Mais forte que o ódio
A política é a luta pelo poder. Violência, portanto, faz parte do jogo.
No passado, disputava-se o poder guerreando o adversário, e matando-o.
Hoje, o jogo político reduziu a violência. Infelizmente, ainda não pôde
eliminá-la.
A violência política no Brasil tinha um limite. A última vítima de
atentado, entre os candidatos aos principais cargos políticos, tinha
sido João Pessoa, vice na chapa de Getúlio Vargas, em 1930 — há 88 anos!
Mas, faz algum tempo, a violência política começou a crescer, no clima
do “nós contra eles”. O governador de São Paulo, Mário Covas, bem que
tentou conversar com professores em greve, mas foi agredido. José Dirceu
disse então uma frase famosa: “Têm de apanhar nas urnas e na rua”. E
tudo desandou: um professor carioca propondo o fuzilamento de toda “a
direita”, o post de uma jornalista — que pessoalmente é tranquila —
exigindo que um Governo petista se inicie construindo um “paredón”; e
Bolsonaro do outro lado sugerindo “metralhar os petralhas” — dizem que
brincando, mas hoje não dá para brincar assim. Nenhum dos lados deve
brincar com as palavras.
Esse clima, que levou ao atentado, deve influenciar as eleições. E não
deveria: levar uma facada não melhora nem piora um candidato. É preciso
votar com a cabeça, não com o coração; só isso nos libertará da cultura
do ódio. Votar naquele que se considerar o melhor nome. Não se pode
deixar que as eleições sejam influenciadas por um idiota com uma faca na
mão.
O apoio popular à Operação Lava Jato vem diminuindo — lentamente, mas
diminui. A informação é de uma pesquisa do instituto multinacional
Ipsos, realizada entre 1º e 11 de agosto de 2018. Embora o apoio às
investigações se mantenha altíssimo 86%, cai desde junho de 2017, quando
era de 96%. E a desconfiança aumenta: antes, 74% acreditavam que a Lava
Jato investigava todos os partidos. Hoje, o número caiu para 46%.
Uma informação relacionada a esta, obtida na mesma pesquisa: 30% dos
eleitores votariam num candidato envolvido em escândalos de corrupção,
“desde que fosse um bom presidente”. Boa parte desses eleitores apoia
com entusiasmo a Lava Jato e acha que o combate à corrupção tem de ir
até onde for possível, mas não se opõe ao “rouba mas faz”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário