desafio à Lava Jato Aécio tornou-se pretexto para delimitar punições
Aécio Neves
Há no Brasil mais de 220 mil presos provisórios. São brasileiros pobres
que mofam esquecidos nas cadeias à espera de um julgamento. Mas Brasília
vive um curto-circuito desde que a Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal proibiu Aécio Neves de sair de casa à noite. Num esforço para
desligar a crise da tomada, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia,
prometeu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que levará a
julgamento em 11 de outubro de 2017 uma ação que sustenta que as sanções
contra parlamentares têm de ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado.
Numa palavra: deseja-se a restauração da impunidade.
Aécio e sua irmã foram gravados pedindo R$ 2 milhões ao corruptor
Joesley Batista. Um primo de Aécio foi filmado recebendo mochilas com
dinheiro. Um amigo de Aécio foi pilhado ocultando parte da verba. Diante
de tudo isso, ministros que chegaram ao Supremo com o aval do Senado
aplicaram uma lei aprovada pelos senadores para afastar Aécio do mandato
e proibi-lo de sair de casa à noite. E os senadores agora informam que a
lei que eles aprovaram para criar punições diferentes da prisão
clássica vale para qualquer brasileiro, menos para eles.
Enquanto o plenário do Supremo se equipa para decidir que as punições
impostas a Aécio pela Segunda Turma do mesmo Supremo não valem,
permanece na gaveta há 115 dias o processo que impõe restrições ao foro
privilegiado. Esse processo, se fosse julgado pelo Supremo, atenuaria o
problema, pois investigações como a de Aécio desceriam para a primeira
instância do Judiciário, onde mofam os 220 mil brasileiros presos sem
uma sentença.
O Brasil será outro país no dia em que matar excrescências como o foro
privilegiado for mais importante do que salvar da extinção a tribo dos
aécios.
Aécio e os senadores que tramam socorrê-lo, derrubando a decisão do STF
no plenário do Senado, acusam a Primeira Turma de violar a Constituição.
Sobre esse tema há enorme controvérsia na praça. Mas há algo
incontroverso no enredo protagonizado pelo ex-presidenciável tucano:
Aécio Neves exerceu em sua plenitude o direito de escolher o seu próprio
caminho para o inferno.
O político mais honesto que o espelho já conheceu
O ex-presidente Lula e Antonio Palocci
Até agora, sem uma defesa técnica convincente, Lula vinha enfrentando
seu calvário criminal acorrentado ao enredo-procissão. Nele, a divindade
percorre sua via-crúcis, cabendo aos devotos gritar “amém” e denunciar
os ímpios que tentam crucificar o político mais honesto que o espelho já
conheceu.
O imaculado do PT conseguira atravessar o mensalão sem amarrotar o terno e com uma espécie de virtude exposta na vitrine.
Na Era do petrolão, a soma das denúncias acomodadas sobre seus ombros
chegou à marca de nove. Sete dessas denúncias foram convertidas em ações
penais. Uma pena de nove anos e meio de cadeia foi imposta a Lula por
Sergio Moro.
Mas a decomposição da imagem de Lula atingiu um estágio inédito ...
quando da conversão do discípulo Antonio Palocci à Lava Jato ... e com
uma devastadora carta em que Antonio Palocci se desfiliou do PT com a
pergunta: “Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas
de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade.”
Medida por seus autocritérios, a virtude de Lula é tão exagerada que, em
vez de favorecer, pode aniquilar. Há tantos “mentirosos” contestando
Lula que o beato do PT vai se transformando num personagem
inacreditável. Os delatores da Odebrecht confirmam a propina. O
“laranja” que assumiu o apartamento de São Bernardo desmente a fábula do
aluguel. A herdeira do imóvel informa ao fisco que o vendeu imaginando
que Lula era o comprador.
Foi contra esse pano de fundo que Palocci disparou suas interrogações
mortais. Como essa: “Até quando vamos fingir acreditar na
autoproclamação do ‘homem mais honesto do país’ enquanto os presentes,
os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto são atribuídos a
dona Marisa?” Até o ex-discípulo é capaz de reconhecer a incapacidade de Lula de demonstrar honestidade.
O contrário do antilulismo que o PT supõe existir é o pró-lulismo que o
PT gostaria que existisse. Tal sentimento, para sobreviver, exigiria a
aceitação de todas as presunções de Lula a seu próprio respeito. Algo
que só seria possível com a aceitação da tese segundo a qual Lula de
fato tem uma missão especial no mundo, de inspiração divina e, portanto,
inquestionável.
A coisa seria simples se os ataques de Palocci tivessem transformado
Lula num político igual a todos os outros. Mas foi pior do que isso. A
descompostura companheira fez de Lula um personagem completamente
diferente de si mesmo — ou da divindade que ele imaginava ser.
Se Lula reconhecer que também está sujeito à condição humana. Se seus
advogados pararem de atacar investigadores e magistrados para levar meio
quilo de explicações à balança. Se a defesa parar de utilizar Marisa
Letícia como álibi de todas as culpas do marido. Talvez Lula consiga
sair da vitrine e se recuperar. Quanto a virtude da honestidade, não
será fácil tê-la de volta.
Marisa Letícia jamais poderia imaginar que, depois de morta, seria tão
útil ao marido. Acusado de ganhar de presente da Odebrecht o apartamento
contíguo ao seu, em São Bernardo, Lula assegura que o proprietário é
Glaucos da Costamarques, um parente do seu amigão José Carlos Bumlai.
Apontado pelos procuradores da Lava Jato como “laranja”, Glaucos
declarou em depoimento a Sergio Moro que Lula ocupa o imóvel desde 2011
sem pagar um níquel. Só começou a pagar aluguel no final de 2015, depois
que Bumlai foi em cana.
Homem de múltiplas ocupações, Lula disse a Moro que nunca teve tempo
para cuidar do ordenamento das despesas da família. Delegou a tarefa a
Marisa. Foi ela quem assinou o contrato de locação. Era ela a
responsável pelos pagamentos. O juiz da Lava Jato cobrou os recibos. E a
defesa anexou aos autos um papelório malcheiroso.
Afora um par de recibos com datas inexistentes e meia dúzia com erros na
grafia de Bernardo, de São Bernardo, o lote contém documentos que o
hipotético locador diz ter assinado num único dia. Deu-se no final de
2015, quando prepostos de Lula procuraram Glaucos no hospital
Sírio-Libanês, onde estava internado.
Na quinta-feira (28.set.2017), o advogado de Lula, Cristiano Zanin,
divulgou na internet um vídeo no qual acomoda sobre a memória de Marisa
Letícia a autenticidade do papelório.
