Em áudio, doleiro detalha corrupção
na Petrobras
Doleiro Alberto Youssef (centro), implicado na Operação Lava Jato, foi ouvido pela Justiça Federal no Paraná |
Em áudios divulgados nesta quinta-feira (09.out.2014) pela Justiça
Federal do Paraná (ouça abaixo), o doleiro Alberto Youssef conta
detalhes sobre o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.
O esquema financiou a campanha eleitoral de 2010 de parlamentares e partidos. Teria irrigado as campanhas eleitorais do PT, PMDB e PP nas eleições de 2010.
Youssef confirmou as informações do ex-diretor de Refino e Abastecimento
da Petrobras Paulo Roberto Costa e avançou nos detalhes. Ele revelou
como foi feita a distribuição da propina paga por empreiteiras para
financiar partidos. Segundo ele, 60% do dinheiro desviado da Petrobras
abastecia políticos. Disse que João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o
lobista Fernando Soares seriam operadores do esquema.
Na gravação, o doleiro relata: "Era 1% de todos contratos: 30% para
doutor Paulo Roberto (Costa, ex-diretor da Petrobras), 60% para agentes
políticos, 5% para mim e 5% era para João Claudio Genu (ex-assessor do
PP e do deputado José Janene, morto em 2010)".
Ouça a primeira parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal
ÁUDIO: na primeira parte do depoimento, Alberto Youssef nega ser chefe
do esquema (6min45s), lembra o início no envolvimento na irregularidade
(7min45s), trata sobre a abertura de contas para movimentar o dinheiro
(9min), relata a forma como se dava a distribuição de propinas e a
relação com as empreiteiras (13min20s), apresenta a distribuição dos
valores para partidos, diretores da Petrobras e agentes públicos
(24min20s) e fala sobre o acerto prévio das empresas para as licitações
(28min25s). Ouça:
Ouça a segunda parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal
Ouça a terceira parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal
Ouça a quarta parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal
O esquema de corrupção
Antes de Genu, seria Janene quem receberia a parte do PP, segundo o
relato. Ambos já tinham sido condenados no processo do mensalão.
Youssef explicou como seria feita a suposta distribuição da propina paga
por empreiteiras contratadas pela Petrobras e que, segundo ele, teria
financiado partidos políticos — entre eles PT, PMDB e PP, alvos da
operação Lava-Jato, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na Justiça
Federal de Curitiba.
O doleiro revelou que foi por meio dos operadores do esquema (João
Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o lobista Fernando Soares) e das
empreiteiras que ele ficou sabendo que todas diretorias da Petrobras
teriam esquemas de propina igual àquele em que ele próprio atuava na
diretoria de Abastecimento.
No caso específico da empreiteira Camargo Corrêa, Youssef revelou que
sua propina seria de 10% sobre todo produto comprado e que repassaria
comissões para executivos da própria empresa. "Da Camargo Corrêa foi 10%
de cada venda. De outras empresas, menos", afirma no depoimento.
Questionado pelo magistrado Sérgio Moro sobre os pagamentos de comissão
aos próprios diretores, ele respondeu que estava dentro de seu
percentual.
O doleiro também listou 10 grandes construtoras do país como integrantes
de um "cartel" montado para fraudar as licitações da Petrobras por
intermédio do ex-diretor Paulo Roberto Costa e pagar propina a políticos
do PT, PMDB e do PP. Afirmou ainda que diretores das empresas tinham
comissionamento sobre o esquema.
Disse, a um dos procuradores da Operação Lava-Jato: "Era entregue uma
lista que iam participar no certame (licitação) e já era dito quem ia
ser o vencedor. Era uma lista repassada pelo Paulo Roberto Costa. Logo
que iam existir os convites era passada a lista".
Entre as empresas citadas estão a Camargo Corrêa e a Toyo Setal, que
pagariam 1% nos contratos feitos com a diretoria de Abastecimento e de
2% a 5% nos termos aditivos de contratos. Youssef acusou especificamente
a Odebrecht e a Toyo por pagamentos de comissão feitos no exterior. As
empresas citadas já negaram anteriormente qualquer relação comercial com
Youssef e negam irregularidades nos contratos.
Em nota, a Transpetro também negou as afirmações de Costa. "As acusações
são mentirosas e absurdas", diz o texto, em que a instituição manifesta
o estranhamento da divulgação do depoimento "em pleno processo
eleitoral".
Nenhum comentário:
Postar um comentário