As muitas dúvidas que envolvem Adélio Bispo de Oliveira
A figura do agressor do presidenciável Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de
Oliveira, por levar uma vida contraditória e suspeita, é bastante
adequada para alimentar diferentes versões.
Desempregado, declarando-se “servente de pedreiro”, pagou em dinheiro 15
dias de hospedagem em uma pensão de Juiz de Fora Minas Gerais,
circulava por vários Estados, esteve fazendo treinamento de tiro em
Santa Catarina, apresentava-se bem vestido, a polícia apreendeu em seu
quarto (na pensão) um notebook e quatro celulares — realmente é um
personagem estranho e singular.
Além disso, quem paga os quatro advogados do agressor de Bolsonaro? O
questionamento surge devido ao fato dos defensores terem sido pagos por
uma pessoa misteriosa. O defensores declaram que esse “pagador” pertence
a mesma igreja de Adélio, mas não revelaram a identidade. A igreja, por
sua vez, nega bancar a defesa do esfaqueador. E por fim, os
profissionais que defendem Adélio Bispo de Oliveira têm versões
diferentes sobre o pagamento de honorários.
O maior mistério é: quem sustentava Adélio Bispo de Oliveira? Diversas
possibilidades se abrem. Seus parentes informaram que há oito anos ele
tornou-se missionário da Igreja do Evangelho Quadrangular, o que
explicaria o motivo de passar a maior parte do tempo deslocando-se entre
vários lugares. “Ele sempre ficava viajando entre Uberaba, Uberlândia e Santa Catarina”, disse uma sobrinha de Adélio.
Se estava a serviço da Igreja do Evangelho Quadrangular, a Polícia
Federal não terá dificuldades para descobrir. Basta perguntar a seus
líderes no Brasil. Trata-se de uma seita pentecostal canadense, criada
há 74 anos e que se faz presente em vários países.
Mas será que era a Igreja do Evangelho Quadrangular que financiava
Adélio Bispo nessas idas e vindas? Não há lógica nesse roteiro, nenhuma
organização religiosa tem missionários que façam percursos fixos, tipo
representantes comerciais. Deve haver outra explicação, e logo
saberemos.
Como o sigilo dos quatros celulares e do notebook já foi quebrado, vão
surgir informações preciosas. Falta quebrar o sigilo bancário, para
saber se ele movimentava dinheiro em contas e quem fazia depósitos.
Depois disso, a situação vai clarear muito.
Quanto a seu estado mental, os parentes estão dizendo que ele “surtava”,
mas o relato parece inverossímil, porque quem surfa fica violento, e,
segundo parentes, isso não acontecia com ele. A família parece estar
fazendo um esforço para beneficiar a defesa. Dizem, também, que ele
ficava horas no quarto falando, mas isso não indica nada, porque Adélio
poderia estar usando simplesmente os celulares e, ou, o notebook.
Os advogados de Adélio orientaram os familiares a não dar nenhuma
declaração. “Só podemos dizer que não sabemos de nada”, disse uma
sobrinha do agressor de Bolsonaro, esclarecendo que segue orientação dos
advogados.
Por fim, não deve despertar teorias conspiratórias o fato de estar sendo
atendido por quatro advogados e não por um defensor público. Casos de
repercussão costumam ser defendidos por advogados que querem ganhar
“renome”. Apenas isso.
Entretanto, os advogados que defendem Adélio disseram em Juiz de Fora
que foram contratados pela família do agressor de Bolsonaro com
honorários custeados por uma igreja evangélica frequentada por parentes
de Adélio. No entanto, a família de Adélio revelou em Montes Claros que não tinha
feito nenhum contato, pois nem sabia que o missionário estava em Juiz de
Fora.
Conforme os familiares do agressor de Bolsonaro, ele deixou a casa da
família aos 17 anos e foi trabalhar em Santa Catarina. Chegou a
trabalhar como camareiro em um cruzeiro marítimo Internacional e para
isso, aprendeu a falar inglês e espanhol, de acordo com uma sobrinha
dele. “Teve uma época que ele ficou vários dias no navio [atracado] a
poucos metros da entrada dos Estados Unidos. Ele contou que teve
oportunidade de entrar lá, mas preferiu não fazer isso”, disse a fonte,
explicando que o tio não quis aproveitar a “oportunidade” para entrar
clandestinamente nos Estados Unidos.
Na manhã de sábado (08.set.2018), Adélio — que é investigado com base na
Lei de Segurança Nacional —, foi transferido de Juiz de Fora para um
presídio federal no Mato Grosso do Sul, onde cumprirá prisão preventiva.
Ainda na madrugada de quinta para sexta-feira (de 06 para 07.set.2018),
ele havia sido levado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional
(Ceresp) após ser pego em flagrante.
Por que quatro advogados, inclusive de renome nacional, estão defendendo
um homem que confessou ter tentado matar Jair Bolsonaro, candidato a
Presidência da República que aparece na liderança das pesquisas? Essa é a
pergunta que muitos cidadãos se fazem nas redes sociais e nas rodas de
conversa.
