domingo, 8 de fevereiro de 2015


Consultor foragido apontado como operador do esquema de pagamento de propinas da Petrobras se entrega à Polícia Federal em Curitiba
Mário Goes, segundo o delator Pedro Barusco, atuava como operador das empresas UTC, MPE, OAS, Mendes Júnior, Andrade Gutierrez, Schahin, Carioca e Bueno Engenharia

O consultor Mário Goes, apontado como um dos operadores do esquema de pagamento de propina dentro da Petrobras, se apresentou neste domingo (08.fev.2015) à Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. A superintendência paranaense da PF é a base da Operação Lava Jato, que na quinta-feira, 05.fev.2015, deflagrou a nona fase da operação, batizada de My Way.
Mário Goes teve a prisão preventiva decretada na última quinta-feira (05.fev.2015), pela Justiça do Paraná, e era considerado foragido desde então. Na ocasião, dentro da nona fase da operação Lava-Jato, a PF tentou cumprir mandado de prisão contra Goes no Rio, mas ele não foi localizado.
De acordo com a assessoria de comunicação da PF em Curitiba, Mário Goes se apresentou pouco antes do meio-dia e foi encaminhado para a carceragem do órgão. Ele não havia sido ouvido até o fim da tarde deste domingo (08.fev.2015).


Segundo o delator Pedro Barusco, ex-gerente executivo da Petrobras, Goes atuava como operador das empresas UTC, MPE, OAS, Mendes Júnior, Andrade Gutierrez, Schahin, Carioca e Bueno Engenharia. Mário Goes, de acordo com Barusco, lhe entregava regularmente mochilas com valores entre R$ 300 mil e R$ 400 mil, que ele buscava pessoalmente na residência do consultor, na Estrada das Canoas, em São Conrado.
Goes é um dos onze operadores citados em uma planilha de Barusco que atuaram em 87 obras da estatal. Juntas, essas obras somaram R$ 47 bilhões no Brasil e US$ 11 bilhões em contratos no exterior. Em depoimento ao Ministério Público, o ex-gerente executivo da Petrobras disse que as propinas variavam entre 1% e 2% dos valores dos contratos firmados entre 2003 e 2014 na Petrobras e eram divididas entre partidos e dirigentes da estatal.
Barusco disse que Mário Goes, seu amigo há 15 anos, tem uma empresa chamada Rio Marines há pelo menos 20 anos e é engenheiro naval. Segundo o ex-gerente executivo da Petrobras, a propina em nome de várias construtoras no Brasil e no exterior muitas vezes era paga por Goes em dinheiro vivo. Ainda segundo Barusco, o operador que se entregou neste domingo tinha duas contas no Banco Safra na Suíça, que usava para fazer pagamento de suborno.
Barusco e Goes eram tão próximos, segundo o depoimento do ex-gerente da estatal, que chegaram a ter sociedade num avião, comprado por US$ 600 mil.
O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, que transportava dinheiro do doleiro Alberto Youssef, já havia citado um homem chamado Mário em seu depoimento e a localização da casa dele, mas não indicou o sobrenome do consultor.
O policial, na ocasião, disse: "Levei dinheiro do Youssef para uma pessoa chamada Mário, que trabalha com navios off-shore. Entreguei para ele no escritório, próximo à UTC, e na casa dele, em São Conrado. Passando pela Rocinha, antes de sair de São Conrado, pega à direita na padaria. É um condomínio que fica à esquerda, na casa 2. Fui lá umas duas vezes".
Na planilha de Barusco, é possível identificar quem em cada empresa ficou responsável por negociar o esquema de corrupção com os dirigentes da Petrobras. Parte das pessoas citadas está presa na carceragem da PF em Curitiba desde novembro. A planilha ainda detalha o percentual de propina em cada obra, e a quem o dinheiro foi destinado.
O alvo da Polícia Federal na nona fase da Operação Lava-Jato é a BR Distribuidora, além da Diretoria de Serviços da Petrobras, que era comandada pelo ex-diretor Renato Duque. Em Santa Catarina foi identificada a empresa Arxo, de grande porte, fabricante de tanques de combustíveis e caminhões para abastecimento de aeronaves, que teria sido usada para distribuição de propina e lavagem de dinheiro no esquema da distribuidora.
Mario Góes é apontado como um dos operadores de pagamentos de propinas que envolveram a empresa Arxo, fornecedora da BR Distribuidora. Uma ex-funcionária da Arxo afirmou em depoimento à força-tarefa da Lava Jato que Góes chegou a receber dinheiro na empresa, fornecedora da BR Distribuidora. Com sede em Piçarras (SC), a Arxo é uma das principais envolvidas nesta fase da Lava Jato. Um dos sócios da empresa, João Gualberto Pereira, se entregou à PF na tarde de sexta-feira (06.fev.2015). O diretor financeiro Sérgio Marçaneiro e o sócio Gilson Pereira haviam sido presos no dia anterior. Na sede da empresa, a PF encontrou quase 500 relógios de luxo e R$ 3,18 milhões em dinheiro vivo, em notas de reais, dólares e euros.


As etapas da Lava Jato
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