Disse o doutor: “Acreditamos que esses recibos expressam a verdade dos
fatos, pois dona Marisa sempre foi uma mulher íntegra e honesta. Os
recibos estão assinados pelo proprietário do imóvel e dão quitação dos
alugueis até dezembro de 2015, gerando a presunção legal de que os
aluguéis foram devidamente pagos. A responsabilidade pelo documento é de
quem o assina. Pequenos erros em dois dos 26 recibos apresentados não
retiram a força probatória dos documentos.”
O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído de Marisa Letícia se
contorcendo no túmulo. Não estava previsto no contrato que, além de
esposa dedicada e locatária exemplar, deveria servir de álibi
post-mortem.
sábado, 23 de setembro de 2017
Sob ameaças da Coreia do Norte, habitantes de Guam tentam viver normalmente
Apesar de pedir aos 163 mil habitantes e aos diversos turistas que vivam
normalmente, o Escritório para a Defesa Civil de Guam publicou uma
série de recomendações para se preparar perante uma "iminente ameaça com
mísseis"
A Ilha de Guam é um pequeno território americano perdido no meio do
Oceano Pacífico ocidental, considerado essencial para os Estados Unidos
do ponto de vista militar. A ilha é um ponto estratégico para as forças
americanas, que contam com 6 mil soldados distribuídos em várias bases
aérea e naval.
Guam tem status de território não incorporado dos Estados Unidos, como
ocorre com Porto Rico. Os habitantes são cidadãos americanos, mas com
direitos limitados.
Eles não podem participar das eleições nos Estados Unidos, e o único
representante da ilha no Congresso não tem direito a voto nos projetos
de lei.
Regularmente, surgem pedidos de referendo de autodeterminação, mas a Justiça federal americana os rejeita.
Em Guam, que figura na lista da ONU de territórios não-autônomos, 45 mil
pessoas recebem ajuda alimentar e se beneficiam do sistema de saúde
americano.
A ilha de 550 quilômetros quadrados foi descoberta em 1521 pelo navegador português Fernando de Magalhães.
As praias paradisíacas, os complexos hoteleiros e as lojas duty-free
representam um terço dos empregos em Guam, que atraiu mais de 1,5 milhão
de visitantes em 2016. A maioria é japonesa e coreana.
Bombardeiros dos Estados Unidos voam perto de litoral norte-coreano
Bombardeiros americanos voaram no sábado, 23.set.2017, perto da costa
leste da Coreia do Norte em uma demonstração de força do poder militar
dos Estados Unidos ao programa armamentista de Pyongyang, informou o
Pentágono.
De acordo com o Pentágono, o voo das aeronaves americanas aconteceu
depois de dias de retórica cada vez mais belicosa do regime do líder
norte-coreano Kim Jong-un, em meio à preocupação internacional sobre as
ambições nucleares de Pyongyang.
Bombardeiros dos Estados Unidos têm realizado voos similares de
demonstração de força depois dos testes nucleares realizados pelos
norte-coreanos.
"Esse foi o local mais ao norte da zona desmilitarizada ao qual um avião
de combate americano ou um bombardeiro sobrevoou próximo ao litoral
norte-coreano no século 21", disse a porta-voz do Pentágono, Dana White.
"Esta missão é uma demonstração de resolução dos Estados Unidos e uma
mensagem clara de que o presidente tem muitas opções militares para
derrotar qualquer ameaça", disse Dana. "Estamos preparados para usar
todo o tipo de capacidade militar para defender a pátria dos Estados
Unidos e nossos aliados."
Os bombardeiros da Força Aérea B-1B Lancer usados no sábado estão
estacionados na Ilha de Guam. Eles foram acompanhados pelo aviões F-15C
Eagle, saídos da base japonesa de Okinawa, disse White.
Bombardeiro B-1B Lancer da Força Aérea dos Estados Unidos se prepara para decolar da base aérea na Ilha de Guam
Em Nova York, o chanceler norte-coreano Ri Yong Ho atacou duramente o
presidente americano, Donald Trump, a quem chamou de "um transtornado
mental que está repleto de megalomania".
O próprio povo americano acha que ele é um "comandante malvado", um "rei
mentiroso", disse o chanceler em seu discurso na Assembleia-Geral da
ONU. Suas ameaças de "destruir totalmente" a Coreia do Norte fazem com
que "a visita de nossos foguetes seja inevitável", alertou.
"Caso se percam vidas nos Estados Unidos será por sua culpa, por culpa
dessa missão suicida de Trump", disse o chanceler. "A Coreia do Norte é
um Estado nuclear responsável (...) mas adotaremos medidas preventivas
necessárias e implacáveis se os Estados Unidos e seus vassalos quiserem
fazer (ataques contra o país)", assegurou.
Ri disse que as "bárbaras e odiosas" sanções impostas por Washington não
farão Pyongyang mudar de opinião. "Estamos agora a alguns passos de
completar nossa capacidade nuclear, é absurdo pensar que nosso país se
desviará um milímetro de seu caminho por mais rígidas que sejam as
sanções que nos impõem."
Em seu primeiro discurso na Assembleia-Geral da ONU na terça-feira
(19.set.2017), Trump ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte, e
chamou o líder norte-coreano Kim Jong-un de "homem foguete" que está em
uma "missão suicida".
Trump anunciou novas sanções dos Estados Unidos que têm como alvo
empresas e instituições que financiam e facilitam o comércio com a
Coreia do Norte. No início deste mês, o Conselho de Segurança da ONU
aprovou por unanimidade a sua nona rodada de sanções contra Pyongyang
para combater os programas nuclear e de mísseis balísticos.
Kim disparou contra Trump na quinta-feira (21.set.2017): o descreveu
como "mentalmente transtornado" e advertiu que ele "pagará caro" por sua
ameaça.
Novo míssil balístico do Irã teria capacidade de transportar várias ogivas convencionais e atingir vários alvos de uma vez
Novo míssil balístico iraniano, batizado de 'Khoramshahr', com um alcance de 2.000 km.
O Irã testou com sucesso seu novo míssil balístico, batizado de
"Khoramshahr", com um alcance de 2.000 km e capaz de transportar várias
ogivas, anunciou no sábado, 23.set.2017, a televisão estatal iraniana.
A televisão difundiu imagens do lançamento de Khoramshahr e do interior
do míssil. A data do teste não foi comunicada, mas, na véspera, o míssil
foi exibido em um desfile militar que recordou a guerra desatada pelo
Iraque contra o Irã em 1980.
O lançamento do míssil acontece em um contexto de tensão entre o Irã e
os Estados Unidos, uma vez que o presidente americano Donald Trump
ameaça não respeitar o acordo nuclear assinado em 2015 entre a república
islâmica e os cinco principais membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China) e
a Alemanha.
O acordo nuclear não proíbe as atividades balísticas por parte do Irã,
mas a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que o ratificou,
pede que Teerã não realize testes para desenvolver mísseis elaborados
para transportar ogivas nucleares.
