Rápido e caro
Sartori usa helicóptero em compromisso não oficial
Episódio mostra a contradição entre o discurso e a prática do governador
Sartori usa helicóptero em compromisso não oficial
Episódio mostra a contradição entre o discurso e a prática do governador
Vale lembrar o que disse Sartori quando era candidato:
"Vou cortar viagenzinha em demasia. Não se pode mexer naquilo que é importante para a vida das pessoas".
Ilegal não é, mas chama atenção pela contradição entre o discurso de
austeridade e a prática: minutos após pregar união para enfrentar a
crise financeira, na abertura da colheita do arroz, sábado
(07.fev.2015), em Tapes, o governador José Ivo Sartori embarcou em um
helicóptero da Uniair rumo ao Litoral Norte, mesmo sem ter compromissos
oficiais na agenda. Conforme o Palácio Piratini, o custo da viagem —
incluindo o percurso de cerca de cem quilômetros entre Porto Alegre e
Tapes — foi de R$ 13 mil.
De Tapes, Sartori seguiu de helicóptero para Capão da Canoa. Desembarcou
no Centro de Formação Aeropolicial e partiu para Xangri-lá, onde
participou da feijoada de aniversário do vereador de Porto Alegre Idenir
Cecchim (PMDB). Na comitiva, também estavam o presidente da Assembleia,
Edson Brum (PMDB), e o secretário da Segurança, Wantuir Jacini, que
acompanharam Sartori na feijoada.
O Piratini informou que o governador optou por viajar de helicóptero, e
não de carro, para chegar ao compromisso "mais rápido". A assessoria
explicou ainda que as aeronaves da Brigada Militar não foram utilizadas
como de costume porque uma delas estava em manutenção, e a outra, cedida
para a Operação Golfinho. Depois da parada em Xangri-lá, Sartori
percorreu cerca de 70 quilômetros, de carro, até Torres, para descansar
ao lado da família. O retorno para Porto Alegre, segundo a assessoria,
foi de automóvel.
Nos últimos quatro meses de sua gestão, Tarso Genro contratou duas vezes
os serviços da Uniair. Em novembro, "visando compromissos de interesse
público", o petista viajou para Xangri-lá, ao custo de R$ 9,1 mil, e
para Lagoão (R$ 13 mil). O Estado possui contratos com a Uniair, empresa
da Unimed-RS que presta serviços aéreos, para transporte executivo e
aeromédico.
Sartori e helicóptero utilizado |
Dívida pode levar empresa a retirar equipamentos de hospitais
Se o governo estadual gaúcho não pagar R$ 1,2 milhão que deve a empresa
Air Liquide, ela recolherá os equipamentos que instalou nos hospitais
Partenon, São Pedro e Itapuã. A conta foi pendurada em março do ano
passado pelo governo Tarso Genro. O calote não é caso isolado.
Helicóptero de socorro médico
O primeiro dos dois helicópteros modelo Koala adquiridos pelo governo
estadual para aprimorar o atendimento aeromédico no Estado — alvo de
polêmica devido à incerteza sobre a continuidade do serviço — já se
encontra em Porto Alegre. A aeronave chegou no final da tarde de
terça-feira (10.fev.2015) e está parada no hangar da Brigada Militar
localizado no Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Segundo o major Carlos Franck, do Batalhão Aéreo da BM, o helicóptero
veio voando dos Estados Unidos (realizando paradas para
reabastecimento), mas não deverá estar em condições de operação no país
em menos de um mês. Esse é o prazo médio necessário para regularizar a
documentação do aparelho, o que inclui substituir o prefixo estrangeiro
com que saiu dos EUA por outro nacional.
— Depois disso, estará em condições de voo — afirma Franck.
As duas aeronaves foram adquiridas pelo governo anterior a um preço de
R$ 26,8 milhões, e acabaram envolvidas em polêmica. O novo secretário
estadual da Saúde, João Gabbardo, chegou a afirmar que o serviço
aeromédico era "totalmente dispensável", podendo ser substituído pelo
transporte terrestre dos pacientes. Em seguida, afirmou ter sido "mal
interpretado" e que estava se referindo especificamente à equipe de 15
profissionais contratados por meio da prefeitura de Imbé que vêm
prestando esse serviço com verba repassada pelo Estado. Esse modelo de
atendimento está sendo revisado pelo Piratini.
Gabbardo afirmou anteriormente que a utilização dos novos helicópteros
ainda é "incerta". Tramita no Tribunal de Contas do Estado (TCE) um
procedimento para averiguar a legalidade da licitação — cuja compra
chegou a ser suspensa e posteriormente liberada pela Justiça.
Houve suspeita de direcionamento da licitação e dúvidas sobre a
utilização dos aparelhos — como foram comprados com recurso da saúde,
poderiam atuar somente nesta área. Porém, o edital previa seu uso para
atividades diversas como combate a incêndio, patrulhamento e outros. O
caso ainda será julgado no TCE.
Até o final da tarde de quarta-feira (11.fev.2015), segundo a assessoria
de imprensa, a Secretaria Estadual da Saúde desconhecia a chegada do
helicóptero à Capital.
Aeronave de socorro médico recebida na última terça-feira (10.fev.2015) |
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