segunda-feira, 30 de março de 2015


Joaquim Levy: Dilma nem sempre faz as coisas da maneira mais simples e eficaz

Joaquim Levy - Ministro da Fazenda

O ministro da Fazenda Joaquim Levy afirmou na última terça-feira (24.mar.2015), em evento a portas fechadas em São Paulo, que, embora seja bem-intencionada, a presidente Dilma Rousseff nem sempre faz as coisas da maneira mais simples e eficaz.
"Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil ... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno", disse o ministro, conforme gravação do evento.
No sábado (28.mar.2015)), o ministro afirmou que a frase foi tirada de contexto e reclamou da interpretação. A declaração - a primeira em que Levy direciona uma crítica especificamente ao nome da presidente em público - foi dada em clima informal a uma plateia de dezenas de ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago, instituição onde Levy se graduou Ph.D.
O diálogo ocorreu em inglês, idioma de alguns dos espectadores, e a frase original foi: "I think that there is a genuine desire by the president to get things right, sometimes not the easiest way, but... Not the most effective way, but there is this genuine desire".

Ouça o trecho da palestra de Levy.

O ministro já tinha feito críticas à gestão da presidente nos últimos meses, mas nunca à sua pessoa.
No final de fevereiro, quando anunciava novas medidas de seu ajuste fiscal, ele usou expressões duras contra o programa lançado no primeiro mandato para desonerar a folha de pagamento.
Na ocasião, ele disse a jornalistas que as medidas anteriores foram grosseiras, uma "brincadeira" que havia custado caro aos cofres brasileiros e que não tinha gerado resultado equivalente na proteção dos empregos.
Dias depois, recebeu um puxão de orelha da presidente, que disse a jornalistas ter considerado infelizes as declarações do ministro.

APRENDIZADO
Na terça-feira passada (24.mar.2015), o contexto da afirmação foram observações já reiteradas nos últimos meses por Levy sobre a condução da política econômica no primeiro mandato. Ele descreveu o governo como "ciente dos erros cometidos" e em consenso sobre a necessidade de mudanças. Citou um "processo de aprendizado" e disse que há vigilância para evitar novos equívocos.
A pergunta da plateia que levou o ministro a mencionar a presidente abordou as mudanças em curso e a equipe da Fazenda.
Em eventos recentes com empresários, o discurso do ministro em defesa do ajuste fiscal tem passado pelo que ele se refere como erros do passado. Em palestra a executivos de multinacionais há um mês, Levy chegou a dizer que o país deu uma "escorregadazinha" no campo fiscal, mas que a responsabilidade nas contas públicas foi retomada.
O vocabulário usado por ele costuma carregar ironias, como em recente entrevista, quando defendeu as medidas adotadas fazendo comparação indireta com o regime que fez a presidente perder peso. No evento de terça, fez gargalhar a plateia ao se referir aos congressistas como "novos amigos".


Levy diz que frase foi tirada de contexto e lamenta interpretação
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou "lamentar a interpretação" dada à sua declaração sobre a presidente Dilma Rousseff, tirando-a do contexto em que foi proferida durante conferência para mestres em negócios na última terça-feira (24.mar.2015).
Segundo Levy, em nota pessoal, ele repetiu na conversa algo que tem dito desde que assumiu a pasta: que a presidente tem um "desejo genuíno" de promover o ajuste na economia e que isso envolve "dificuldades" e "nem sempre as medidas têm a efetividade" que todo o governo Dilma espera e deseja.
Levy reclamou da interpretação feita de sua declaração, dada em clima informal a uma plateia de ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago - onde o ministro se graduou Ph.D -, em que afirmou:
"Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil ... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno."
Em sua nota, o ministro, na busca, segundo ele, de esclarecer o que quis dizer, sublinhou que os elementos de sua fala são os seguintes:
"Aqueles que têm a honra de encontrarem-se ministros sabem que a orientação da política do governo é genuína, reconhecem que o cumprimento de seus deveres exige ações difíceis, inclusive da excelentíssima senhora presidente Dilma Rousseff, e eles têm a humildade de reconhecer que nem todas as medidas tomadas têm a efetividade esperada."

MANIFESTAÇÃO PESSOAL
Enfatizando que o documento não é uma nota oficial, mas "uma manifestação pessoal", o ministro destacou que sua "conversa informal com membros do setor financeiro procurou transmitir os pontos principais do ajuste econômico em face à evolução da economia global e à exigência de crescimento no Brasil, e a importância de executá-lo rapidamente".
O ministro destacou que o governo nem sempre opta pelo caminho mais "fácil" em suas medidas, mas que elas são necessárias e que, em última instância, o Congresso vai aprimorá-las.
Joaquim Levy fez questão de destacar que a presidente Dilma tem demonstrado total comprometimento com a política de ajuste da economia, acrescentando que, como presidente, as correções foram aprovadas por ela e são dela.
Ele lembrou que a própria presidente tem dito que o governo teve de fazer ajustes na economia diante da mudança do cenário econômico e que, tão logo as correções comecem a fazer efeito, o país voltará a crescer.
Em suas conversas informais, Levy tem feito questão de reconhecer que a presidente tem sido "corajosa" em adotar as correções na política econômica e acredita estar no caminho certo para restaurar a confiança na economia brasileira.
Na terça-feira (31.mar.2015), o ministro irá à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para explicar o que os parlamentares chamam de "Plano Levy", que são as medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso.
Em acordo fechado com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ministro também deverá apresentar uma alternativa ao projeto já aprovado pela Câmara que estabelece um prazo de 30 dias para o governo regulamentar as novas regras do indexador da dívida dos Estados e municípios.


Nenhum comentário:

Postar um comentário