sábado, 30 de setembro de 2017

Reação pró-Aécio é desafio à Lava Jato
Aécio tornou-se pretexto para delimitar punições



Aécio Neves


Há no Brasil mais de 220 mil presos provisórios. São brasileiros pobres que mofam esquecidos nas cadeias à espera de um julgamento. Mas Brasília vive um curto-circuito desde que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal proibiu Aécio Neves de sair de casa à noite. Num esforço para desligar a crise da tomada, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, prometeu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que levará a julgamento em 11 de outubro de 2017 uma ação que sustenta que as sanções contra parlamentares têm de ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado. Numa palavra: deseja-se a restauração da impunidade.
Aécio e sua irmã foram gravados pedindo R$ 2 milhões ao corruptor Joesley Batista. Um primo de Aécio foi filmado recebendo mochilas com dinheiro. Um amigo de Aécio foi pilhado ocultando parte da verba. Diante de tudo isso, ministros que chegaram ao Supremo com o aval do Senado aplicaram uma lei aprovada pelos senadores para afastar Aécio do mandato e proibi-lo de sair de casa à noite. E os senadores agora informam que a lei que eles aprovaram para criar punições diferentes da prisão clássica vale para qualquer brasileiro, menos para eles.
Enquanto o plenário do Supremo se equipa para decidir que as punições impostas a Aécio pela Segunda Turma do mesmo Supremo não valem, permanece na gaveta há 115 dias o processo que impõe restrições ao foro privilegiado. Esse processo, se fosse julgado pelo Supremo, atenuaria o problema, pois investigações como a de Aécio desceriam para a primeira instância do Judiciário, onde mofam os 220 mil brasileiros presos sem uma sentença.
O Brasil será outro país no dia em que matar excrescências como o foro privilegiado for mais importante do que salvar da extinção a tribo dos aécios.


Aécio e os senadores que tramam socorrê-lo, derrubando a decisão do STF no plenário do Senado, acusam a Primeira Turma de violar a Constituição. Sobre esse tema há enorme controvérsia na praça. Mas há algo incontroverso no enredo protagonizado pelo ex-presidenciável tucano: Aécio Neves exerceu em sua plenitude o direito de escolher o seu próprio caminho para o inferno.




O político mais honesto que o espelho já conheceu



O ex-presidente Lula e Antonio Palocci


Até agora, sem uma defesa técnica convincente, Lula vinha enfrentando seu calvário criminal acorrentado ao enredo-procissão. Nele, a divindade percorre sua via-crúcis, cabendo aos devotos gritar “amém” e denunciar os ímpios que tentam crucificar o político mais honesto que o espelho já conheceu.
O imaculado do PT conseguira atravessar o mensalão sem amarrotar o terno e com uma espécie de virtude exposta na vitrine.
Na Era do petrolão, a soma das denúncias acomodadas sobre seus ombros chegou à marca de nove. Sete dessas denúncias foram convertidas em ações penais. Uma pena de nove anos e meio de cadeia foi imposta a Lula por Sergio Moro.
Mas a decomposição da imagem de Lula atingiu um estágio inédito ... quando da conversão do discípulo Antonio Palocci à Lava Jato ... e com uma devastadora carta em que Antonio Palocci se desfiliou do PT com a pergunta: “Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade.”
Medida por seus autocritérios, a virtude de Lula é tão exagerada que, em vez de favorecer, pode aniquilar. Há tantos “mentirosos” contestando Lula que o beato do PT vai se transformando num personagem inacreditável. Os delatores da Odebrecht confirmam a propina. O “laranja” que assumiu o apartamento de São Bernardo desmente a fábula do aluguel. A herdeira do imóvel informa ao fisco que o vendeu imaginando que Lula era o comprador.
Foi contra esse pano de fundo que Palocci disparou suas interrogações mortais. Como essa: “Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do ‘homem mais honesto do país’ enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto são atribuídos a dona Marisa?” Até o ex-discípulo é capaz de reconhecer a incapacidade de Lula de demonstrar honestidade.
O contrário do antilulismo que o PT supõe existir é o pró-lulismo que o PT gostaria que existisse. Tal sentimento, para sobreviver, exigiria a aceitação de todas as presunções de Lula a seu próprio respeito. Algo que só seria possível com a aceitação da tese segundo a qual Lula de fato tem uma missão especial no mundo, de inspiração divina e, portanto, inquestionável.
A coisa seria simples se os ataques de Palocci tivessem transformado Lula num político igual a todos os outros. Mas foi pior do que isso. A descompostura companheira fez de Lula um personagem completamente diferente de si mesmo — ou da divindade que ele imaginava ser.
Se Lula reconhecer que também está sujeito à condição humana. Se seus advogados pararem de atacar investigadores e magistrados para levar meio quilo de explicações à balança. Se a defesa parar de utilizar Marisa Letícia como álibi de todas as culpas do marido. Talvez Lula consiga sair da vitrine e se recuperar. Quanto a virtude da honestidade, não será fácil tê-la de volta.


Marisa Letícia jamais poderia imaginar que, depois de morta, seria tão útil ao marido. Acusado de ganhar de presente da Odebrecht o apartamento contíguo ao seu, em São Bernardo, Lula assegura que o proprietário é Glaucos da Costamarques, um parente do seu amigão José Carlos Bumlai. Apontado pelos procuradores da Lava Jato como “laranja”, Glaucos declarou em depoimento a Sergio Moro que Lula ocupa o imóvel desde 2011 sem pagar um níquel. Só começou a pagar aluguel no final de 2015, depois que Bumlai foi em cana.
Homem de múltiplas ocupações, Lula disse a Moro que nunca teve tempo para cuidar do ordenamento das despesas da família. Delegou a tarefa a Marisa. Foi ela quem assinou o contrato de locação. Era ela a responsável pelos pagamentos. O juiz da Lava Jato cobrou os recibos. E a defesa anexou aos autos um papelório malcheiroso.
Afora um par de recibos com datas inexistentes e meia dúzia com erros na grafia de Bernardo, de São Bernardo, o lote contém documentos que o hipotético locador diz ter assinado num único dia. Deu-se no final de 2015, quando prepostos de Lula procuraram Glaucos no hospital Sírio-Libanês, onde estava internado.
Na quinta-feira (28.set.2017), o advogado de Lula, Cristiano Zanin, divulgou na internet um vídeo no qual acomoda sobre a memória de Marisa Letícia a autenticidade do papelório.
Disse o doutor: “Acreditamos que esses recibos expressam a verdade dos fatos, pois dona Marisa sempre foi uma mulher íntegra e honesta. Os recibos estão assinados pelo proprietário do imóvel e dão quitação dos alugueis até dezembro de 2015, gerando a presunção legal de que os aluguéis foram devidamente pagos. A responsabilidade pelo documento é de quem o assina. Pequenos erros em dois dos 26 recibos apresentados não retiram a força probatória dos documentos.”
O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído de Marisa Letícia se contorcendo no túmulo. Não estava previsto no contrato que, além de esposa dedicada e locatária exemplar, deveria servir de álibi post-mortem.





