Três dos dez conselheiros votaram contra indicação
de Bendine para a Petrobras
Representante dos minoritários acusa União de ‘impor sua vontade’ sobre interesses da empresa
Silvio Sinedino, representante dos empregados no Conselho de Administração da Petrobrás, votou contra a nomeação de Aldemir Bendine para o comando da estatal |
Houve um racha no Conselho de Administração da Petrobras que se reuniu
na sexta-feira (06.fev.2015) para escolher o novo presidente da
companhia. Dos dez membros, três votaram contra a nomeação de Aldemir
Bendine para a presidência da estatal. De acordo com uma fonte, o
presidente do Conselho de Administração da Petrobras, o ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega apresentou de uma vez só os nomes dos novos
diretores interinos além de Bendini. O representante dos minoritários,
Mauro Cunha, admitiu publicamente ter votado contra a indicação de
Bendine, acusando a União de ‘impor sua vontade’ sobre interesses da
empresa.
— Isso (o comportamento do Mantega) criou um grande mal estar. Houve
muito bate-boca na reunião, que foi muito tensa — disse uma fonte ligada
à estatal.
Votaram contra a indicação de Bendini os conselheiros José Guimarães
Monforte, representante dos acionistas preferenciais, Mauro Cunha, dos
acionistas minoritários, e Silvio Sinedino, representante dos
funcionários da Petrobras. Esses três membros também não haviam
participado de uma reunião informal que foi realizada ontem
(quinta-feira - 05.fev.2015) em São Paulo com os demais conselheiros da
estatal para sugerir alguns nomes para a diretoria da empresa.
— A reunião começou com um racha entre os membros, já que parte dos
conselheiros foram excluídos das conversas que foram realizadas na
véspera — disse uma outra fonte.
DESRESPEITO AO CONSELHO
O representante dos acionistas minoritários no conselho de administração
da Petrobras, Mauro Rodrigues da Cunha, classificou a nomeação de
Aldemir Bendine como “um episódio de desrespeito ao Conselho de
Administração da Petrobras” e afirma que a União, acionista controlador
da estatal, “mais uma vez impõe sua vontade sobre os interesses da
Petrobras, ignorando os apelos de investidores de longo prazo”.
“Os conselheiros tomaram conhecimento do nome do novo Presidente da
Companhia pela imprensa, antes do assunto ser discutido. Eu gostaria de
dizer em público as verdades que pus em ata, mas correria o risco de
sofrer retaliações, como já sofri no passado”, afirmou Cunha, em nota.
Cunha informou na nota ter se oposto à escolha de Bendine:
“Como diz o Fato Relevante, a decisão foi por maioria, e não por
unanimidade – de onde se pode concluir a posição desde conselheiro”,
afirmou.
ALINHADO COM O PLANALTO
O nome de Bendine não agradou aos acionistas minoritários por ser
alinhado ao Planalto e distante de alguém com perfil técnico e capaz de
dar um “choque de credibilidade” à estatal. As ações da estatal voltaram
a cair ontem na Bovespa em razão da mudança na diretoria.
Como os nomes da nova diretoria vieram prontos, só restou aos
conselheiros mais independentes votarem contra a indicação do governo.
“É mais alguém da confiança do governo para ingerir na companhia”,
afirmou um participante. “Agora, 100% dos conselheiros não entendem do
setor de petróleo”, apontou, ao lembrar que Bendine entrará no conselho
no lugar de Graça, a única com profundo conhecimento da área até então.
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega continua na presidência. Ele
conduziu o encontro de ontem e apresentou o nome do ex-presidente do
Banco do Brasil com elogios.
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