Os defensores, Zanone Manuel de Oliveira Junior, Pedro Augusto de Lima
Felipe e Possa, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Marcelo Manoel da
Costa, afirmaram que foram contratados por uma pessoa da mesma igreja de
Adélio, porém não revelaram a identidade.
Um dos advogados ressaltou ainda que a contratação não tem nenhuma relação com partidos políticos.
Os questionamentos continuam sendo feitos, porém a polícia não deve
apurar as circunstâncias da contratação, já que isso iria ferir o
direito de defesa do acusado.
O pastor Antônio Levi de Carvalho negou que a Igreja do Evangelho
Quadrangular em Montes Claros, Norte de Minas Gerais, esteja custeando
os gastos com os advogados de Adélio Bispo de Oliveira — o homem que
esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na última quinta-feira
(06.set.2018). Segundo familiares, o acusado se tornou missionário há
oito anos, o que levantou a suspeita de que o grupo religioso
financiasse a defesa. Os quatro representantes legais do homem que
agrediu o candidato deram versões divergentes sobre quem paga os
honorários.
De acordo com o pastor Antônio Levi de Carvalho, superintendente da
Igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros, Adélio nunca foi
integrante da Igreja na cidade.
No sábado (08.set.2018), em Juiz de Fora (na Zona da Mata), o advogado
Fernando Magalhães disse que a defesa foi contratada “a partir de uma
congregação de Montes Claros, que pediu sigilo”.
“A igreja [do Evangelho Quadrangular] não reconhece o senhor Adélio
como membro desta igreja”, afirmou o pastor Levi. “A igreja informa que
não pagou absolutamente nada de custas processuais dos advogados do
senhor Adélio”, completou.
O pastor demonstrou estranhamento com a informação de que a defesa seria
paga por uma ‘congregação’ de Montes Claros: “Conhecemos a realidade da
nossa cidade, que é difícil. Quem aqui teria dinheiro para contratar
advogados de um calibre desse?”.
Adélio é defendido por quatro advogados. Zanone, inclusive, deixou Belo
Horizonte às pressas em avião próprio rumo a Juiz de Fora. Ao lado dele,
estava Fernando Magalhães. Marcelo Manoel da Costa disse que trabalha
no caso especialmente por conta da visibilidade, já que os valores pagos
são ‘irrisórios’.
O pastor Antônio Levi de Carvalho disse que no Evangelho Quadrangular de
Montes Claros não existe nenhum registro de que Adélio já tenha
integrado a congregação. Segundo ele, há uma lista de fiéis registrados.
Ele admitiu, porém, que Adélio pode ter frequentado alguma outra sede
da igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros. “A nossa igreja
recebe visitas de muita gente. Não dá para saber quem são todas as
pessoas que visitam a igreja. Estou há 13 anos em Montes Claros e nunca
tive notícia dele [Adélio] em alguma igreja nossa”.
O pastor afirmou ainda que desconhece a informação de que Adélio tenha
se tornado missionário da igreja, conforme disseram familiares do
agressor. Levi explicou que é preciso apresentar ficha de bons
antecedentes para representar a Evangelho Quadrangular.
“Para entrar para a igreja, primeiro a pessoa tem que fazer uma
confissão de fé, aceitando Jesus para ser salva. Depois, acontece o
batismo”, relatou. Segundo ele, também é preciso que o aspirante a
missionário passe por um processo seletivo, não possua ficha criminal e
tenha “nome limpo no SPC e no Serasa”.
Também por meio de nota, representantes das Testemunhas de Jeová de
Montes Claros, informaram que Adélio Bispo e sua família não são
Testemunhas de Jeová e que “não são responsáveis e não possuem qualquer
relação com a contratação de advogados para a defesa” dele.
O QUE DIZ CADA ADVOGADO — Os quatro representantes legais do homem que
agrediu o candidato Jair Bolsonaro deram versões divergentes sobre quem
paga os honorários.
Fernando Magalhães: “Uma pessoa que se diz representando uma
congregação [os procurou]. Não nos cabe percorrer o caminho de provar
ser verdadeiro ou não o que declarou. Sabemos que o ataque não teve
cunho religioso e sim político, por convicção do cliente e sem
interferência de terceiros”.
Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa: “Adélio se disse
testemunha de Jeová. Não tem cunho da igreja [o pagamento]. Foi uma
pessoa ligada à religião dele que nos contratou”.
Marcelo Manoel da Costa: “O primeiro contato se deu por meio
de um parente de Adélio, que fora aluno de Zanone e telefonou para ele. A
questão do pagamento será combinada depois”.
Zanone Manuel de Oliveira Júnior: “A pessoa falou que tem
conhecimento com a família e com o pessoal da igreja e que tinha gente
lá conversando se iam ou não fazer uma vaquinha para financiar”.
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