sábado, 23 de setembro de 2017

Sob ameaças da Coreia do Norte, habitantes de Guam
tentam viver normalmente



Apesar de pedir aos 163 mil habitantes e aos diversos turistas que vivam normalmente, o Escritório para a Defesa Civil de Guam publicou uma série de recomendações para se preparar perante uma "iminente ameaça com mísseis"

A Ilha de Guam é um pequeno território americano perdido no meio do Oceano Pacífico ocidental, considerado essencial para os Estados Unidos do ponto de vista militar. A ilha é um ponto estratégico para as forças americanas, que contam com 6 mil soldados distribuídos em várias bases aérea e naval.






Guam tem status de território não incorporado dos Estados Unidos, como ocorre com Porto Rico. Os habitantes são cidadãos americanos, mas com direitos limitados.
Eles não podem participar das eleições nos Estados Unidos, e o único representante da ilha no Congresso não tem direito a voto nos projetos de lei.
Regularmente, surgem pedidos de referendo de autodeterminação, mas a Justiça federal americana os rejeita.
Em Guam, que figura na lista da ONU de territórios não-autônomos, 45 mil pessoas recebem ajuda alimentar e se beneficiam do sistema de saúde americano.






A ilha de 550 quilômetros quadrados foi descoberta em 1521 pelo navegador português Fernando de Magalhães.
As praias paradisíacas, os complexos hoteleiros e as lojas duty-free representam um terço dos empregos em Guam, que atraiu mais de 1,5 milhão de visitantes em 2016. A maioria é japonesa e coreana.










Bombardeiros dos Estados Unidos voam perto de litoral norte-coreano



Bombardeiros americanos voaram no sábado, 23.set.2017, perto da costa leste da Coreia do Norte em uma demonstração de força do poder militar dos Estados Unidos ao programa armamentista de Pyongyang, informou o Pentágono.
De acordo com o Pentágono, o voo das aeronaves americanas aconteceu depois de dias de retórica cada vez mais belicosa do regime do líder norte-coreano Kim Jong-un, em meio à preocupação internacional sobre as ambições nucleares de Pyongyang.
Bombardeiros dos Estados Unidos têm realizado voos similares de demonstração de força depois dos testes nucleares realizados pelos norte-coreanos.
"Esse foi o local mais ao norte da zona desmilitarizada ao qual um avião de combate americano ou um bombardeiro sobrevoou próximo ao litoral norte-coreano no século 21", disse a porta-voz do Pentágono, Dana White.
"Esta missão é uma demonstração de resolução dos Estados Unidos e uma mensagem clara de que o presidente tem muitas opções militares para derrotar qualquer ameaça", disse Dana. "Estamos preparados para usar todo o tipo de capacidade militar para defender a pátria dos Estados Unidos e nossos aliados."
Os bombardeiros da Força Aérea B-1B Lancer usados no sábado estão estacionados na Ilha de Guam. Eles foram acompanhados pelo aviões F-15C Eagle, saídos da base japonesa de Okinawa, disse White.



Bombardeiro B-1B Lancer da Força Aérea dos Estados Unidos
se prepara para decolar da base aérea na Ilha de Guam


Em Nova York, o chanceler norte-coreano Ri Yong Ho atacou duramente o presidente americano, Donald Trump, a quem chamou de "um transtornado mental que está repleto de megalomania".
O próprio povo americano acha que ele é um "comandante malvado", um "rei mentiroso", disse o chanceler em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU. Suas ameaças de "destruir totalmente" a Coreia do Norte fazem com que "a visita de nossos foguetes seja inevitável", alertou.
"Caso se percam vidas nos Estados Unidos será por sua culpa, por culpa dessa missão suicida de Trump", disse o chanceler. "A Coreia do Norte é um Estado nuclear responsável (...) mas adotaremos medidas preventivas necessárias e implacáveis se os Estados Unidos e seus vassalos quiserem fazer (ataques contra o país)", assegurou.
Ri disse que as "bárbaras e odiosas" sanções impostas por Washington não farão Pyongyang mudar de opinião. "Estamos agora a alguns passos de completar nossa capacidade nuclear, é absurdo pensar que nosso país se desviará um milímetro de seu caminho por mais rígidas que sejam as sanções que nos impõem."

Em seu primeiro discurso na Assembleia-Geral da ONU na terça-feira (19.set.2017), Trump ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte, e chamou o líder norte-coreano Kim Jong-un de "homem foguete" que está em uma "missão suicida".
Trump anunciou novas sanções dos Estados Unidos que têm como alvo empresas e instituições que financiam e facilitam o comércio com a Coreia do Norte. No início deste mês, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade a sua nona rodada de sanções contra Pyongyang para combater os programas nuclear e de mísseis balísticos.

Kim disparou contra Trump na quinta-feira (21.set.2017): o descreveu como "mentalmente transtornado" e advertiu que ele "pagará caro" por sua ameaça.




Novo míssil balístico do Irã teria capacidade de transportar várias ogivas convencionais e atingir vários alvos de uma vez



Novo míssil balístico iraniano, batizado de 'Khoramshahr', com um alcance de 2.000 km.