Os iranianos afirmam que os mísseis de seu país não foram criados para
incorporar ogivas nucleares e que, além disso, Teerã não tem qualquer
programa para fabricar armas nucleares.
"O míssil Khoramshahr, de 2.000 km de alcance, pode transportar várias
ogivas convencionais para atingir vários objetivos de uma vez", disse o
general Amir Ali Hadjizadeh, comandante da força aeroespacial da Guarda
Revolucionária, citado pela agência estatal Irna.
O Irã já possui outros dois mísseis, o Ghadr-F e o Sekhil que, com seus
2.000 km de alcance, podem alcançar Israel, arqui-inimigo do país, e as
bases americanas da região. Na sexta-feira (22.set.2017), o presidente
iraniano Hassan Rohani afirmou que o Irã se negava a limitar seu
programa balístico.
"Queiram ou não, vamos reforçar nossas capacidades militares necessárias
em termos de dissuasão", declarou Rohani durante o desfile militar.
"Não só vamos desenvolver nossos mísseis, como também nossas forças
aéreas, terrestres e marítimas. Para defender nossa pátria, não
pediremos permissão de ninguém."
O Irã desenvolveu um vasto programa balístico nos últimos anos, que
preocupa os Estados Unidos e também a Arábia Saudita, sua principal
rival na região, Israel, seu grande inimigo, e alguns países europeus,
como França.
Teerã argumenta que precisa reforçar seu programa balístico para estar
em equilíbrio com os outros países da região, principalmente os sauditas
e os israelenses, que investem milhões de dólares na compra de armas
dos países ocidentais, especialmente dos Estados Unidos.
No próximo dia 15 de outubro, Trump deve notificar ao Congresso se o Irã
respeita seus compromissos referentes ao acordo. Se disser que não, o
Congresso poderá impor novas sanções contra Teerã. No entanto, a Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinalou em várias ocasiões
que o Irã está cumprindo com seus compromissos.
Candidatura avulsa: ação discute a possibilidade de pessoas sem filiação a partidos políticos concorrerem em eleições
Crítico do sistema partidário nacional, o ministro Luís Roberto Barroso,
do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento uma ação que
discute a possibilidade de pessoas sem filiação a partidos políticos
concorrerem em eleições. Ele concluiu o relatório de uma ação que chegou
ao Supremo em junho sobre o tema. Cabe à presidente da Corte, ministra
Cármen Lúcia, decidir quando deverá entrar na pauta de julgamento.
Segundo a reportagem apurou, apesar de ainda não haver uma data
prevista, a presidência do STF marcará o julgamento a tempo de valer já
para as eleições de 2018. O prazo que o Congresso tem para modificar o
sistema eleitoral termina em 7 de outubro, um ano antes da disputa do
ano que vem. Mas diversas decisões já foram proferidas pelo Supremo e
cumpridas após o prazo de modificações no Legislativo.
A ação é de autoria do advogado Rodrigo Mezzomo, que lançou uma
candidatura independente à prefeitura do Rio em 2016, mas teve o
registro negado em todas as instâncias, incluindo o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Tem prevalecido até agora o entendimento de que a
Constituição exige a filiação partidária para alguém ser elegível.
No TSE, os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber votaram contra
o recurso de Mezzomo, rejeitado por unanimidade. O recurso
extraordinário com agravo (nome do tipo da ação) chegou ao Supremo em
junho, em meio à discussão no Legislativo sobre reforma política.
Inicialmente, Fux foi sorteado o relator no STF, mas apontou necessidade
de redistribuição por já ter julgado o caso no TSE. As discussões no
Congresso sobre a reforma política não incluem este tema.
O autor da ação alega que é preciso considerar o Pacto de São José,
firmado na Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 e ratificado
pelo Brasil em 1992. O pacto prevê que “todos os cidadãos devem gozar
dos seguintes direitos e oportunidades: (...) de votar e ser eleito em
eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e
igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da
vontade dos eleitores; e de ter acesso, em condições gerais de
igualdade, às funções públicas de seu país”.
Barroso, que tem se manifestado frequentemente sobre a necessidade de
uma reforma política ampla no Brasil, não adiantou que posicionamento
deverá adotar no julgamento. Mas, em ação anterior sobre outro tema
relacionado ao sistema eleitoral, afirmou que a Constituição não
institui uma “democracia de partidos”. “Não se pretende negar o
relevantíssimo papel reservado aos partidos políticos nas democracias
representativas modernas. Porém, não parece certo afirmar que o
constituinte de 1988 haja instituído uma ‘democracia de partidos’”,
disse, em julgamento em 2015, no qual o STF decidiu que a perda do
mandato em razão de mudança de partido não se aplica a candidatos
eleitos pelo sistema majoritário (prefeito, governador, presidente e
vices).
Após a ação chegar ao STF, a União Nacional dos Juízes Federais
(Unajuf), o Movimento Brasil Livre (MBL), o Clube dos Advogados do
Estado do Rio e o jurista Modesto Carvalhosa pediram para ingressar na
ação, cada um, na condição de amicus curiae (parte interessada), para
trazer elementos que reforçam o pedido da ação. Barroso ainda não
decidiu se autoriza ou não.
A Unajuf já teve negado no STF o seguimento de ação em que busca a
garantia do direito dos magistrados ao exercício de atividade
político-partidária.
Carvalhosa já mostrou interesse em lançar candidatura avulsa à
Presidência. “A ausência de filiação não pode impedir o exercício de um
direito político ou justificar qualquer espécie de restrição a direitos e
garantias fundamentais”, disse.
Nota do blog
Apesar do caos instalado — ou não — o fato é que os
militares sacudiram o país nos últimos dias. Se o diabo mora nos
detalhes, ele começou a se insinuar inadvertidamente. E sem ser
admoestado. Faltou pulso firme ao governo, ao mesmo tempo em que sobrou
irresponsabilidade à caserna. Em qualquer democracia do mundo deve haver
espaço para ideais de todos os espectros políticos. E isso é salutar
para o processo democrático. Mas não há dúvida de que o flerte com o
radicalismo — à direita ou à esquerda — é o mais perverso dos caminhos,
ao nos remeter a tempos que acreditamos ter ficado definitivamente para
trás.
A população minimamente instruída precisa ficar alerta a
manifestações dessa natureza. Pouco importam os panos quentes manuseados
pelos militares, ao longo dos últimos dias, para abafar o
indisfarçável. É inadmissível qualquer vestígio, rastro ou laivo capaz
de representar uma chance mínima que seja de retrocesso de 53 anos na
história do País. A retrospectiva histórica ensina: militar não tem de
se arvorar a fazer política. Cabe constitucionalmente às Forças Armadas a
garantia da ordem interna e das fronteiras. Quando os militares se
meteram a fazer política, pela última vez, mergulharam o País em 21 anos
de trevas, os quais não podemos esquecer para que jamais novamente
aconteça.
