sexta-feira, 10 de outubro de 2014


Em áudio, doleiro detalha corrupção 
na Petrobras

Doleiro Alberto Youssef (centro), implicado na Operação Lava Jato,
foi ouvido pela Justiça Federal no Paraná

Em áudios divulgados nesta quinta-feira (09.out.2014) pela Justiça Federal do Paraná (ouça abaixo), o doleiro Alberto Youssef conta detalhes sobre o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.
O esquema financiou a campanha eleitoral de 2010 de parlamentares e partidos. Teria irrigado as campanhas eleitorais do PT, PMDB e PP nas eleições de 2010.
Youssef confirmou as informações do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e avançou nos detalhes. Ele revelou como foi feita a distribuição da propina paga por empreiteiras para financiar partidos. Segundo ele, 60% do dinheiro desviado da Petrobras abastecia políticos. Disse que João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o lobista Fernando Soares seriam operadores do esquema.
Na gravação, o doleiro relata: "Era 1% de todos contratos: 30% para doutor Paulo Roberto (Costa, ex-diretor da Petrobras), 60% para agentes políticos, 5% para mim e 5% era para João Claudio Genu (ex-assessor do PP e do deputado José Janene, morto em 2010)".

Ouça a primeira parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal
ÁUDIO: na primeira parte do depoimento, Alberto Youssef nega ser chefe do esquema (6min45s), lembra o início no envolvimento na irregularidade (7min45s), trata sobre a abertura de contas para movimentar o dinheiro (9min), relata a forma como se dava a distribuição de propinas e a relação com as empreiteiras (13min20s), apresenta a distribuição dos valores para partidos, diretores da Petrobras e agentes públicos (24min20s) e fala sobre o acerto prévio das empresas para as licitações (28min25s). Ouça:



Ouça a segunda parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal



Ouça a terceira parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal



Ouça a quarta parte do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal



O esquema de corrupção
Antes de Genu, seria Janene quem receberia a parte do PP, segundo o relato. Ambos já tinham sido condenados no processo do mensalão.
Youssef explicou como seria feita a suposta distribuição da propina paga por empreiteiras contratadas pela Petrobras e que, segundo ele, teria financiado partidos políticos — entre eles PT, PMDB e PP, alvos da operação Lava-Jato, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal de Curitiba.
O doleiro revelou que foi por meio dos operadores do esquema (João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o lobista Fernando Soares) e das empreiteiras que ele ficou sabendo que todas diretorias da Petrobras teriam esquemas de propina igual àquele em que ele próprio atuava na diretoria de Abastecimento.
No caso específico da empreiteira Camargo Corrêa, Youssef revelou que sua propina seria de 10% sobre todo produto comprado e que repassaria comissões para executivos da própria empresa. "Da Camargo Corrêa foi 10% de cada venda. De outras empresas, menos", afirma no depoimento. Questionado pelo magistrado Sérgio Moro sobre os pagamentos de comissão aos próprios diretores, ele respondeu que estava dentro de seu percentual.
O doleiro também listou 10 grandes construtoras do país como integrantes de um "cartel" montado para fraudar as licitações da Petrobras por intermédio do ex-diretor Paulo Roberto Costa e pagar propina a políticos do PT, PMDB e do PP. Afirmou ainda que diretores das empresas tinham comissionamento sobre o esquema.
Disse, a um dos procuradores da Operação Lava-Jato: "Era entregue uma lista que iam participar no certame (licitação) e já era dito quem ia ser o vencedor. Era uma lista repassada pelo Paulo Roberto Costa. Logo que iam existir os convites era passada a lista".
Entre as empresas citadas estão a Camargo Corrêa e a Toyo Setal, que pagariam 1% nos contratos feitos com a diretoria de Abastecimento e de 2% a 5% nos termos aditivos de contratos. Youssef acusou especificamente a Odebrecht e a Toyo por pagamentos de comissão feitos no exterior. As empresas citadas já negaram anteriormente qualquer relação comercial com Youssef e negam irregularidades nos contratos.
Em nota, a Transpetro também negou as afirmações de Costa. "As acusações são mentirosas e absurdas", diz o texto, em que a instituição manifesta o estranhamento da divulgação do depoimento "em pleno processo eleitoral".

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