O Irã testou com sucesso seu novo míssil balístico, batizado de "Khoramshahr", com um alcance de 2.000 km e capaz de transportar várias ogivas, anunciou no sábado, 23.set.2017, a televisão estatal iraniana.
A televisão difundiu imagens do lançamento de Khoramshahr e do interior do míssil. A data do teste não foi comunicada, mas, na véspera, o míssil foi exibido em um desfile militar que recordou a guerra desatada pelo Iraque contra o Irã em 1980.
O lançamento do míssil acontece em um contexto de tensão entre o Irã e os Estados Unidos, uma vez que o presidente americano Donald Trump ameaça não respeitar o acordo nuclear assinado em 2015 entre a república islâmica e os cinco principais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China) e a Alemanha.
O acordo nuclear não proíbe as atividades balísticas por parte do Irã, mas a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que o ratificou, pede que Teerã não realize testes para desenvolver mísseis elaborados para transportar ogivas nucleares.
Os iranianos afirmam que os mísseis de seu país não foram criados para incorporar ogivas nucleares e que, além disso, Teerã não tem qualquer programa para fabricar armas nucleares.
"O míssil Khoramshahr, de 2.000 km de alcance, pode transportar várias ogivas convencionais para atingir vários objetivos de uma vez", disse o general Amir Ali Hadjizadeh, comandante da força aeroespacial da Guarda Revolucionária, citado pela agência estatal Irna.
O Irã já possui outros dois mísseis, o Ghadr-F e o Sekhil que, com seus 2.000 km de alcance, podem alcançar Israel, arqui-inimigo do país, e as bases americanas da região. Na sexta-feira (22.set.2017), o presidente iraniano Hassan Rohani afirmou que o Irã se negava a limitar seu programa balístico.
"Queiram ou não, vamos reforçar nossas capacidades militares necessárias em termos de dissuasão", declarou Rohani durante o desfile militar. "Não só vamos desenvolver nossos mísseis, como também nossas forças aéreas, terrestres e marítimas. Para defender nossa pátria, não pediremos permissão de ninguém."
O Irã desenvolveu um vasto programa balístico nos últimos anos, que preocupa os Estados Unidos e também a Arábia Saudita, sua principal rival na região, Israel, seu grande inimigo, e alguns países europeus, como França.
Teerã argumenta que precisa reforçar seu programa balístico para estar em equilíbrio com os outros países da região, principalmente os sauditas e os israelenses, que investem milhões de dólares na compra de armas dos países ocidentais, especialmente dos Estados Unidos.
No próximo dia 15 de outubro, Trump deve notificar ao Congresso se o Irã respeita seus compromissos referentes ao acordo. Se disser que não, o Congresso poderá impor novas sanções contra Teerã. No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinalou em várias ocasiões que o Irã está cumprindo com seus compromissos.




Candidatura avulsa: ação discute a possibilidade de pessoas sem filiação a partidos políticos concorrerem em eleições



Crítico do sistema partidário nacional, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento uma ação que discute a possibilidade de pessoas sem filiação a partidos políticos concorrerem em eleições. Ele concluiu o relatório de uma ação que chegou ao Supremo em junho sobre o tema. Cabe à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, decidir quando deverá entrar na pauta de julgamento.
Segundo a reportagem apurou, apesar de ainda não haver uma data prevista, a presidência do STF marcará o julgamento a tempo de valer já para as eleições de 2018. O prazo que o Congresso tem para modificar o sistema eleitoral termina em 7 de outubro, um ano antes da disputa do ano que vem. Mas diversas decisões já foram proferidas pelo Supremo e cumpridas após o prazo de modificações no Legislativo.

A ação é de autoria do advogado Rodrigo Mezzomo, que lançou uma candidatura independente à prefeitura do Rio em 2016, mas teve o registro negado em todas as instâncias, incluindo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tem prevalecido até agora o entendimento de que a Constituição exige a filiação partidária para alguém ser elegível.
No TSE, os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber votaram contra o recurso de Mezzomo, rejeitado por unanimidade. O recurso extraordinário com agravo (nome do tipo da ação) chegou ao Supremo em junho, em meio à discussão no Legislativo sobre reforma política. Inicialmente, Fux foi sorteado o relator no STF, mas apontou necessidade de redistribuição por já ter julgado o caso no TSE. As discussões no Congresso sobre a reforma política não incluem este tema.

O autor da ação alega que é preciso considerar o Pacto de São José, firmado na Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 e ratificado pelo Brasil em 1992. O pacto prevê que “todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: (...) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país”.

Barroso, que tem se manifestado frequentemente sobre a necessidade de uma reforma política ampla no Brasil, não adiantou que posicionamento deverá adotar no julgamento. Mas, em ação anterior sobre outro tema relacionado ao sistema eleitoral, afirmou que a Constituição não institui uma “democracia de partidos”. “Não se pretende negar o relevantíssimo papel reservado aos partidos políticos nas democracias representativas modernas. Porém, não parece certo afirmar que o constituinte de 1988 haja instituído uma ‘democracia de partidos’”, disse, em julgamento em 2015, no qual o STF decidiu que a perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica a candidatos eleitos pelo sistema majoritário (prefeito, governador, presidente e vices).

Após a ação chegar ao STF, a União Nacional dos Juízes Federais (Unajuf), o Movimento Brasil Livre (MBL), o Clube dos Advogados do Estado do Rio e o jurista Modesto Carvalhosa pediram para ingressar na ação, cada um, na condição de amicus curiae (parte interessada), para trazer elementos que reforçam o pedido da ação. Barroso ainda não decidiu se autoriza ou não.

A Unajuf já teve negado no STF o seguimento de ação em que busca a garantia do direito dos magistrados ao exercício de atividade político-partidária.

Carvalhosa já mostrou interesse em lançar candidatura avulsa à Presidência. “A ausência de filiação não pode impedir o exercício de um direito político ou justificar qualquer espécie de restrição a direitos e garantias fundamentais”, disse.








Nota do blog


Apesar do caos instalado — ou não — o fato é que os militares sacudiram o país nos últimos dias. Se o diabo mora nos detalhes, ele começou a se insinuar inadvertidamente. E sem ser admoestado.
Faltou pulso firme ao governo, ao mesmo tempo em que sobrou irresponsabilidade à caserna. Em qualquer democracia do mundo deve haver espaço para ideais de todos os espectros políticos. E isso é salutar para o processo democrático. Mas não há dúvida de que o flerte com o radicalismo — à direita ou à esquerda — é o mais perverso dos caminhos, ao nos remeter a tempos que acreditamos ter ficado definitivamente para trás.

A população minimamente instruída precisa ficar alerta a manifestações dessa natureza. Pouco importam os panos quentes manuseados pelos militares, ao longo dos últimos dias, para abafar o indisfarçável. É inadmissível qualquer vestígio, rastro ou laivo capaz de representar uma chance mínima que seja de retrocesso de 53 anos na história do País.
A retrospectiva histórica ensina: militar não tem de se arvorar a fazer política. Cabe constitucionalmente às Forças Armadas a garantia da ordem interna e das fronteiras. Quando os militares se meteram a fazer política, pela última vez, mergulharam o País em 21 anos de trevas, os quais não podemos esquecer para que jamais novamente aconteça.