O risco do extremismo ... discurso radical que insinua intervenção militar para se contrapor ao caos político
General Mourão (à esquerda) diz que os militares podem fazer uma intervenção
Não é essa a primeira vez que um Mourão aparece na história política
brasileira, de farda e com quatro estrelas nos ombros – um general do
Exército. Não é essa a primeira vez que um general Mourão fala mais do
que as regras de sua instituição permitem. O general Antonio Hamilton
Martins Mourão está na ativa e conseguiu ser notícia porque insinuou na
maçonaria que as Forças Armadas podem atropelar a democracia se assim
cismarem e habilmente operarem um trágico passado: o golpe de 31 de
março de 1964 que rasgou a Constituição, apeou do poder o presidente
João Goulart e mergulhou o País em vinte e um anos de ditadura militar.
Reunião realizada com a presença do Alto Comando do Exército, em que se
discutiu a possibilidade de uma intervenção militar no País, revela que a
voz do general Antonio Hamilton Martins Mourão, com notas extremistas,
não é isolada na caserna.
Segunda-feira, 11.set.2017, às 9 horas, o Comandante do Exército,
general Eduardo Villas Bôas, fazia a abertura formal da 314ª reunião do
Alto Comando do Exército, realizada no Quartel General do Exército, em
Brasília. O encontro, de cinco dias de duração, foi convocado para
discutir os problemas que afligem os militares, entre os quais, a crise
política do País e a falta de recursos para manter soldados nas casernas
e garantir as atividades básicas da força, alvo de um significativo
contingenciamento de verbas do governo federal. Os generais que comandam
as tropas nas principais unidades do Exército demonstravam inquietação.
Sentiam a necessidade de se posicionar sobre a corrupção e a barafunda
reinante nos poderes da República.
A cúpula do Exército pôs em debate ali o que o general Antonio Hamilton
Martins Mourão ecoaria dias depois, mais precisamente na sexta-feira
15.set.2017, durante um evento da Loja Maçônica Grande Oriente: uma
eventual necessidade de uma intervenção militar no País, “diante da
crise ética e político-institucional”. Ou seja, Mourão não falava
sozinho nem havia cometido um arroubo imprevidente, quando defendeu a
solução radical tornada pública na última semana. Ele entabulou um
discurso respaldado por um encontro prévio do Alto Comando do Exército.
Não se trata de um foro qualquer. O colegiado é o responsável pelas
principais decisões do Exército. Estavam presentes 16 generais quatro
estrelas, entre eles Fernando Azevedo e Silva, chefe do Estado-Maior e
Comandante Militar do Leste, cotado para substituir Villas Bôas, prestes
a encerrar seu ciclo no comando do Exército. Compareceram também os
demais seis comandantes militares, entre os quais o da Amazônia, general
Antonio Miotto, e o do Sul, general Edson Leal Pujol.
Fontes ouvidas pela reportagem, presentes à reunião, ponderam que não
estavam ali a fim de tramar um golpe militar, mas confirmam que o que os
motivou a realizar o encontro foi a preocupação com o ritmo acelerado
da deterioração do quadro político brasileiro. E, sim, deixam claro que,
se houver necessidade, estarão prontos “para uma intervenção com o
objetivo de colocar ordem na casa”.
Foi munido desse espírito que Mourão desembarcou na maçonaria. O
encontro teve início às 20 horas de sexta-feira 15.set.2017. Lá, ele
disparou a metralhadora giratória sem maior cerimônia. Disse que seus
“companheiros do Alto Comando do Exército entendiam que uma intervenção
militar poderá ser adotada se o Judiciário não solucionar o problema
político”, referindo-se à corrupção. Pediu a “retirada da vida pública
desses elementos envolvidos em todos os ilícitos” e advertiu que “vai
chegar um momento em que os militares terão que impor isso (a
intervenção militar na política)”. E, por fim, acrescentou: “O que
interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e que
buscamos, de qualquer maneira, atingir esse objetivo. Então, se tiver
que haver, haverá (ação militar)”, pregou Mourão.
A fala do general provocou o maior alvoroço no País. Apesar disso, em
entrevista na noite de terça-feira 19.set.2017 a um programa de
entrevistas da TV Globo, Villas Bôas foi taxativo: “Punição não vai
haver. Essa questão já está resolvida internamente”, disse o comandante,
acrescentando: “A maneira como Mourão se expressou deu margem a
interpretações amplas, mas ele inicia a fala dizendo que segue as
diretrizes do comandante”. Ainda chamou Mourão de “um grande soldado,
uma figura fantástica”. E ateou ainda mais lenha à fogueira ao dizer que
“a Constituição concede às Forças Armadas um mandato para intervir se
houver no País a iminência de um caos”. Não é verdade. De acordo com o
artigo 142 da Constituição, as Forças Armadas podem agir, desde que “sob
a autoridade suprema do presidente da República”. Em nenhum lugar da
Carta Magna está escrito que o caos confere um “mandato” para atuar à
revelia do presidente. O que Villas Bôas deveria ter feito, e não o fez,
foi punir o subordinado.
Quando a existência de uma reunião com a participação do Alto Comando do
Exército vem à tona, tudo faz mais sentido. Como é que o Comandante do
Exército, o general Villas Boas, poderia aplicar uma sanção a um
subalterno que tornou público um dos cenários debatidos num encontro em
que ele mesmo estava presente, participou da abertura dos trabalhos e
comandou as discussões? Não poderia, evidente, e, por isso, não puniu.
Em audiência no dia seguinte, o ministro da Defesa, Raul Jungmann,
defendeu ao menos uma reprimenda pública a Mourão, ao que o comandante
do Exército de novo resistiu. Ficou combinado apenas que Villas Bôas
conversaria com o subordinado para deixar claro que a voz oficial do
Exército é a dele e de mais ninguém. Coube aos comandantes militares da
Marinha, Exército e Aeronáutica defender publicamente, por meio de
comunicados, o respeito à Constituição, aos poderes constituídos e aos
princípios democráticos.
Mero formalismo. Embora não lidere nenhum movimento de insurreição
militar, o general Mourão conta com amplo apoio não só do comando do
Exército, como da tropa. No início da semana, o coronel Muniz Costa
distribuiu para um grupo de companheiros de farda uma carta sob o título
“Do que falou o General”. Nela, promoveu uma contundente defesa do
general: “Quando um general de quatro estrelas afirma que o Exército tem
planejamentos para atuar na eventualidade de uma falência das
instituições nacionais, num momento que o País enfrenta a mais grave
crise em mais de cinquenta anos, as cassandras do ‘pseudolegalismo’ se
agitam”, afirmou. O primeiro comandante da Força de Paz no Haiti (2004),
general da reserva Augusto Heleno, seguiu na mesma toada.“Meu apoio
irrestrito ao respeitado chefe militar (Mourão). É preocupante o
descaramento de alguns políticos, integrantes da quadrilha que derreteu o
País, cobrando providências contra um cidadão de reputação intocável”.
