Estado Islâmico divulga vídeo
que mostra piloto sendo queimado vivo
Morte ocorreu em janeiro, segundo Jordânia
Muaz al-Kasasbeh foi capturado em dezembro e seria trocado por mulher-bomba
Muaz al-Kasasbeh é queimado vivo |
O Estado Islâmico (EI) divulgou um vídeo nesta terça-feira (03.fev.2015)
que mostra o piloto jordaniano Muaz al-Kasasbeh sendo queimado vivo. O
primeiro-tenente de 26 anos foi capturado no fim de dezembro na Síria e
tinha sua libertação condicionada à soltura da mulher-bomba Sajida
al-Rishawi pela Jordânia. O governo jordaniano confirmou a morte através
de sua televisão estatal, e afirma que ela ocorreu no dia 3 de janeiro.
No vídeo de 22 minutos, Kasasbeh aparece como um apresentador
jornalístico culpando o governo da Jordânia por sua morte, a exemplo dos
outros reféns estrangeiros. Com o olho repleto de hematomas, ele então é
filmado em uma jaula, com rastros de petróleo. O primeiro-tenente é
queimado, aos gritos, visto de perto por um esquadrão de fuzileiros.
Inicialmente, a autenticidade do vídeo não foi confirmada, mas um membro
da família disse à Reuters que o chefe das Forças Armadas do país
confirmou aos parentes de Kasasbeh sua execução. Segundo fontes
jordanianas à SkyNews Arabia, Sajida e outros cinco extremistas
islâmicos serão executados nesta noite.
Inicialmente, a Jordânia havia concordado com a libertação de Sajida —
que deveria ser levada para a fronteira com a Turquia — em troca de
Kasasbeh, mas pediu provas de que o piloto ainda estivesse vivo. A
organização terrorista, no entanto, não deu qualquer retorno a Amã após o
pedido. Funcionários jordanianos ameaçaram então enforcar seus
prisioneiros radicais islâmicos caso Kasasbeh fosse morto. Após a
divulgação do vídeo e a confirmação da morte do piloto, o governo
jordaniano prometeu "punição e vingança" contra o grupo extremista.
— As Forças Armadas informam que o heroico piloto Muaz al-Kasasbeh
morreu e pedem a Deus que o aceite entre os mártires — afirmou em
pronunciamento na TV, o porta-voz do Exército jordaniano, Mamdouh
al-Ameri. — Embora chorem a morte de seu mártir, as Forças Armadas
enfatizam que seu sangue não foi derramado em vão. Nossa punição e
vingança serão tão enormes quanto a perda do povo jordaniano.
Outros dois reféns, os japoneses Haruna Yukawa e Kenji Goto, foram
decapitados pelo grupo nos últimos dias. O premier do país, Shinzo Abe,
tentou negociar a libertação dos dois sem sucesso. A comunidade
internacional se prontificou a tomar medidas urgentes contra o EI após
as mortes.
Esta foi a primeira execução de reféns internacionais pelo EI a ser
feita por imolação. Todas as demais foram realizadas por decapitação.
Outros métodos utilizados em execuções de cidadãos iraquianos e sírios
envolviam também apedrejamento e lançamento das vítimas a partir de
edifícios.
— Eles elevaram os níveis de brutalidade — afirmou David L. Philips,
ex-assistente do Departamento americano de Estado para a pacificação do
Iraque, e atual diretor do Instituto de Estudos dos Direitos Humanos da
Universidade de Columbia — Isso irá afastá-los ainda mais dos outros
muçulmanos e da comunidade internacional.
Estado Islâmico divulga vídeo em que piloto jordaniano é queimado vivo |
PRIMEIRO REFÉM DA COALIZÃO LIDERADA PELOS EUA
No fim de dezembro, o piloto teve seu avião abatido por um míssil
enquanto sobrevoava a cidade síria de Raqqa. Aos 26 anos, o
primeiro-tenente foi feito refém, sendo o primeiro caso de incidentes
com a coalizão militar liderada pelos EUA contra o grupo extremista.
Originalmente, o EI pediu US$ 200 milhões pelas vidas dos reféns
japoneses, mas após matar Yakawa, exigiu a libertação de Sajida em troca
das vidas de Kasasbeh e de Goto, e uma eventual libertação deles.
A mulher-bomba, ligada à al-Qaeda, foi condenada e detida na Jordânia
por seu envolvimento nos atentados de Amã em 2005. Ela e o marido tinham
se organizado para que ambos se explodissem em um hotel — como parte de
outros ataques simultâneos —, mas o cinto de explosivos dela falhou.
Em janeiro, a Jordânia ameaçou agilizar os julgamentos de prisioneiros
associados ao Estado Islâmico, muitos deles com possibilidades de serem
condenados à morte, caso o grupo matasse o piloto. Uma fonte em Amã
afirmou à rede CBC que Sadija havia sido transferida para a prisão na
qual as execuções legais são aplicadas.
Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, comentou a morte de
al-Kasasbeh, e afirmou que a coalizão terá que "redobrar a vigilância".
— Teremos que redobrar a vigilância para ter certeza de que ele sejam
grandemente derrotados, independente de sua ideologia — afirmou o
presidente americano. — Foi mais uma demonstração da crueldade e da
barbárie deste grupo, interessado apenas em morte e destruição.
Imagem divulgada pelo Estado Islâmico mostra um homem que seria o piloto jordaniano capturado |
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