O risco do extremismo ...
discurso radical que insinua intervenção militar para
se contrapor ao caos político



General Mourão (à esquerda) diz que os militares podem fazer uma intervenção


Não é essa a primeira vez que um Mourão aparece na história política brasileira, de farda e com quatro estrelas nos ombros – um general do Exército. Não é essa a primeira vez que um general Mourão fala mais do que as regras de sua instituição permitem. O general Antonio Hamilton Martins Mourão está na ativa e conseguiu ser notícia porque insinuou na maçonaria que as Forças Armadas podem atropelar a democracia se assim cismarem e habilmente operarem um trágico passado: o golpe de 31 de março de 1964 que rasgou a Constituição, apeou do poder o presidente João Goulart e mergulhou o País em vinte e um anos de ditadura militar.

Reunião realizada com a presença do Alto Comando do Exército, em que se discutiu a possibilidade de uma intervenção militar no País, revela que a voz do general Antonio Hamilton Martins Mourão, com notas extremistas, não é isolada na caserna.

Segunda-feira, 11.set.2017, às 9 horas, o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, fazia a abertura formal da 314ª reunião do Alto Comando do Exército, realizada no Quartel General do Exército, em Brasília. O encontro, de cinco dias de duração, foi convocado para discutir os problemas que afligem os militares, entre os quais, a crise política do País e a falta de recursos para manter soldados nas casernas e garantir as atividades básicas da força, alvo de um significativo contingenciamento de verbas do governo federal. Os generais que comandam as tropas nas principais unidades do Exército demonstravam inquietação. Sentiam a necessidade de se posicionar sobre a corrupção e a barafunda reinante nos poderes da República.

A cúpula do Exército pôs em debate ali o que o general Antonio Hamilton Martins Mourão ecoaria dias depois, mais precisamente na sexta-feira 15.set.2017, durante um evento da Loja Maçônica Grande Oriente: uma eventual necessidade de uma intervenção militar no País, “diante da crise ética e político-institucional”. Ou seja, Mourão não falava sozinho nem havia cometido um arroubo imprevidente, quando defendeu a solução radical tornada pública na última semana. Ele entabulou um discurso respaldado por um encontro prévio do Alto Comando do Exército. Não se trata de um foro qualquer. O colegiado é o responsável pelas principais decisões do Exército. Estavam presentes 16 generais quatro estrelas, entre eles Fernando Azevedo e Silva, chefe do Estado-Maior e Comandante Militar do Leste, cotado para substituir Villas Bôas, prestes a encerrar seu ciclo no comando do Exército. Compareceram também os demais seis comandantes militares, entre os quais o da Amazônia, general Antonio Miotto, e o do Sul, general Edson Leal Pujol.






Fontes ouvidas pela reportagem, presentes à reunião, ponderam que não estavam ali a fim de tramar um golpe militar, mas confirmam que o que os motivou a realizar o encontro foi a preocupação com o ritmo acelerado da deterioração do quadro político brasileiro. E, sim, deixam claro que, se houver necessidade, estarão prontos “para uma intervenção com o objetivo de colocar ordem na casa”.

Foi munido desse espírito que Mourão desembarcou na maçonaria. O encontro teve início às 20 horas de sexta-feira 15.set.2017. Lá, ele disparou a metralhadora giratória sem maior cerimônia. Disse que seus “companheiros do Alto Comando do Exército entendiam que uma intervenção militar poderá ser adotada se o Judiciário não solucionar o problema político”, referindo-se à corrupção. Pediu a “retirada da vida pública desses elementos envolvidos em todos os ilícitos” e advertiu que “vai chegar um momento em que os militares terão que impor isso (a intervenção militar na política)”. E, por fim, acrescentou: “O que interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos, de qualquer maneira, atingir esse objetivo. Então, se tiver que haver, haverá (ação militar)”, pregou Mourão.






A fala do general provocou o maior alvoroço no País. Apesar disso, em entrevista na noite de terça-feira 19.set.2017 a um programa de entrevistas da TV Globo, Villas Bôas foi taxativo: “Punição não vai haver. Essa questão já está resolvida internamente”, disse o comandante, acrescentando: “A maneira como Mourão se expressou deu margem a interpretações amplas, mas ele inicia a fala dizendo que segue as diretrizes do comandante”. Ainda chamou Mourão de “um grande soldado, uma figura fantástica”. E ateou ainda mais lenha à fogueira ao dizer que “a Constituição concede às Forças Armadas um mandato para intervir se houver no País a iminência de um caos”. Não é verdade. De acordo com o artigo 142 da Constituição, as Forças Armadas podem agir, desde que “sob a autoridade suprema do presidente da República”. Em nenhum lugar da Carta Magna está escrito que o caos confere um “mandato” para atuar à revelia do presidente. O que Villas Bôas deveria ter feito, e não o fez, foi punir o subordinado.

Quando a existência de uma reunião com a participação do Alto Comando do Exército vem à tona, tudo faz mais sentido. Como é que o Comandante do Exército, o general Villas Boas, poderia aplicar uma sanção a um subalterno que tornou público um dos cenários debatidos num encontro em que ele mesmo estava presente, participou da abertura dos trabalhos e comandou as discussões? Não poderia, evidente, e, por isso, não puniu. Em audiência no dia seguinte, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu ao menos uma reprimenda pública a Mourão, ao que o comandante do Exército de novo resistiu. Ficou combinado apenas que Villas Bôas conversaria com o subordinado para deixar claro que a voz oficial do Exército é a dele e de mais ninguém. Coube aos comandantes militares da Marinha, Exército e Aeronáutica defender publicamente, por meio de comunicados, o respeito à Constituição, aos poderes constituídos e aos princípios democráticos.

