segunda-feira, 29 de julho de 2013


Papa Francisco chega à Itália 
após visita ao Brasil

O Papa Francisco desembarca no aeroporto Ciampino, em Roma.

O Papa Francisco chegou à Itália nesta segunda-feira (29 de julho), após sua participação na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.
O avião que transportava o pontífice, um Airbus A330 da companhia Alitalia, aterrissou no aeroporto de Ciampino, em Roma, às 11h25 horário local (6h25 de Brasília), após percorrer os 9.201 quilômetros que separam o Rio de Janeiro da capital italiana.
O Papa desceu a escada do avião carregando a sua maleta preta de mão, que havia chamado a atenção já na viagem de ida.
Do aeroporto, o pontífice foi de helicóptero até o Vaticano, pondo fim a sua primeira viagem internacional como Papa.
O Papa mandou uma mensagem pelo Twitter avisando que chegou, dizendo que sua alegria era maior que seu cansaço.

Reprodução do tuíte do Papa Francisco avisando sobre sua chegada a Roma.


Papa diz que gays não devem ser julgados nem marginalizados
O Papa Francisco disse que os homossexuais não devem ser "julgados ou marginalizados" e que devem ser integrados à sociedade.
Conversando com jornalistas a bordo do avião que o levou do Rio a Roma após a Jornada Mundial da Juventude, Francisco também afirmou que, segundo o Catecismo da Igreja Católica, a orientação homossexual não é pecado, mas os atos homossexuais são.
"Se uma pessoa é gay e procura Deus e a boa vontade divina, quem sou eu para julgá-la?", disse, em uma das mais generosas referências aos homossexuais já feitas por um pontífice.
"O Catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem", disse. "Ele diz que eles não devem ser marginalizados por causa disso, mas que devem ser integrados à sociedade", afirmou o papa, em italiano, usando a palavra "gay" em vez de "homossexual", que era o termo adotado por outros pontífices.
"O problema não é ter essa orientação. Devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby por essa orientação, ou lobbies de pessoas invejosas, lobbies políticos, lobbies maçônicos, tantos lobbies. Esse é o pior problema", disse.
As declarações foram feitas quando o Papa respondia a uma pergunta sobre o chamado lobby gay do Vaticano.
"Vocês veem muito escrito sobre o lobby gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um documento de identidade dizendo que é gay", brincou.
O Papa Francisco também respondeu em parte a uma pergunta sobre o monsenhor Battista Ricca, que foi nomeado pelo papa para supervisionar o banco do Vaticano e que, segundo a mídia italiana, teve envolvimentos homossexuais quando era diplomata na América Latina.
O papa disse que "uma investigação rápida" concluiu que as acusações eram infundadas.



Não à ordenação de mulheres é definitivo
Francisco também afirmou que a proibição de mulheres sacerdotes na Igreja Católica é "definitiva", apesar de que ele gostaria que elas tivessem mais papéis de liderança nas atividades pastorais e de administração.
"A Igreja falou e disse 'não'... essa porta está fechada", disse, em seu primeiro pronunciamento público sobre o tema como Papa.
Ele se referiu a um documento firmado pelo falecido Papa João Paulo II de que o banimento do sacerdócio feminino era parte dos ensinamentos infalíveis da Igreja e é definitivo.
"Não podemos limitar o papel das mulheres na Igreja ao de coroinha ou de presidente de uma entidade beneficente, deve haver mais", disse o Papa, respondendo a uma pergunta.
A Igreja afirma que não pode ordenar mulheres porque Jesus só escolheu homens para serem seus apóstolos. Defensores do sacerdócio feminino dizem que ele estava agindo conforme os costumes daquele tempo.

Banco do Vaticano
O pontífice também disse que o banco do Vaticano, envolvido em uma série de escândalos, deve ser "honesto e transparente", e que ele vai ouvir as recomendações de uma comissão que criou para definir se o banco deve ser reformado ou mesmo fechado.
O Vaticano anunciou que assinou um acordo sobre a troca de informações financeiras e bancárias com a Itália para combater a lavagem de dinheiro.

Segurança pessoal
O papa, que escolheu andar em um papamóvel aberto e em um carro simples da Fiat durante a viagem ao Brasil, disse que não se preocupa com a segurança reduzida que escolheu em comparação com seus antecessores.
"A segurança está em confiar nas pessoas. É verdade que há sempre o perigo de que uma pessoa louca possa tentar fazer alguma coisa, mas também há o Senhor", disse ele, acrescentando que seria uma loucura maior ficar longe das pessoas.

O encontro com jornalistas
O Papa demonstrou um sentimento de dor pelos escândalos que atingem o Vaticano, durante uma prolongada entrevista coletiva, sua primeira desde a eleição, em março, como substituto de Bento 16.
O tom direto ao responder tantas questões reforçou a vontade de Francisco de agir de forma diferente. Ele tem evitado muitas armadilhas do papado, defendido os pobres e abordado de cabeça erguida alguns dos maiores escândalos que a Igreja enfrenta.
Francisco disse que há santos na Santa Sé, mas também "aqueles que não são muito santos".
A longa entrevista no avião foi algo bastante incomum na história do papado moderno, tanto por sua franqueza como pela amplitude.
Ao contrário de seu antecessor, Bento 16, que sabia de antemão as poucas perguntas que os jornalistas seriam autorizados a fazer, Francisco, o primeiro papa não-europeu em 1.300 anos, não impôs restrições ao responder 21 perguntas.
Ele disse que a viagem de uma semana ao Brasil o deixou muito cansado, mas "me fez muito bem espiritualmente".
O pontífice argentino desembarcou em Roma após uma triunfal visita de uma semana ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que culminou com uma celebração que reuniu mais de 3 milhões de pessoas na praia de Copacabana, segundo estimativa da prefeitura do Rio de Janeiro.

O Papa Francisco durante a entrevista coletiva a bordo do avião 
que o trouxe do Brasil para a Itália.


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