segunda-feira, 9 de março de 2015


MST pretende transformar 2015 no ano da formação política

Prioridade do MST, diz dirigente, é a reforma agrária, mas movimento defenderá presidente

O MST possui mais de 40 unidades de formação de quadros espalhadas pelo país. Mas é na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em Guararema, no interior de São Paulo, que os dirigentes do movimento são preparados.
Decorado com imagens de ícones da esquerda como Che Guevara, Fidel Castro, Carlos Marighella e Frida Khalo, o espaço de 11 hectares (11 campos de futebol) oferece cursos variados, todos com viés ideológico de esquerda, que abordam desde a questão agrária brasileira até o histórico de movimentos sociais na América Latina.
De acordo com Rosana Fernandes, da coordenação política pedagógica da ENFF, a escola se mantém com doações e verbas de cooperativas agrícolas do MST espalhadas pelo país.
- O MST ampliou muito o trabalho de base na formação de quadros porque os últimos anos foram muito ruins para reforma agrária. O movimento teve que passar para outras atividades - avalia o cientista político Miguel Carter.
Lula na Escola Nacional
Florestan Fernandes
O MST quer ampliar os cursos e pretende transformar 2015 no ano da formação política para o movimento. Um mês antes de citar o "exército" do MST, o ex-presidente Lula visitou a Escola Nacional Florestan Fernandes e foi recebido por João Pedro Stédile, principal liderança do movimento.
A economista Joelci Damasceno, de 35 anos, que integra a direção do MST no Ceará e na semana passada encerrava um curso na escola, acredita que os integrantes do movimento podem se valer da "sólida formação política" para sair às ruas em defesa do governo Dilma Rousseff, caso o movimento a favor do impeachment, que ela classifica como "golpe", ganhe corpo.
- Nós do MST devemos chamar a atenção das pessoas para essa movimentação anti-democrática - afirmou.
Apesar de terem críticas duras ao governo Dilma em razão de a reforma agrária ter sido relegada na atual gestão, os dirigentes do movimento entendem que existe o risco de um grupo político que criminalize o movimento assumir o poder.
Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, diz que a defesa de Dilma contra o impeachment não está na órbita do movimento neste momento, mas admite, porém, que se os movimentos contra a presidente crescerem, os sem-terra não irão se omitir.
- Sempre que o espaço democrático for colocado em risco, as forças de esquerda e progressistas, inclusive o MST, vão se posicionar e vão ter uma participação muito ativa - disse Gilmar Mauro, para quem a luta pela reforma agrária é mais urgente.



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