Mero formalismo. Embora não lidere nenhum movimento de insurreição militar, o general Mourão conta com amplo apoio não só do comando do Exército, como da tropa. No início da semana, o coronel Muniz Costa distribuiu para um grupo de companheiros de farda uma carta sob o título “Do que falou o General”. Nela, promoveu uma contundente defesa do general: “Quando um general de quatro estrelas afirma que o Exército tem planejamentos para atuar na eventualidade de uma falência das instituições nacionais, num momento que o País enfrenta a mais grave crise em mais de cinquenta anos, as cassandras do ‘pseudolegalismo’ se agitam”, afirmou. O primeiro comandante da Força de Paz no Haiti (2004), general da reserva Augusto Heleno, seguiu na mesma toada.“Meu apoio irrestrito ao respeitado chefe militar (Mourão). É preocupante o descaramento de alguns políticos, integrantes da quadrilha que derreteu o País, cobrando providências contra um cidadão de reputação intocável”. Outro que demonstrou estar no mesmo compasso de Mourão foi o general de Brigada Paulo Chagas. A seu grupo de amigos nas redes sociais afirmou que num cenário de um caos total, os militares não poderiam ficar “inertes aguardando ordens”. O presidente da Associação de Oficiais da Reserva do Distrito Federal, o tenente Rômulo Nogueira, foi além, ao divagar sobre uma eventual queda de Temer. “Quem assume? O rapazinho lá, não sei o quê Maia. Será que ele teria pulso forte para dar uma ordem? Num clamor, numa desordem, alguém tem de tomar conta da casa”.






Em 2015, o mesmo Mourão havia sido afastado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, depois de tecer críticas a presidente Dilma, dizendo que seu governo era corrupto e incompetente — o que não constituía uma mentira, por óbvio. Mas tratava-se de uma insubordinação. Punido, Mourão foi transferido para Brasília, onde assumiu o cargo de Secretário de Finanças do Exército, sua atual função, uma das mais importantes na força.

Não convém desconsiderar que prevalece entre setores da caserna o espírito corporativista. Apesar de o governo tê-los poupado de eventuais maldades — os militares foram retirados da reforma da Previdência e, também, ficaram imunes à proposta de congelamento dos salários dos servidores federais —, há uma espécie de sentimento de sabotagem ao estado de penúria experimentado pelas Forças Armadas desde 2012 pelo menos. Nos últimos cinco anos, o Orçamento despencou de R$ 17,5 bilhões para R$ 9,7 bilhões.
Em geral, as insatisfações são ecoadas por militares, da ativa e da reserva, por ‘WattsApp’. Pelas redes privadas, formam grupos de comunicação direta, trocam informações e opiniões. É por elas que circulam as críticas pela falta de verbas.




Forças Armadas na Rocinha






O uso das Forças Armadas no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, que deveria ser pontual, virou algo corriqueiro. O fenômeno nasceu quando Sérgio Cabral governava o Rio. Hoje, as favelas cariocas estão mais violentas e Cabral está preso em Bangu oito.

O atual surto de violência, localizado na favela da Rocinha, foi deflagrado a 3.400 km do Rio, no presídio de segurança máxima de Rondônia. Ali, está preso o traficante Antonio Bonfim Lopes, o Nem. A distância não o impediu de ordenar o ataque a um traficante rival, na Rocinha. O presídio federal virou escritório do traficante.

O ministro Raul Jungmann, da Defesa, comparou o Rio de Janeiro a “um doente na UTI.” Disse que o paciente “tem fraturas, hemorragia interna e uma cirrose.” Perguntou: “Você vai segurar a hemorragia ou a cirrose?” Bem, a cirrose só será curada no dia em que o poder público se livrar de gestores que se deixam embriagar pela corrupção. Até lá, o uso das tropas em operações de segurança pública tem o efeito de um band-aid. Serve para curativos pontuais. Mas não segura hemorragias.




sexta-feira, 22 de setembro de 2017

STF vai julgar validade de leis que proíbem Uber
e aplicativos de transporte






O ministro Luís Roberto Barroso decidiu que o Supremo analisará a constitucionalidade de leis que proíbem os aplicativos de transporte, como Uber, Cabify, 99 e outros.
Provocado por um recurso contrário a uma lei aprovada em São Paulo, que tentou acabar com este modelo de transporte, Barroso considerou o caso de "repercussão geral". Ou seja, o STF dará uma decisão para todos os casos no país. Mas ainda não há previsão de julgamento.
No entendimento específico, o Supremo vai decidir se a proibição do uso dos aplicativos viola princípios da ordem econômica.
Embora a Câmara tenha aprovado uma lei sobre o tema e o Senado esteja discutindo as regras para o modelo de transporte, uma decisão do Supremo poderia garantir de vez o uso dos aplicativos no Brasil.

POR ENQUANTO — Será votado no Senado, na terça-feira (26.SET.2017), um requerimento de urgência para pautar um projeto de lei que atende à demanda de taxistas.
A proposta em tramitação obriga o condutor a ter uma autorização da prefeitura e condiciona à autorização ao uso de uma placa vermelha, assim como os táxis.
As regras inviabilizariam aplicativos como Uber, Cabify e congêneres.
O requerimento de urgência já conta com assinatura de 21 senadores. Para ser aprovado precisa de maioria simples dos presentes.
Se for aprovado, como já veio da Câmara, o texto segue para sanção presidencial.




Relatório da Polícia Federal mapeou doações de empresas investigadas no âmbito da Lava Jato ao PMDB



Em relatório preparado no âmbito da Lava Jato, a Polícia Federal mapeou as doações eleitorais feitas pelas empresas JBS, OAS, Odebrecht e Petrópolis ao PMDB nas eleições de 2010, 2012 e 2014.
Executivos da Odebrecht, OAS e JBS firmaram acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República nos quais relatam pagamento de propina a políticos. O pagamento poderia se dar, entre outras formas, por doação eleitoral oficial. A Petrópolis, segundo a Odebrecht, era uma empresa usada pela empreiteira baiana para fazer doações a políticos sem chamar a atenção para o grupo.
A PF mapeou as doações de cada empresa aos candidatos do partido nos anos eleitorais a partir de 2010 até 2014, ano em que a Operação Lava Jato teve início. Em 2010, 2012 e 2014, o PMDB arrecadou um total de R$ 282,9 milhões de forma oficial dessas empresas.