Outro que demonstrou estar no mesmo compasso de Mourão foi o general de
Brigada Paulo Chagas. A seu grupo de amigos nas redes sociais afirmou
que num cenário de um caos total, os militares não poderiam ficar
“inertes aguardando ordens”. O presidente da Associação de Oficiais da
Reserva do Distrito Federal, o tenente Rômulo Nogueira, foi além, ao
divagar sobre uma eventual queda de Temer. “Quem assume? O rapazinho lá,
não sei o quê Maia. Será que ele teria pulso forte para dar uma ordem?
Num clamor, numa desordem, alguém tem de tomar conta da casa”.
Em 2015, o mesmo Mourão havia sido afastado do Comando Militar do Sul,
em Porto Alegre, depois de tecer críticas a presidente Dilma, dizendo
que seu governo era corrupto e incompetente — o que não constituía uma
mentira, por óbvio. Mas tratava-se de uma insubordinação. Punido, Mourão
foi transferido para Brasília, onde assumiu o cargo de Secretário de
Finanças do Exército, sua atual função, uma das mais importantes na
força.
Não convém desconsiderar que prevalece entre setores da caserna o
espírito corporativista. Apesar de o governo tê-los poupado de eventuais
maldades — os militares foram retirados da reforma da Previdência e,
também, ficaram imunes à proposta de congelamento dos salários dos
servidores federais —, há uma espécie de sentimento de sabotagem ao
estado de penúria experimentado pelas Forças Armadas desde 2012 pelo
menos. Nos últimos cinco anos, o Orçamento despencou de R$ 17,5 bilhões
para R$ 9,7 bilhões.
Em geral, as insatisfações são ecoadas por militares, da ativa e da
reserva, por ‘WattsApp’. Pelas redes privadas, formam grupos de
comunicação direta, trocam informações e opiniões. É por elas que
circulam as críticas pela falta de verbas.
Forças Armadas na Rocinha
O uso das Forças Armadas no combate ao crime organizado no Rio de
Janeiro, que deveria ser pontual, virou algo corriqueiro. O fenômeno
nasceu quando Sérgio Cabral governava o Rio. Hoje, as favelas cariocas
estão mais violentas e Cabral está preso em Bangu oito.
O atual surto de violência, localizado na favela da Rocinha, foi
deflagrado a 3.400 km do Rio, no presídio de segurança máxima de
Rondônia. Ali, está preso o traficante Antonio Bonfim Lopes, o Nem. A
distância não o impediu de ordenar o ataque a um traficante rival, na
Rocinha. O presídio federal virou escritório do traficante.
O ministro Raul Jungmann, da Defesa, comparou o Rio de Janeiro a “um
doente na UTI.” Disse que o paciente “tem fraturas, hemorragia interna e
uma cirrose.” Perguntou: “Você vai segurar a hemorragia ou a cirrose?”
Bem, a cirrose só será curada no dia em que o poder público se livrar de
gestores que se deixam embriagar pela corrupção. Até lá, o uso das
tropas em operações de segurança pública tem o efeito de um band-aid.
Serve para curativos pontuais. Mas não segura hemorragias.
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
STF vai julgar validade de leis que proíbem Uber e aplicativos de transporte
O ministro Luís Roberto Barroso decidiu que o Supremo analisará a
constitucionalidade de leis que proíbem os aplicativos de transporte,
como Uber, Cabify, 99 e outros.
Provocado por um recurso contrário a uma lei aprovada em São Paulo, que
tentou acabar com este modelo de transporte, Barroso considerou o caso
de "repercussão geral". Ou seja, o STF dará uma decisão para todos os
casos no país. Mas ainda não há previsão de julgamento.
No entendimento específico, o Supremo vai decidir se a proibição do uso dos aplicativos viola princípios da ordem econômica.
Embora a Câmara tenha aprovado uma lei sobre o tema e o Senado esteja
discutindo as regras para o modelo de transporte, uma decisão do Supremo
poderia garantir de vez o uso dos aplicativos no Brasil.
POR ENQUANTO — Será votado no Senado, na terça-feira
(26.SET.2017), um requerimento de urgência para pautar um projeto de lei
que atende à demanda de taxistas.
A proposta em tramitação obriga o condutor a ter uma autorização da
prefeitura e condiciona à autorização ao uso de uma placa vermelha,
assim como os táxis.
As regras inviabilizariam aplicativos como Uber, Cabify e congêneres.
O requerimento de urgência já conta com assinatura de 21 senadores. Para ser aprovado precisa de maioria simples dos presentes.
Se for aprovado, como já veio da Câmara, o texto segue para sanção presidencial.
Relatório da Polícia Federal mapeou doações de empresas investigadas no âmbito da Lava Jato ao PMDB
Em relatório preparado no âmbito da Lava Jato, a Polícia Federal mapeou
as doações eleitorais feitas pelas empresas JBS, OAS, Odebrecht e
Petrópolis ao PMDB nas eleições de 2010, 2012 e 2014.
Executivos da Odebrecht, OAS e JBS firmaram acordos de delação premiada
com a Procuradoria-Geral da República nos quais relatam pagamento de
propina a políticos. O pagamento poderia se dar, entre outras formas,
por doação eleitoral oficial. A Petrópolis, segundo a Odebrecht, era uma
empresa usada pela empreiteira baiana para fazer doações a políticos
sem chamar a atenção para o grupo.
A PF mapeou as doações de cada empresa aos candidatos do partido nos
anos eleitorais a partir de 2010 até 2014, ano em que a Operação Lava
Jato teve início. Em 2010, 2012 e 2014, o PMDB arrecadou um total de R$
282,9 milhões de forma oficial dessas empresas.
A maior doadora do grupo foi a JBS (R$ 110,3 milhões), seguida de
Odebrecht (R$ 77 milhões), OAS (R$ 58,1 milhões) e Petrópolis (R$ 37,3
milhões).
Na divisão por candidatos, a PF destaca o nome dos ex-ministros Henrique
Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, hoje presos por desdobramentos da
Lava Jato. Henrique Alves é o segundo que mais arrecadou doações destas
empresas, chegando a R$ 8,8 milhões. Já Geddel arrecadou R$ 4 milhões.
Os dois foram denunciados por suposta formação de uma organização criminosa no núcleo do PMDB da Câmara.
O relatório da polícia foi elaborado pelo agente Alan Testi, em 5 de
setembro, a pedido do delegado Marlon Cajado, do Grupo de Inquéritos
perante o Supremo Tribunal Federal.
