quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015


Carregador de malas de dinheiro na Petrobrás 
decide fazer delação
Shinko Nakandakari, acusado de ser operador de propinas na diretoria de Serviços da estatal, promete revelar como funcionava o esquema de pagamentos ilegais do cartel


O engenheiro Shinko Nakandakari, apontado como carregador de malas de dinheiro para o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, começou a ser ouvido pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Ele é o primeiro dos 11 operadores de propina, alvos da nona fase das investigações que apuram corrupção em contratos da estatal – batizada de My Way -, que decidiu colaborar com a Justiça.
Segundo o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco – que era braço direito de Duque na Petrobrás -, Nakandakari era um dos “operadores” de propina que atuava na Diretoria de Serviços – reduto do PT na estatal.
“Shinko entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Sofitel e Ceasar Park, onde ‘tomavam um drink ou jantavam’”, descreveu Barusco.
O termo de delação de Nakandakari está em fase de negociações. Os investigadores da Lava Jato estão “discutindo com Shinko o acordo de colaboração premiada, estando em curso a tomada de depoimento”. É o que informou o Ministério Público Federal ao juiz federal Sérgio Moro, nos autos da Lava Jato. Nakandakari é importante testemunha para elucidar as relações de Duque com o esquema de propina na Petrobrás.
Além de ter sido apontado como operador de propina em nome da empreiteira Galvão Engenharia – uma das 16 empreiteiras do cartel -, Nakandakari trabalhou por 16 anos na construtora Norberto Odebrecht. Segundo informou a empresa, Shinko foi gerente e não empresa, entre o período de 1976 a 1992,
“Shinko operacionalizava o pagamento de propinas por conta de contratos firmados entre a Galvão Engenharia, representada por Erton Fonseca, e a EIT Engenharia”, afirmou Barusco. O ex-gerente de Engenharia era próximo de Nakandakari.
Segundo Barusco, Nakandakari é “um ex-diretor aposentado da Odebrecht”. Eles eram amigos, “jantavam juntos e já viajaram”. O nome do primeiro dos operadores da Diretoria de Serviços a tentar uma delação já havia sido apontado pelo executivo da Galvão Engenharia.
Erton Medeiros de Fonseca, da Galvão Engenharia, alegou ter sido ameaçado por Nakandakari a pagar R$ 8,3 milhões em propinas a um “emissário” da Diretoria de Serviços da Petrobrás – no caso, o próprio Shinko Nakandakari. Contrapondo aquilo que Barusco diz em sua delação.
“O sr. Shinko não era e nunca foi emissário (da Diretoria de Serviços)”, declarou o advogado Rogério Taffarello. “Ele é um engenheiro conhecido e muito respeitado no mercado, formado pela Escola Politécnica. Fez carreira internacional e tem o diploma reconhecido pela Universidade de Coimbra (Portugal). Possui uma trajetória de décadas de grandes obras de infraestrutura. Chegou a ocupar o cargo de diretor de uma das maiores empreiteiras do País.”
Nakandakari confirma ter sido consultor da empreiteira Galvão Engenharia, segundo informou seu advogado, Rogério Fernando Taffarello.
“Ele (Nakandakari) foi procurado pela Galvão Engenharia com a finalidade de fazer consultoria para buscar o reequilíbrio financeiro de contratos (com a estatal). Jamais atuou como pessoa interposta da Petrobrás ou qualquer outra empresa ou órgão público, em qualquer situação”, declarou o defensor.
“As pessoas já o conheciam do mercado há décadas. Uma empresa que o procurou foi a Galvão Engenharia. De fato, ele prestou consultoria para a Galvão. É diferente de ser emissário (da Diretoria de Serviços da Petrobrás)”, pondera o advogado.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT.
“A Odebrecht repudia ilações, feitas por alguns veículos de comunicação, que tentam estabelecer relações entre a empresa e o engenheiro Shinko Nakadakari, investigado pela Polícia Federal do Paraná por supostamente intermediar pagamentos indevidos para outras empresas do ramo de construção. A Odebrecht informa que o engenheiro deixou a empresa há 23 anos, em 1992, tendo ocupado o cargo de gerente – e não de diretor, como alguns veículos de imprensa erroneamente divulgaram. Segundo autos da Justiça Federal do Paraná tornados públicos, em nenhum momento o engenheiro é citado por qualquer depoente ou testemunha como alguém que tivesse atuado em algum momento em nome da Odebrecht no contexto dos fatos investigados.”


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