A maior doadora do grupo foi a JBS (R$ 110,3 milhões), seguida de Odebrecht (R$ 77 milhões), OAS (R$ 58,1 milhões) e Petrópolis (R$ 37,3 milhões).
Na divisão por candidatos, a PF destaca o nome dos ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, hoje presos por desdobramentos da Lava Jato. Henrique Alves é o segundo que mais arrecadou doações destas empresas, chegando a R$ 8,8 milhões. Já Geddel arrecadou R$ 4 milhões.
Os dois foram denunciados por suposta formação de uma organização criminosa no núcleo do PMDB da Câmara.
O relatório da polícia foi elaborado pelo agente Alan Testi, em 5 de setembro, a pedido do delegado Marlon Cajado, do Grupo de Inquéritos perante o Supremo Tribunal Federal.
As doações empresariais ao PMDB nas campanhas eleitorais de 2014 tiveram a maior arrecadação histórica de dinheiro repassado por empresas o que certamente é fruto do vasto esquema criminoso montado nos mais diversos órgãos e empresas estatais. Só o PMDB teve incremento, em 2014, de R$ 122,7 milhões em relação aos valores recebidos em 2010.








quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Lula chamou os delegados da Polícia Federal
de analfabetos políticos



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a aceitação da denúncia contra ele por corrupção passiva acusado de vender uma Medida Provisória é a “excrescência, da excrescência da excrescência” e chamou os delegados da Polícia Federal de analfabetos políticos.

“Essa da Medida Provisória é a excrescência da excrescência da excrescência”, afirmou Lula, na manhã de quinta-feira (21.set.2017), durante evento de lançamento da plataforma colaborativa “O Brasil que queremos”, da Fundação Perseu Abramo, em um hotel no centro de São Paulo.

Na terça-feira (19.set.2017) o juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, tornou Lula e outras seis pessoas réus pela suposta venda da Medida Provisória 471 que, em 2009, prorrogou incentivos fiscais para a indústria automotiva nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Pouco antes da fala do presidente o vereador paulista Eduardo Suplicy fez uma defesa enfática de Lula. "Como eles podem ser acusados de vender uma MP editada pelo Fernando Henrique Cardoso e relatada pelo José Carlos Aleluia, do DEM?", questionou Suplicy.

Lula, condenado a nove anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, é réu em outros seis processos.

O ex-presidente disse ter se queixado com o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, sobre a má formação política dos delegados da corporação. “ Fui prestar depoimento para o delegado e depois que acabou a conversa estava o José Eduardo Cardozo, que era ministro da Justiça, estava o diretor da Polícia Federal e eu disse: acho que vocês estão com um problema, vocês precisam dar uma formação política para estes delegados, porque são verdadeiros analfabetos políticos, são, não conhecem nada do processo político e é preciso cuidar disso porque vocês têm jovens bem-intencionados, às vezes bem formados, que o pai financiou dois anos em casa só estudando para fazer um concurso, fez um concurso e pronto, virou o julgador do mundo”, disse o ex-presidente.

De acordo com Lula, falta “grandeza” a seus acusadores para admitir que estão errados. “Eles conseguem jogar lama nas pessoas e depois não conseguem pedir desculpas porque pedir desculpas é uma palavra grande. Só pede desculpa e reconhece o erro que tem grandeza e não é todo mundo que tem grandeza”, afirmou.

Lula apontou que são os procuradores que devem provar sua culpa, e não ele que deve provar a inocência.
"Eles mexeram com quem não deveriam mexer, com político que não roubou e tem sua honra para defender", disse o ex-presidente. Segundo ele, o processo de criminalização da sigla é baseado em mentiras. "A imprensa mente, a Polícia Federal faz inquérito mentiroso, o Ministério Público faz denúncia mentirosa e a Justiça aceita", comentou.

Lula disse também que "em vez de ganhar ricas diárias em Curitiba, o Ministério Público deveria fiscalizar a merenda escolar".
Lula frisou que a educação deve ser prioridade no País e criticou o projeto de gestões anteriores à do PT sobre o tema, dizendo que parte da elite brasileira "foi canalha" e não se preocupou com o tema. Ele explicou que, quando o acesso ao ensino é ampliado, a economia também se beneficia. "Não vamos ter medo do que as pessoas vão falar desse nosso projeto. A marca do PT é o aprendizado da convivência democrática na adversidade", disse Lula.




Reforma eleitoral foi reduzida a remendos e a um fundo para pagar campanhas com verba pública



O Congresso discute há mais de um ano propostas de reformulação do sistema eleitoral. E tudo o que o Legislativo conseguiu oferecer à plateia foi uma coreografia desconexa e lamentável. Já não há tempo para aprovar uma reforma de verdade para vigorar nas eleições de 2018. A discussão foi reduzida a remendos, entre eles um fundo para pagar campanhas com verba pública.

Se a sensibilidade dos ouvidos fosse transferida para o nariz, a plateia sentiria um cheiro insuportável ao ouvir os debates travados no Legislativo. Bancadas de partidos mal-intencionados, comandadas por líderes que não lideram nem a si mesmos, tramam contra o interesse público e impedem a formação de consensos mínimos. Perde-se mais uma oportunidade para reformar um sistema que produz escândalos em série, corruptos em profusão e instituições em acelerado estágio de decomposição.

A conta ainda não foi feita. Mas estamos pagando uma fortuna em troca de nada. Além do palco, da iluminação, do som, da TV para transmitir tudo ao vivo, financiamos a casa, a comida, o celular, o transporte, os assessores e os salários dos congressistas. Não seria um absurdo se alguém representasse contra o Congresso nos órgãos de "defesa da pátria".




quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Superávit fiscal só deve chegar no ano de 2021



Mansueto Almeida


O economista Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda e um dos principais auxiliares do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), condicionou o êxito do ajuste fiscal à evolução da conjuntura política. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele realçou que o ajuste é gradual. E previu que o governo deve voltar a registrar superávit primário em suas contas apenas em 2021.

O assessor de Meirelles informou aos senadores que o Brasil não tinha uma sequência tão longa de déficits primários desde o início dos anos 1990. “O Brasil está numa sucessão de déficits primários que não acontece desde a Constituição” de 1988, afirmou. Daí a dificuldade para reverter rapidamente o crescimento da dívida pública.

“O Brasil, para o seu nível de desenvolvimento, tem a segunda maior dívida bruta (78,3% do PIB) entre os países emergentes (média de 47,3%)”, afirmou Mansueto. “Ajuste fiscal é necessário. No nosso caso, ele já é muito gradual e a dívida pública ainda crescerá.”




PT pode tornar-se piada ... caso Lula vire ficha-suja



O Partido dos Trabalhadores está tonto. A tonteira cresce à medida que aumentam as chances de Lula se tornar um político ficha-suja, inabilitado para disputar eleições. O PT ameaça adotar uma estratégia muito parecida com um plano de fuga. O partido discute a sério a ideia de boicotar as eleições de 2018. Sem Lula, o PT deixaria de lançar candidatos ao Planalto, à Câmara e ao Senado. E viajaria pelo mundo gritando: “É fraude.”