As doações empresariais ao PMDB nas campanhas eleitorais de 2014 tiveram
a maior arrecadação histórica de dinheiro repassado por empresas o que
certamente é fruto do vasto esquema criminoso montado nos mais diversos
órgãos e empresas estatais. Só o PMDB teve incremento, em 2014, de R$
122,7 milhões em relação aos valores recebidos em 2010.
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
Lula chamou os delegados da Polícia Federal de analfabetos políticos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a aceitação da
denúncia contra ele por corrupção passiva acusado de vender uma Medida
Provisória é a “excrescência, da excrescência da excrescência” e chamou
os delegados da Polícia Federal de analfabetos políticos.
“Essa da Medida Provisória é a excrescência da excrescência da
excrescência”, afirmou Lula, na manhã de quinta-feira (21.set.2017),
durante evento de lançamento da plataforma colaborativa “O Brasil que
queremos”, da Fundação Perseu Abramo, em um hotel no centro de São
Paulo.
Na terça-feira (19.set.2017) o juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara
Federal em Brasília, tornou Lula e outras seis pessoas réus pela suposta
venda da Medida Provisória 471 que, em 2009, prorrogou incentivos
fiscais para a indústria automotiva nas regiões Nordeste, Norte e
Centro-Oeste.
Pouco antes da fala do presidente o vereador paulista Eduardo Suplicy fez uma
defesa enfática de Lula. "Como eles podem ser acusados de vender uma MP
editada pelo Fernando Henrique Cardoso e relatada pelo José Carlos
Aleluia, do DEM?", questionou Suplicy.
Lula, condenado a nove anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, é réu em outros seis
processos.
O ex-presidente disse ter se queixado com o diretor da Polícia Federal,
Leandro Daiello, sobre a má formação política dos delegados da
corporação. “ Fui prestar depoimento para o delegado e depois que acabou
a conversa estava o José Eduardo Cardozo, que era ministro da Justiça,
estava o diretor da Polícia Federal e eu disse: acho que vocês estão com
um problema, vocês precisam dar uma formação política para estes
delegados, porque são verdadeiros analfabetos políticos, são, não
conhecem nada do processo político e é preciso cuidar disso porque vocês
têm jovens bem-intencionados, às vezes bem formados, que o pai
financiou dois anos em casa só estudando para fazer um concurso, fez um
concurso e pronto, virou o julgador do mundo”, disse o ex-presidente.
De acordo com Lula, falta “grandeza” a seus acusadores para admitir que
estão errados. “Eles conseguem jogar lama nas pessoas e depois não
conseguem pedir desculpas porque pedir desculpas é uma palavra grande.
Só pede desculpa e reconhece o erro que tem grandeza e não é todo mundo
que tem grandeza”, afirmou.
Lula apontou que são os procuradores que devem provar sua culpa, e não ele que deve provar a inocência.
"Eles mexeram com quem não deveriam mexer, com político que não roubou e
tem sua honra para defender", disse o ex-presidente. Segundo ele, o
processo de criminalização da sigla é baseado em mentiras. "A imprensa
mente, a Polícia Federal faz inquérito mentiroso, o Ministério Público
faz denúncia mentirosa e a Justiça aceita", comentou.
Lula disse também que "em vez de ganhar ricas diárias em Curitiba, o Ministério Público deveria fiscalizar a merenda escolar".
Lula frisou que a educação deve ser prioridade no País e criticou o
projeto de gestões anteriores à do PT sobre o tema, dizendo que parte da
elite brasileira "foi canalha" e não se preocupou com o tema. Ele
explicou que, quando o acesso ao ensino é ampliado, a economia também se
beneficia. "Não vamos ter medo do que as pessoas vão falar desse nosso
projeto. A marca do PT é o aprendizado da convivência democrática na
adversidade", disse Lula.
Reforma eleitoral foi reduzida a remendos e a um fundo para pagar campanhas com verba pública
O Congresso discute há mais de um ano propostas de reformulação do
sistema eleitoral. E tudo o que o Legislativo conseguiu oferecer à
plateia foi uma coreografia desconexa e lamentável. Já não há tempo para
aprovar uma reforma de verdade para vigorar nas eleições de 2018. A
discussão foi reduzida a remendos, entre eles um fundo para pagar
campanhas com verba pública.
Se a sensibilidade dos ouvidos fosse transferida para o nariz, a plateia
sentiria um cheiro insuportável ao ouvir os debates travados no
Legislativo. Bancadas de partidos mal-intencionados, comandadas por
líderes que não lideram nem a si mesmos, tramam contra o interesse
público e impedem a formação de consensos mínimos. Perde-se mais uma
oportunidade para reformar um sistema que produz escândalos em série,
corruptos em profusão e instituições em acelerado estágio de
decomposição.
A conta ainda não foi feita. Mas estamos pagando uma fortuna em troca de
nada. Além do palco, da iluminação, do som, da TV para transmitir tudo
ao vivo, financiamos a casa, a comida, o celular, o transporte, os
assessores e os salários dos congressistas. Não seria um absurdo se
alguém representasse contra o Congresso nos órgãos de "defesa da
pátria".
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Superávit fiscal só deve chegar no ano de 2021
Mansueto Almeida
O economista Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do
Ministério da Fazenda e um dos principais auxiliares do ministro
Henrique Meirelles (Fazenda), condicionou o êxito do ajuste fiscal à
evolução da conjuntura política. Em audiência na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado, ele realçou que o ajuste é gradual. E previu que o
governo deve voltar a registrar superávit primário em suas contas
apenas em 2021.
O assessor de Meirelles informou aos senadores que o Brasil não tinha
uma sequência tão longa de déficits primários desde o início dos anos
1990. “O Brasil está numa sucessão de déficits primários que não
acontece desde a Constituição” de 1988, afirmou. Daí a dificuldade para
reverter rapidamente o crescimento da dívida pública.
“O Brasil, para o seu nível de desenvolvimento, tem a segunda maior
dívida bruta (78,3% do PIB) entre os países emergentes (média de
47,3%)”, afirmou Mansueto. “Ajuste fiscal é necessário. No nosso caso,
ele já é muito gradual e a dívida pública ainda crescerá.”
PT pode tornar-se piada ... caso Lula vire ficha-suja
O Partido dos Trabalhadores está tonto. A tonteira cresce à medida que
aumentam as chances de Lula se tornar um político ficha-suja,
inabilitado para disputar eleições. O PT ameaça adotar uma estratégia
muito parecida com um plano de fuga. O partido discute a sério a ideia
de boicotar as eleições de 2018. Sem Lula, o PT deixaria de lançar
candidatos ao Planalto, à Câmara e ao Senado. E viajaria pelo mundo
gritando: “É fraude.”
