Contas no vermelho forçam governadores a promover ajustes
A exemplo do que ocorre com o governo federal, desequilíbrios
orçamentários herdados dos mandatos anteriores estão disseminados entre
os Estados e têm obrigado os governadores a tomar medidas impopulares de
ajuste.
Levantamento feito mostra que 17 dos 27 governadores publicaram nas
últimas semanas balanços financeiros mostrando que suas contas fecharam o
ano passado no vermelho.
Dito de outra maneira, as receitas desses Estados foram insuficientes
para cobrir as despesas com pessoal, custeio administrativo, programas
sociais e investimentos.
Trata-se de algo inédito desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal,
aprovada em 2000, impôs regras para disciplinar as finanças públicas.
Em 2011, primeiro ano das administrações passadas, apenas dois
governadores registraram saldo negativo e precisaram se endividar para
financiar gastos cotidianos e obras de infraestrutura.
Ao final dos mandatos, a lista dos deficitários é ampla a ponto de
incluir Estados ricos e pobres, grandes e pequenos – e governadores dos
principais partidos do país.
Isso obrigará os governadores que tomaram posse no início do ano a
apertar os cintos, porque a oferta de crédito nos bancos federais e os
repasses do Tesouro Nacional para obras tendem a minguar, e as receitas
continuarão sofrendo com a crise econômica.
A equipe do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indicou que espera que
Estados e municípios alcancem um superavit de R$ 11 bilhões neste ano, o
equivalente a 17% da meta de economia estabelecida para o setor
público, de R$ 66 bilhões, incluindo o governo federal e as estatais.
No ano passado, os governos estaduais tiveram deficit de R$ 13,2
bilhões, pela metodologia adotada pelo Banco Central, e de R$ 11,7
bilhões pelos balanços locais, sem incluir o Amapá, que ainda não
publicou os dados.
ESCALADA
Em valores absolutos, os maiores rombos foram contabilizados no Rio de
Janeiro, no Paraná e em Pernambuco – comandados, respectivamente, pelo
PMDB, pelo PSDB e pelo PSB, todos vitoriosos nas últimas eleições.
Os Estados superavitários foram São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio
Grande do Norte, Sergipe, Pará, Rondônia e Roraima. Como proporção da
economia local, o maior deficit é o do Acre, onde o PT conquistou nas
urnas o quinto mandato seguido.
A escalada dos gastos nos Estados foi amparada por políticas adotadas no
primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff para estimular a
economia, com ampliação do crédito nos bancos oficiais.
O aumento das despesas ocorreu num período em que a arrecadação de
impostos – incluindo tributos federais compartilhados com os governos
regionais – acompanhou o esfriamento da economia, agravada no ano
passado.
Agora, tanto o Palácio do Planalto quanto boa parte dos governadores
enfrentam resistências contra os inevitáveis pacotes de ajuste fiscal.
No Paraná, o tucano Beto Richa teve de recuar em suas propostas de
redução das despesas com o funcionalismo público na semana passada,
quando servidores invadiram a Assembleia Legislativa.
Medidas que incluem cortes orçamentários e aumento de impostos também
estão em debate no Distrito Federal – onde o governo foi obrigado a
atrasar salários – e em Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Goiás.
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