sábado, 7 de fevereiro de 2015


Três dos dez conselheiros votaram contra indicação 
de Bendine para a Petrobras
Representante dos minoritários acusa União de ‘impor sua vontade’ sobre interesses da empresa

Silvio Sinedino, representante dos empregados no Conselho
de Administração da Petrobrás, votou contra a nomeação
de Aldemir Bendine para o comando da estatal

Houve um racha no Conselho de Administração da Petrobras que se reuniu na sexta-feira (06.fev.2015) para escolher o novo presidente da companhia. Dos dez membros, três votaram contra a nomeação de Aldemir Bendine para a presidência da estatal. De acordo com uma fonte, o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega apresentou de uma vez só os nomes dos novos diretores interinos além de Bendini. O representante dos minoritários, Mauro Cunha, admitiu publicamente ter votado contra a indicação de Bendine, acusando a União de ‘impor sua vontade’ sobre interesses da empresa.
— Isso (o comportamento do Mantega) criou um grande mal estar. Houve muito bate-boca na reunião, que foi muito tensa — disse uma fonte ligada à estatal.
Votaram contra a indicação de Bendini os conselheiros José Guimarães Monforte, representante dos acionistas preferenciais, Mauro Cunha, dos acionistas minoritários, e Silvio Sinedino, representante dos funcionários da Petrobras. Esses três membros também não haviam participado de uma reunião informal que foi realizada ontem (quinta-feira - 05.fev.2015) em São Paulo com os demais conselheiros da estatal para sugerir alguns nomes para a diretoria da empresa.
— A reunião começou com um racha entre os membros, já que parte dos conselheiros foram excluídos das conversas que foram realizadas na véspera — disse uma outra fonte.

DESRESPEITO AO CONSELHO
O representante dos acionistas minoritários no conselho de administração da Petrobras, Mauro Rodrigues da Cunha, classificou a nomeação de Aldemir Bendine como “um episódio de desrespeito ao Conselho de Administração da Petrobras” e afirma que a União, acionista controlador da estatal, “mais uma vez impõe sua vontade sobre os interesses da Petrobras, ignorando os apelos de investidores de longo prazo”.
“Os conselheiros tomaram conhecimento do nome do novo Presidente da Companhia pela imprensa, antes do assunto ser discutido. Eu gostaria de dizer em público as verdades que pus em ata, mas correria o risco de sofrer retaliações, como já sofri no passado”, afirmou Cunha, em nota.
Cunha informou na nota ter se oposto à escolha de Bendine:
“Como diz o Fato Relevante, a decisão foi por maioria, e não por unanimidade – de onde se pode concluir a posição desde conselheiro”, afirmou.

ALINHADO COM O PLANALTO
O nome de Bendine não agradou aos acionistas minoritários por ser alinhado ao Planalto e distante de alguém com perfil técnico e capaz de dar um “choque de credibilidade” à estatal. As ações da estatal voltaram a cair ontem na Bovespa em razão da mudança na diretoria.
Como os nomes da nova diretoria vieram prontos, só restou aos conselheiros mais independentes votarem contra a indicação do governo. “É mais alguém da confiança do governo para ingerir na companhia”, afirmou um participante. “Agora, 100% dos conselheiros não entendem do setor de petróleo”, apontou, ao lembrar que Bendine entrará no conselho no lugar de Graça, a única com profundo conhecimento da área até então.
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega continua na presidência. Ele conduziu o encontro de ontem e apresentou o nome do ex-presidente do Banco do Brasil com elogios.

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