O preso José Dirceu, “guerreiro do povo brasileiro”, apoia o boicote. A
investigada Gleise Hoffmann, presidente do PT, acha que o debate expõe a
gravidade da hipotética perseguição a Lula. José Américo, deputado
estadual do PT de São Paulo, chega a dizer que, sem Lula na urna
eleitoral, o país corre “um risco de guerra civil.” Dizia-se o mesmo do
impeachment. Mas a única arma que o brasileiro pegou foi o currículo —
13 milhões estão na batalha pelo emprego perdido sob Dilma.
Em 13 anos, o PT produziu dois megaescândalos. No mensalão, Lula
safou-se. No petrolão, até o companheiro Palocci o chama de corrupto. Os
partidos políticos brasileiros têm cabeças demais e miolos de menos. O
PT sofre da mesma escassez de miolos, mas com uma cabeça só. O que o PT
informa agora, com outras palavras, é o seguinte: se o cabeça for preso,
a organização desistirá de se apresentar como partido político para se
refundar como uma piada.
Segundo o Exército, a intervenção militar tem aval constitucional sob iminência de caos
O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército
O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, informou que não
cogita punir o também general Antonio Hamilton Mourão por ter defendido
uma “intervenção militar” caso o Judiciário não resolva o problema da
corrupção. Elogiou o subordinado: “O Mourão é um grande soldado, uma
figura fantástica, um gauchão…”. Tentou virar a página: “É uma questão
que já consideramos resolvida internamente.” Mas inaugurou um novo
capítulo da polêmica ao declarar que a Constituição concede às Forças
Armadas “um mandato” para intervir se houver no país “a iminência de um
caos.”
As declarações do general Villas Bôas foram feitas em um programa de
entrevista da Rede Globo de Televisão, levada ao ar na madrugada de
quarta-feira (20.set.2017), no programa ‘Conversa com o Bial’. O
comandante do Exército admitiu que a fala do general Mourão “dá margem a
interpretações.” A pretexto de contextualizar o raciocínio do
subordinado, evocou o artigo 142 da Constituição, que anota as
atribuições do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. E terminou
deixando claro que também avalia que, na antessala do caos, os militares
podem intervir. Mais do que isso: a ação seria um dever constitucional.
Absteve-se de definir o que seria ''a iminência de um caos.''
Veja o que disse o general Villas Bôas no pedaço mais palpitante da
conversa: “Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142,
como atribuição das Forças Armadas, ela diz ali: que as Forças Armadas
podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de um
dos poderes. E isso tem acontecido recorrentemente. Estamos lá no Rio
de Janeiro, estivemos lá no Espírito Santo. Mas, antes, no texto
[constitucional], diz: as Forças Armadas se destinam à defesa da pátria e
das instituições. Essa defesa das instituições, dos poderes
constituídos, ela poderá ocorrer por iniciativa de um deles ou na
iminência de um caos. Então, as Forças Armadas teriam um mandato para
fazê-lo.”
O texto do artigo 142 anota explicitamente que as Forças Armadas estão
“organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do presidente da República.” Não está escrito que o caos concede
aos militares “um mandato” para agir à revelia do presidente. Mesmo que
o inquilino do Planalto tenha sido denunciado pela Procuradoria-Geral
da República.
Antônio Mourão, como general da ativa, está proibido de opinar sobre
assuntos políticos. Caberia ao comandante do Exército punir o
subordinado. Mas o comandante preferiu manusear panos quentes. “Tem que
contextualizar, né Bial? O ambiente que ele estava era um ambiente
fechado. Ele foi provocado numa pergunta …”
De fato, o general Mourão pregou a intervenção militar numa palestra
promovida pela maçonaria, em Brasília. Mas não está previsto em nenhuma
norma do Exército que, entre quatro paredes, os oficiais podem
transgredir as normas. De resto, a transgressão do subordinado de Villas
Bôas tornou-se aberta no instante em que foi veiculada na rede mundial
de computadores.
Conforme notou Villas Bôas, o general Mourão animou-se a falar sobre
intervenção militar em reação a uma pergunta. O que o comandante do
Exército se absteve de recordar é que a questão dirigida a Mourão fez
menção explícita à situação penal do presidente da República.
A pergunta foi enviada por uma pessoa da plateia. Um mediador leu para
Mourão: ''A Constituição Federal de 88 admite uma intervenção
constitucional com o emprego das Forças Armadas. Os poderes Executivos e
os Legislativos estão podres, cheio de corruptos, não seria o momento
dessa interrupção, dessa intervenção, quando o presidente da República
está sendo denunciado pela segunda vez e só escapou da primeira denúncia
por ter 'comprado', entre aspas, membros da Câmara Federal? Observação:
fechamento do Congresso, com convocações gerais em 90 dias, sem a
participação dos parlamentares envolvidos em qualquer investigação.
Gente nova.''
Ao responder, o subordinado de Villas Bôas não fez nenhuma ressalva que
preservasse o Presidente, o suposto comandante supremo das Forças
Armadas. Ao contrário, sem ânimo para resguardar o comandante supremo, o
general Mourão endossou o conteúdo da indagação: “Excelente pergunta”,
disse o palestrante, antes de soar claro como água de bica: “É óbvio,
né?, que quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão
nos cercando, a gente diz: 'Pô, por que que não vamos derrubar esse
troço todo?' Na minha visão, aí a minha visão que coincide com os meus
companheiros do Alto Comando do Exército, nós estamos numa situação
daquilo que poderíamos lembrar lá da tábua de logaritmos, 'aproximações
sucessivas'. Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o
problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública
esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos
que impor isso.”
Mourão insinuou que, se necessário, os militares agiriam com método:
“Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o
que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não
conseguirem, né?, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução.
E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter
certeza disso aí.”
Além de não impor nenhuma punição a Mourão, o comandante Villas Bôas
animou-se a assumir o papel de tradutor do subordinado: “Nós já
conversamos. O que ele quis dizer é que… Ele chamou a atenção para as
eleições. Quando ele fala de ‘aproximações sucessivas’, uma delas, que
ele fala, é das eleições. E ele diz que, caso não sejam solucionados os
problemas, nós poderemos ter que intervir. Então, isso foi o que ele
quis dizer realmente. E essa questão de intervenção militar, ela ocorre
permanentemente. No Rio de Janeiro, é uma intervenção militar, como foi
no Espírito Santo, como foi em Natal …”
Não foi a primeira vez que Mourão virou notícia. Em outubro de 2015, ele
criticara a então presidente Dilma Rousseff. Graças ao sincericídio,
fora exonerado do posto de comandante militar da região Sul. Transferido
de Porto Alegre para Brasília, responde desde então pela Secretaria de
Economia e Finanças do Exército.
