domingo, 9 de setembro de 2018



Eleição do fim do mundo



O que todos afirmavam ser uma eleição imprevisível virou uma mancha indecifrável, por ora, devido ao atentado contra a vida de Jair Bolsonaro (PSL), esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, ali operado e recolhido ao leito de um hospital em São Paulo.
No país onde um presidente eleito (Tancredo Neves) começa a morrer na véspera de tomar posse, e depois escala a rampa do Palácio do Planalto dentro de um caixão, tudo pode acontecer, inclusive nada. Foi reaberta a temporada de puro “achismo”.
Sob o anonimato, políticos de vários partidos acham que Bolsonaro poderá ser eleito no primeiro turno.
É cedo para que se possa afirmar qualquer coisa. Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto sem Lula. No momento, estava empenhado em manter sua tropa unida. A ser bem-sucedido, já teria lugar assegurado no segundo turno com ou sem atentado.
O atentado deverá dar coesão às suas forças. Bolsonaro é o único candidato dispensado daqui para frente a expor-se aos riscos de 30 dias de campanha. Os boletins médicos e suas falas de leito serão suficientes para que siga sob a luz benigna dos holofotes.
Qual dos seus adversários ousará atacá-lo no rádio, na televisão ou em qualquer parte? Se o eleitor é refratário à pancadaria entre candidatos a um mesmo posto, tanto mais será quando o alvo de críticas escapou da morte.
Do ponto de vista estritamente político, nem por encomenda um ato bárbaro beneficiaria mais Bolsonaro como o atentado de 06.set.2018 — camisa verde e amarela às vésperas do dia 7 de Setembro, multidão a carregá-lo pelas ruas, celulares a registrarem tudo.
Quem ainda não foi contaminado pelo discurso raivoso do “nós contra eles” nem pela ideia de que bala (ou faca) resolve problemas, só pode desejar que Bolsonaro se recupere logo, para o seu próprio bem, de sua família, dos seus amigos e admiradores.

Bolsonaro cresce — efeito atentado??? — Sondagem eleitoral por telefone feita nas últimas 24 horas sob a encomenda de uma importante instituição do mercado financeiro trouxe duas boas notícias para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). A rejeição ao nome dele parou de crescer. A intenção de voto em Bolsonaro cresceu cinco pontos.
Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, está onde sempre esteve. E Fernando Haddad (PT), que por enquanto Lula e o PT evitam chamar de seu, está na casa dos 8%.
É de vitória o clima que se respira na suíte do quinto andar do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Bolsonaro se recupera do atentado sofrido em Juiz de Fora.

Jair Bolsonaro (PSL) torce para enfrentar Fernando Haddad (PT) no segundo turno. Haddad torce para enfrentar Bolsonaro. Um dos dois está errado.

O alto comando da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) concluiu que será necessário rever tudo – as peças de propaganda de rádio e de televisão destinadas a desconstruir a imagem de Bolsonaro, e o próprio discurso do candidato. Bater forte, e muito, no PT poderá ser a saída para tentar subtrair votos ao enfermo. Se não para subtrair, pelo menos para evitar que eleitores contrários ao PT acabem aderindo à candidatura de Bolsonaro.

Esta eleição será inesquecível, por todos os ângulos que venha a ser analisada. O líder das pesquisas de intenção de voto, agora fora delas, está preso em Curitiba. O vice-líder das pesquisas, alçado à condição de líder, está em um hospital e não sabe ainda quando sairá de lá.
Enquanto isso, o povo a tudo assiste bestificado.

Não confunda político preso com preso político. São coisas distintas. Não confunda atentado contra um político com atentado político. Também são coisas distintas. Até que se prove o contrário, Jair Bolsonaro foi vítima de um sujeito que não gostava dele por que é inimigo da maçonaria, e parte dela apoia Bolsonaro.
Até que o Supremo Tribunal Federal decida o contrário, Lula é culpado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Por isso foi condenado a 12 anos de cadeia.

Tem muito petista por aí dizendo que se o atentado a Jair Bolsonaro é uma ameaça à democracia, proibir Lula de ser candidato a presidente também é.
Lula foi julgado, condenado a 12 anos de cadeia e preso por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi a Justiça que o condenou. Se a Justiça não vale, o que por no lugar dela?

Desde que foi preso, apesar de os seus visitantes dizerem o contrário para efeito de propaganda, Lula convivia com três sentimentos: a raiva, o inconformismo e a esperança na libertação rápida e na candidatura a presidente. A esperança se foi, embora ele saiba que o ministro Dias Toffoli, tão logo assuma a presidência do Supremo Tribunal Federal, tentará dar um jeito para soltá-lo a partir do início do próximo ano. Ou antes, se for possível.
Acentuou-se a inconformidade de Lula. Ele não cansa de repetir que venceria a eleição presidencial direto no primeiro turno. Continua com raiva, muita raiva. Nem o PT escapa dela. Quase nada escapa.




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