quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Eduardo Cunha recebe visita da família na carceragem da PF em Curitiba — para Lava Jato, filhos de Cunha participaram de “série de fatos criminosos”



Filhos de Cunha chegam à sede da PF, em Curitiba, carregando malas


A família do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) compareceu em peso à sede da Polícia Federal em Curitiba, na quarta-feira (26.out.2016), dia de visitas aos presos. Faz uma semana que o peemedebista está detido por ordem do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. Participam da visita os quatro filhos de Cunha e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, a única que já o havia visitado na semana passada.
Os filhos — Danielle Dytz Cunha, Camilla Dytz Cunha, Bárbara Cunha e Felipe Dytz Cunha — entraram primeiro carregando malas. Depois Cláudia, sem malas, entrou “escoltada” por um guarda-chuva aberto por um advogado. Bárbara é a única filha do casal, os outros três são filhos do primeiro casamento de Cunha.
O grupo chegou por volta das 8 horas. Os filhos saíram às 11h15 sem falar com a imprensa. Eles deixaram o local em dois táxis. Cláudia permaneceu na PF e saiu 15 minutos depois, também sem dar declarações.
Para os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, há evidências de que três filhos (Danielle, Camilla e Felipe) participaram de uma “série de fatos criminosos graves” como o recebimento de propinas e lavagem de dinheiro.
Na sexta-feira (21.out.2016), Cláudia Cruz visitou o marido longe de fotógrafos e de populares — que sequer a reconheceram na passagem pelo saguão da PF, no bairro de Santa Cândida.
Na ocasião, a assessoria da PF informou que foi aberta visita porque, na quarta-feira (19.out.2016) em que Cunha foi preso, não deu tempo para ele receber visitas.
Desta vez, porém, era grande o movimento de fotógrafos, cinegrafistas e repórteres, mas nenhum manifestante apareceu.
No dia seguinte à prisão, o advogado Marlus Arns, que defende Claudia — também ré na Lava Jato — e Cunha, havia dito a jornalistas que a família do peemedebista não o visitaria em Curitiba a fim de evitar contato e desgaste com eventuais manifestantes.
Além de Cunha, há outros 11 presos da Operação Lava Jato na sede da PF em Curitiba. Na mesma ala do peemedebista, por exemplo, está o ex-ministro Antônio Palocci, que também recebeu visitas de familiares. Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, e o doleiro Alberto Yousseff, ambos presos no local, também foram visitados.

Felipe Cunha é sócio de empresa suspeita
de ter recebido dinheiro irregular
OS FILHOS — Para os procuradores da Força Tarefa da Operação Lava Jato, há evidências de que três filhos do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) participaram de uma “série de fatos criminosos graves” como o recebimento de propinas e lavagem de dinheiro. As informações constam do pedido de prisão feito contra Cunha. Os três filhos mais velhos dele são sócios de uma empresa investigada pela Lava Jato e suspeita de ter recebido dinheiro de suborno pago pela empresa Gol Linhas Aéreas.
As atenções dos procuradores se voltaram ao trio após a quebra do sigilo fiscal e bancário de empresas pertencentes a eles. De acordo com o pedido de prisão contra Cunha, a análise da movimentação financeira de uma empresa da qual os três são sócios “revelaram evidências da participação da companheira (Cláudia Cordeiro Cruz) e dos filhos do ex-deputado federal em uma série de fatos criminosos graves”.
Os filhos mencionados pelo MPF são: Danielle Dytz Cunha Doctorovich, Camilla Dytz Cunha e Felipe Dytz Cunha. Os três são sócios da empresa GDAV Serviços de Publicidade. A empresa, segundo as investigações da Lava Jato, recebeu R$ 1 milhão da agência de publicidade Almap BBDO a pedido da Gol Linhas Aéreas.
No total, os procuradores avaliam que empresas ligadas a Cunha receberam R$ 3 milhões de empresas ligadas à família Constantino, que controla a Gol Linhas Aéreas e o Grupo Comporte, de transporte terrestre.
Um relatório da Receita Federal indica que, em 2013, a GDAV tinha apenas um funcionário.
No pedido de prisão contra Cunha, os procuradores ressaltam que não há indícios de que a empresa dos filhos de Cunha tenham efetivamente prestado serviços que justificassem os pagamentos recebidos.
Além das suspeitas em relação aos repasses feitos à GDAV Publicidade, os procuradores da Operação Lava Jato também indicam que Danielle teria usado dinheiro de propina para pagar o seu casamento, realizado em 2011 no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
A suspeita, dizem os procuradores, é que os repasses feitos por empresas de transporte terrestre e aéreo (entre elas a Gol Linhas Aéreas) para Cunha e seus familiares seriam uma espécie de pagamento pela atuação do ex-deputado em favor dessas empresas durante o período em que ele mantinha mandato parlamentar.
“Embora os fatos necessitem aprofundamento investigativo, o auxílio de Cunha com projetos de interesse das empresas de transportes urbanos pode explicar os repasses”, diz um trecho do pedido feito pela Lava Jato.
Os investigadores também afirmam que um dos veículos utilizados por Danielle Cunha avaliado em R$ 110 mil teria sido comprado com dinheiro oriundo de atividades criminosas do pai. “Assim, restou claro que os automóveis da família do ex-deputado federal foram adquiridos com valores provenientes de crimes cometidos por Eduardo Cunha”, diz um trecho do pedido de prisão feito pela Lava Jato.



Para Lava Jato, Danielle usou dinheiro de propina para pagar o seu casamento


Investigações — Desde outubro de 2015, Danielle Dytz Cunha Doctorovich é alvo de um inquérito que tramitava no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar as suspeitas de que dinheiro de propina do esquema que desviava recursos da Petrobras abastecia contas no exterior das quais ela seria uma das beneficiárias.
O pedido de prisão contra Cunha não indica se há investigações em curso contra Felipe e Camilla Cunha.

A DEFESA — Procurada, a advogada de Danielle Cunha, Fernanda Tortima, disse que só irá se manifestar sobre o caso nos autos. A reportagem não conseguiu identificar advogados de Felipe e Camilla Cunha.
A reportagem também telefonou para o número da GDAV Publicidade, empresa do trio, mas o telefone cadastrado na Receita Federal é o de um escritório de contabilidade que afirmou não prestar mais serviços à GDAV.
Em nota, a Gol Linhas Aéreas disse que “iniciou uma apuração interna e contratou uma auditoria independente externa para plena verificação dos fatos”. A empresa disse ainda que está colaborando com as investigações sobre o caso.
O Grupo Comporte declarou em nota que “seguem colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos”.
Também em nota, a AlmapBBDO disse que o pagamento feito à empresa dos filhos de Cunha fazia parte de uma campanha publicitária da GOL entre 2012 e 2013. “Em respeito à verdade, entendemos ser indispensável esclarecer que não houve qualquer tipo de repasse de dinheiro, e sim a aquisição de espaço publicitário efetivamente utilizado, de acordo com as normas do mercado  e regulados pela Lei 4.680. Toda a operação está comprovada pelos documentos já disponibilizados para as autoridades. A AlmapBBDO sempre se pautou e sempre se pautará por rígidos princípios éticos e morais.”




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