O preso José Dirceu, “guerreiro do povo brasileiro”, apoia o boicote. A investigada Gleise Hoffmann, presidente do PT, acha que o debate expõe a gravidade da hipotética perseguição a Lula. José Américo, deputado estadual do PT de São Paulo, chega a dizer que, sem Lula na urna eleitoral, o país corre “um risco de guerra civil.” Dizia-se o mesmo do impeachment. Mas a única arma que o brasileiro pegou foi o currículo — 13 milhões estão na batalha pelo emprego perdido sob Dilma.

Em 13 anos, o PT produziu dois megaescândalos. No mensalão, Lula safou-se. No petrolão, até o companheiro Palocci o chama de corrupto. Os partidos políticos brasileiros têm cabeças demais e miolos de menos. O PT sofre da mesma escassez de miolos, mas com uma cabeça só. O que o PT informa agora, com outras palavras, é o seguinte: se o cabeça for preso, a organização desistirá de se apresentar como partido político para se refundar como uma piada.




Segundo o Exército, a intervenção militar tem aval constitucional sob iminência de caos



O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército


O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, informou que não cogita punir o também general Antonio Hamilton Mourão por ter defendido uma “intervenção militar” caso o Judiciário não resolva o problema da corrupção. Elogiou o subordinado: “O Mourão é um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão…”. Tentou virar a página: “É uma questão que já consideramos resolvida internamente.” Mas inaugurou um novo capítulo da polêmica ao declarar que a Constituição concede às Forças Armadas “um mandato” para intervir se houver no país “a iminência de um caos.”

As declarações do general Villas Bôas foram feitas em um programa de entrevista da Rede Globo de Televisão, levada ao ar na madrugada de quarta-feira (20.set.2017), no programa ‘Conversa com o Bial’. O comandante do Exército admitiu que a fala do general Mourão “dá margem a interpretações.” A pretexto de contextualizar o raciocínio do subordinado, evocou o artigo 142 da Constituição, que anota as atribuições do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. E terminou deixando claro que também avalia que, na antessala do caos, os militares podem intervir. Mais do que isso: a ação seria um dever constitucional. Absteve-se de definir o que seria ''a iminência de um caos.''

Veja o que disse o general Villas Bôas no pedaço mais palpitante da conversa: “Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, ela diz ali: que as Forças Armadas podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de um dos poderes. E isso tem acontecido recorrentemente. Estamos lá no Rio de Janeiro, estivemos lá no Espírito Santo. Mas, antes, no texto [constitucional], diz: as Forças Armadas se destinam à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa das instituições, dos poderes constituídos, ela poderá ocorrer por iniciativa de um deles ou na iminência de um caos. Então, as Forças Armadas teriam um mandato para fazê-lo.”

O texto do artigo 142 anota explicitamente que as Forças Armadas estão “organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República.” Não está escrito que o caos concede aos militares “um mandato” para agir à revelia do presidente. Mesmo que o inquilino do Planalto tenha sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República.

Antônio Mourão, como general da ativa, está proibido de opinar sobre assuntos políticos. Caberia ao comandante do Exército punir o subordinado. Mas o comandante preferiu manusear panos quentes. “Tem que contextualizar, né Bial? O ambiente que ele estava era um ambiente fechado. Ele foi provocado numa pergunta …”

De fato, o general Mourão pregou a intervenção militar numa palestra promovida pela maçonaria, em Brasília. Mas não está previsto em nenhuma norma do Exército que, entre quatro paredes, os oficiais podem transgredir as normas. De resto, a transgressão do subordinado de Villas Bôas tornou-se aberta no instante em que foi veiculada na rede mundial de computadores.

Conforme notou Villas Bôas, o general Mourão animou-se a falar sobre intervenção militar em reação a uma pergunta. O que o comandante do Exército se absteve de recordar é que a questão dirigida a Mourão fez menção explícita à situação penal do presidente da República.


A pergunta foi enviada por uma pessoa da plateia. Um mediador leu para Mourão: ''A Constituição Federal de 88 admite uma intervenção constitucional com o emprego das Forças Armadas. Os poderes Executivos e os Legislativos estão podres, cheio de corruptos, não seria o momento dessa interrupção, dessa intervenção, quando o presidente da República está sendo denunciado pela segunda vez e só escapou da primeira denúncia por ter 'comprado', entre aspas, membros da Câmara Federal? Observação: fechamento do Congresso, com convocações gerais em 90 dias, sem a participação dos parlamentares envolvidos em qualquer investigação. Gente nova.''

Ao responder, o subordinado de Villas Bôas não fez nenhuma ressalva que preservasse o Presidente, o suposto comandante supremo das Forças Armadas. Ao contrário, sem ânimo para resguardar o comandante supremo, o general Mourão endossou o conteúdo da indagação: “Excelente pergunta”, disse o palestrante, antes de soar claro como água de bica: “É óbvio, né?, que quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: 'Pô, por que que não vamos derrubar esse troço todo?' Na minha visão, aí a minha visão que coincide com os meus companheiros do Alto Comando do Exército, nós estamos numa situação daquilo que poderíamos lembrar lá da tábua de logaritmos, 'aproximações sucessivas'. Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso.”


Mourão insinuou que, se necessário, os militares agiriam com método: “Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, né?, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter certeza disso aí.”

Além de não impor nenhuma punição a Mourão, o comandante Villas Bôas animou-se a assumir o papel de tradutor do subordinado: “Nós já conversamos. O que ele quis dizer é que… Ele chamou a atenção para as eleições. Quando ele fala de ‘aproximações sucessivas’, uma delas, que ele fala, é das eleições. E ele diz que, caso não sejam solucionados os problemas, nós poderemos ter que intervir. Então, isso foi o que ele quis dizer realmente. E essa questão de intervenção militar, ela ocorre permanentemente. No Rio de Janeiro, é uma intervenção militar, como foi no Espírito Santo, como foi em Natal …”

Não foi a primeira vez que Mourão virou notícia. Em outubro de 2015, ele criticara a então presidente Dilma Rousseff. Graças ao sincericídio, fora exonerado do posto de comandante militar da região Sul. Transferido de Porto Alegre para Brasília, responde desde então pela Secretaria de Economia e Finanças do Exército.

Villas Bôas confirmou a reincidência: “É, ele já tinha se manifestado uma outra vez.” Esclareceu que Mourão não fala pelo generalato. “Inclusive ele falou no Alto Comando. Mas ele não fala pelo Alto Comando. O único que fala pelo Alto Comando sou eu. E pelo Exército também. Mas é uma questão que já consideramos resolvida internamente.”

