No ‘Jornal Nacional’, Haddad defende Dilma
e joga culpa de crise no PSDB
e joga culpa de crise no PSDB
Candidato evita fazer autocrítica pelo envolvimento do PT
em casos de corrupção e diz que perdeu eleição de 2016
por causa de antipetismo
em casos de corrupção e diz que perdeu eleição de 2016
por causa de antipetismo
O candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, durante entrevista no Jornal Nacional, da Globo |
O candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, evitou
na sexta-feira (14.set.2018), em entrevista ao Jornal Nacional, fazer
uma autocrítica sobre os erros do partido no período em que esteve no
governo federal, defendeu os doze anos de administração de Luiz Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff e colocou a culpa da crise iniciada após a
reeleição da ex-presidente, em 2014, na “sabotagem” da oposição,
principalmente do PSDB.
Haddad foi entrevistado pelo Jornal Nacional duas semanas após o
programa da Globo receber em sua bancada os candidatos Ciro Gomes (PDT),
Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). O
candidato do PT foi ouvido por cerca de 27 minutos, mesmo tempo dos
adversários, e teve um minuto extra para falar que Brasil queria para o
futuro.
Corrupção — Ao ser questionado se não seria o caso de o PT pedir
desculpas pelos escândalos em que se envolveu e que desviaram bilhões de
reais dos cofres públicos, Haddad afirmou que a gestão petista foi uma
das que mais fortaleceram as instituições de combate à corrupção, como a
Polícia Federal e o Ministério Público.
Sobre os desvios na Petrobras, disse que os esquemas vêm de tempos
remotos, desde a ditadura militar iniciada em 1964. Ele também defendeu
as nomeações de Lula para as diretorias das estatais, mas afirmou que
não cabe ao presidente acompanhar e se imiscuir no trabalho diário e em
cada uma das decisão dos nomeados. O ex-prefeito de São Paulo
reconheceu, porém, que as estatais ficaram “desguarnecidas” no período.
Ao ser lembrado que muitos quadros do PT se envolveram ou foram citados
nos esquemas, Haddad defendeu a ex-presidente Dilma dizendo que ela não é
ré em nenhum processo e que qualquer pessoa pode ser investigada. E
citou a própria Globo. “A Rede Globo condena por antecipação e vocês não
tratariam dos problemas da Globo como tratam dos nossos”, disse.
Ele também criticou as delações como uma “indústria” usada para diminuir
80% das penas, sem a apresentação de provas, em que o condenado vai
para casa gozar de seu patrimônio intacto.
William Bonner também citou as nomeações dos presidentes petistas para o
poder Judiciário e questionou por que, mesmo com elas, o PT acusa a
Justiça de conspiração. Haddad disse que as nomeações comprovam que a
sigla não partidarizou o Judiciário e que isso não significa que a
Justiça não possa errar.
O petista defendeu sua gestão como prefeito, dizendo que foi citado em
delações como retaliação de empreiteiras por ter desbaratado esquemas de
corrupção na prefeitura e afirmou que foi escolhido como candidato por
Lula pelo seu trabalho bem-avaliado como ministro da Educação. Ele
culpou sua derrota para João Doria (PSDB), em 2016, por ser um ano
“atípico”, devido ao clima de antipetismo criado pelo impeachment de
Dilma.
O candidato ainda jogou a culpa pela crise e pelo desemprego de 11
milhões de pessoas deixado pela administração petista na “sabotagem”
iniciada pela oposição devido à insatisfação com o resultado das urnas
em 2014. Ele citou entrevista recente do ex-presidente do PSDB Tasso
Jereissati em que o tucano assume os erros do partido em ter questionado
o resultado das últimas eleições presidenciais na Justiça, apoiado as
pautas-bomba no Congresso que aumentaram os gastos do governo e
embarcado na gestão Michel Temer (MDB). Para Haddad, o fracasso do
governo petista foi influenciado por ações da oposição liderada pelo
ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Ele terminou a entrevista ressaltando os doze anos de “normalidade
democrática” nos governos petistas, que promoveram programas como o Luz
Para Todos, o Prouni, a transposição do São Francisco e a geração de 20
milhões de emprego. Haddad afirmou ser possível sair da crise a partir
das eleições de outubro.
Segundo levantamento Datafolha divulgado na sexta-feira (14.set.2018), o
petista já aparece em segundo lugar na intenção de votos, empatado com
Ciro Gomes, com 13%. Jair Bolsonaro lidera com 26%.
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