Villas Bôas confirmou a reincidência: “É, ele já tinha se manifestado
uma outra vez.” Esclareceu que Mourão não fala pelo generalato.
“Inclusive ele falou no Alto Comando. Mas ele não fala pelo Alto
Comando. O único que fala pelo Alto Comando sou eu. E pelo Exército
também. Mas é uma questão que já consideramos resolvida internamente.”
Há dois dias, nas pegadas da repercussão das declarações do general
Mourão, o Ministério da Defesa divulgara uma nota oficial. Nela, estava
escrito: “O ministro da Defesa, Raul Jungmann, convocou o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Bôas, para esclarecer os fatos
relativos a pronunciamento de oficial general da Força e quanto às
medidas cabíveis a serem tomadas.”
Segundo Villas Bôas punição não vai haver: “Não, não. Já conversamos, para colocar as coisas no lugar. Mas uma punição formal não vai haver.”
Num instante em que a plateia aguardava o anúncio das “medidas
cabíveis”, o convocado Villas Bôas levou o rosto ao vídeo da emissora de
maior audiência do país para informar que “punição formal não vai
haver.” Não deve ocorrer também nenhuma intervenção militar. Não por
falta de caos. De concreto, por ora, o pavio que Mourão acendeu produziu
apenas constrangedora evidência: está entendido que oficiais podem
dizer o que bem entender, porque punição ''não vai haver''.
Ford deixará inativas linhas de produção de cinco fábricas na América do Norte
A Ford Motor disse na terça-feira (19.set.2017) que deixaria inativas
linhas de produção em cinco fábricas temporariamente, incluindo três nos
Estados Unidos. O movimento é o último da fabricante de automóveis para
lidar com a desaceleração das vendas de veículos e o aumento da
capacidade da indústria.
A Ford está agendando de uma a três semanas de tempo de inatividade nas
fábricas para reduzir o inventário de automóveis não vendidos em lotes
de revendedores. Coletivamente, essas cinco fábricas empregam dezenas de
milhares de trabalhadores, que serão demitidos temporariamente durante
as semanas de paralisação.
O movimento afetará fábricas que construam principalmente veículos de
passeio da Ford, incluindo o Fiesta e o Fusion, cujas vendas foram
atingidas com força devido à mudança na demanda dos consumidores para
veículos maiores e SUVs.
Os executivos da Ford sinalizaram, ao longo do ano, que poderiam tomar
tais ações para combater a desaceleração das vendas nos Estados Unidos.
Embora tenha resistido em grande parte a demissões permanentes, optando
por programar o tempo de inatividade quando necessário, os níveis de
estoque da companhia cresceram nos últimos meses.
A General Motors, entretanto, cortou milhares de empregos neste ano em
diversas fábricas de automóveis em resposta à queda da demanda do
consumidor.
terça-feira, 19 de setembro de 2017
Novo terremoto atinge o México e deixa pelo menos 120 mortos
Um terremoto de magnitude 7,1 graus na escala Richter foi registrado na
Cidade do México e mais quatro Estados na tarde de terça-feira
(19.set.2017), doze dias após o país passar por um tremor que deixou 98
mortos.
A nova tragédia coincide com dia em que se completam 32 anos do sismo de
1985, com pelo menos 10 mil mortos. Duas horas antes do abalo de terça,
o país havia feito uma simulação de retirada para lembrar o
aniversário.
Segundo o Serviço Sismológico Nacional, o terremoto ocorreu às 13h14
locais (15h14 em Brasília) e seu epicentro foi a 12 km de Axochiapan, no
Estado de Morelos, a 125 km da capital mexicana, a 57 km de
profundidade.
O fenômeno sacudiu edifícios e causou pânico, levando as pessoas a correr para as ruas.
O terremoto levou pessoas à morte em Puebla, local do epicentro. No
Estado do México, mais populoso do país, com 16 milhões de pessoas, e na
Cidade do México, que tem 8,9 milhões de habitantes.
O chefe de governo da capital, Miguel Ángel Mancera, disse que pelo
menos 49 prédios foram destruídos. Bombeiros, membros da Defesa Civil e
moradores voluntários buscavam possíveis pessoas presas nos escombros
das construções.
O abalo causou cortes no fornecimento de energia, vazamento de gás,
interrupção no serviço de telefonia e a suspensão do funcionamento do
metrô.
As regiões mais afetadas foram o centro e a zona sul. A Defesa Civil
pediu que os moradores da cidade contribuam para os resgates com
ferramentas, remédios, comida e água e irem aos hospitais para doarem
sangues.
Apesar da intensidade, o transporte público foi levemente afetado. Às
17h, apenas duas estações das 12 linhas do metrô não funcionavam. As
autoridades liberaram as catracas de acesso aos trens e ao BRT da
capital mexicana.
O tremor também derrubou pontes, viadutos e passarelas e abriu uma fenda
no acesso ao terminal 2 do Aeroporto Internacional Benito Juárez, que
já havia sido danificado no terremoto de magnitude 8,1 no último dia 7.
O terminal aéreo foi fechado por quatro horas para avaliações, mas há ao
menos cem voos atrasados e mais de 50 desviados para o aeroporto de
Toluca, no Estado do México. Voos ao Brasil não foram afetados até o
momento.
No momento do terremoto, o presidente Enrique Peña Nieto estava a
caminho de Oaxaca, Estado mais afetado pelo abalo do dia 7. Em
entrevista, ele disse que enviará à região central as equipes que
atuavam no sudoeste.
"Ativamos todas as áreas da administração e trazendo de volta
funcionários que estavam em Oaxaca e Chiapas. Não estamos retirando a
assistência a eles, mas agora a região central do país vive uma situação
de emergência."
O tremor ocorre menos de 15 dias depois de um terremoto de 8,1 graus que
deixou 98 mortos e afetou principalmente os Estados de Chiapas e
Oaxaca, regiões pobres do país.
O governo concentrava seus esforços na reconstrução. De acordo com
estimativas da Defesa Civil, pelo menos 50 mil casas no Estado de
Chiapas foram afetadas pelo terremoto do início deste mês — sendo que 16
mil delas desabaram.
Segundo o Itamaraty, até o momento não há brasileiros entre as vítimas.
Residentes no México que precisem de auxílio podem entrar em contato
pelos telefones de emergência do consulado-geral do Brasil no México: 0
44 55 3455-3991 (da Cidade do México), 01 55 3455-3991 (do interior do
México) ou (00xx) 52 1 55 3455-3991 (a partir do Brasil). O Núcleo de
Assistência a Brasileiros do Itamaraty, em Brasília, poderá ser acionado
pelo e-mail dac@itamaraty.gov.br e também pelos telefones +55 61 2030
8803/8804 (das 8h às 20h) e + 55 61-98197-2284 (Plantão Consular, das
20h às 8h).