Há dois dias, nas pegadas da repercussão das declarações do general Mourão, o Ministério da Defesa divulgara uma nota oficial. Nela, estava escrito: “O ministro da Defesa, Raul Jungmann, convocou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para esclarecer os fatos relativos a pronunciamento de oficial general da Força e quanto às medidas cabíveis a serem tomadas.”

Segundo Villas Bôas punição não vai haver: “Não, não. Já conversamos, para colocar as coisas no lugar. Mas uma punição formal não vai haver.”

Num instante em que a plateia aguardava o anúncio das “medidas cabíveis”, o convocado Villas Bôas levou o rosto ao vídeo da emissora de maior audiência do país para informar que “punição formal não vai haver.” Não deve ocorrer também nenhuma intervenção militar. Não por falta de caos. De concreto, por ora, o pavio que Mourão acendeu produziu apenas constrangedora evidência: está entendido que oficiais podem dizer o que bem entender, porque punição ''não vai haver''.




Ford deixará inativas linhas de produção de cinco fábricas
na América do Norte






A Ford Motor disse na terça-feira (19.set.2017) que deixaria inativas linhas de produção em cinco fábricas temporariamente, incluindo três nos Estados Unidos. O movimento é o último da fabricante de automóveis para lidar com a desaceleração das vendas de veículos e o aumento da capacidade da indústria.
A Ford está agendando de uma a três semanas de tempo de inatividade nas fábricas para reduzir o inventário de automóveis não vendidos em lotes de revendedores. Coletivamente, essas cinco fábricas empregam dezenas de milhares de trabalhadores, que serão demitidos temporariamente durante as semanas de paralisação.
O movimento afetará fábricas que construam principalmente veículos de passeio da Ford, incluindo o Fiesta e o Fusion, cujas vendas foram atingidas com força devido à mudança na demanda dos consumidores para veículos maiores e SUVs.
Os executivos da Ford sinalizaram, ao longo do ano, que poderiam tomar tais ações para combater a desaceleração das vendas nos Estados Unidos. Embora tenha resistido em grande parte a demissões permanentes, optando por programar o tempo de inatividade quando necessário, os níveis de estoque da companhia cresceram nos últimos meses.

A General Motors, entretanto, cortou milhares de empregos neste ano em diversas fábricas de automóveis em resposta à queda da demanda do consumidor.




terça-feira, 19 de setembro de 2017

Novo terremoto atinge o México e deixa pelo menos 120 mortos






Um terremoto de magnitude 7,1 graus na escala Richter foi registrado na Cidade do México e mais quatro Estados na tarde de terça-feira (19.set.2017), doze dias após o país passar por um tremor que deixou 98 mortos.
A nova tragédia coincide com dia em que se completam 32 anos do sismo de 1985, com pelo menos 10 mil mortos. Duas horas antes do abalo de terça, o país havia feito uma simulação de retirada para lembrar o aniversário.
Segundo o Serviço Sismológico Nacional, o terremoto ocorreu às 13h14 locais (15h14 em Brasília) e seu epicentro foi a 12 km de Axochiapan, no Estado de Morelos, a 125 km da capital mexicana, a 57 km de profundidade.
O fenômeno sacudiu edifícios e causou pânico, levando as pessoas a correr para as ruas.






O terremoto levou pessoas à morte em Puebla, local do epicentro. No Estado do México, mais populoso do país, com 16 milhões de pessoas, e na Cidade do México, que tem 8,9 milhões de habitantes.
O chefe de governo da capital, Miguel Ángel Mancera, disse que pelo menos 49 prédios foram destruídos. Bombeiros, membros da Defesa Civil e moradores voluntários buscavam possíveis pessoas presas nos escombros das construções.
O abalo causou cortes no fornecimento de energia, vazamento de gás, interrupção no serviço de telefonia e a suspensão do funcionamento do metrô.
As regiões mais afetadas foram o centro e a zona sul. A Defesa Civil pediu que os moradores da cidade contribuam para os resgates com ferramentas, remédios, comida e água e irem aos hospitais para doarem sangues.
Apesar da intensidade, o transporte público foi levemente afetado. Às 17h, apenas duas estações das 12 linhas do metrô não funcionavam. As autoridades liberaram as catracas de acesso aos trens e ao BRT da capital mexicana.






O tremor também derrubou pontes, viadutos e passarelas e abriu uma fenda no acesso ao terminal 2 do Aeroporto Internacional Benito Juárez, que já havia sido danificado no terremoto de magnitude 8,1 no último dia 7.
O terminal aéreo foi fechado por quatro horas para avaliações, mas há ao menos cem voos atrasados e mais de 50 desviados para o aeroporto de Toluca, no Estado do México. Voos ao Brasil não foram afetados até o momento.
No momento do terremoto, o presidente Enrique Peña Nieto estava a caminho de Oaxaca, Estado mais afetado pelo abalo do dia 7. Em entrevista, ele disse que enviará à região central as equipes que atuavam no sudoeste.
"Ativamos todas as áreas da administração e trazendo de volta funcionários que estavam em Oaxaca e Chiapas. Não estamos retirando a assistência a eles, mas agora a região central do país vive uma situação de emergência."
O tremor ocorre menos de 15 dias depois de um terremoto de 8,1 graus que deixou 98 mortos e afetou principalmente os Estados de Chiapas e Oaxaca, regiões pobres do país.
O governo concentrava seus esforços na reconstrução. De acordo com estimativas da Defesa Civil, pelo menos 50 mil casas no Estado de Chiapas foram afetadas pelo terremoto do início deste mês — sendo que 16 mil delas desabaram.



Segundo o Itamaraty, até o momento não há brasileiros entre as vítimas. Residentes no México que precisem de auxílio podem entrar em contato pelos telefones de emergência do consulado-geral do Brasil no México: 0 44 55 3455-3991 (da Cidade do México), 01 55 3455-3991 (do interior do México) ou (00xx) 52 1 55 3455-3991 (a partir do Brasil). O Núcleo de Assistência a Brasileiros do Itamaraty, em Brasília, poderá ser acionado pelo e-mail dac@itamaraty.gov.br e também pelos telefones +55 61 2030 8803/8804 (das 8h às 20h) e + 55 61-98197-2284 (Plantão Consular, das 20h às 8h).