quarta-feira, 25 de março de 2015


PT gaúcho levou R$ 250 mil de dinheiro do Petrolão



O PT de Porto Alegre foi beneficiário de doações oficiais que disfarçaram recursos desviados da Petrobras. Está tudo documentado na Justiça Federal do Paraná. O PT gaúcho recebeu R$ 250 mil em dezembro de 2011 de uma das empresas do delator Augusto Mendonça, réu do Petrolão e dono da Setal.
A data e o valor do pagamento, registrado no nome da empresa SOG, constam em uma tabela anexada à denúncia criminal aceita pelo juiz federal Sergio Moro. Entre os réus da denúncia criminal estão o próprio Mendonça, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O tesoureiro do PT e ex-diretor da Petrobras viraram réus por corrupção e lavagem de dinheiro.
O PT, como sempre, avisa que se trata de doação legal, o que a Setal nega com vigor.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), por meio de 24 repasses oficiais o PT recebeu R$ 4,26 milhões em propinas cobradas de obras da petroleira estatal. As doações teriam dado aparência legal aos recursos desviados.
Executivo da Setal, Mendonça firmou acordo de delação premiada e entregou à investigação recibos e tabelas de doações eleitorais e partidárias feitas ao PT entre 2008 e 2012 por suas empresas, entre elas a SOG.
O pagamento ao diretório do PT em Porto Alegre aparece na relação de doações oficiais atribuídas às empresas de Mendonça. Pelo registro do delator, o repasse de R$ 250 mil da SOG tem data de 12 de dezembro de 2011. Também são listados como supostos beneficiários dos repasses, que incluem dinheiro da empresa controlada por Mendonça chamada PEM Engenharia, o diretório municipal do PT de São Paulo, o diretório da Bahia e o diretório nacional do PT.
No material repassado pelo executivo da Setal estão quatro recibos do PT que comprovam doações para o diretório nacional em 2010, ano da primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff. São quatro recibos que totalizam R$ 500 mil – três de R$ 150 mil e um de R$ 50 mil.

Vaccari dizia para a empreiteira onde colocar o dinheiro sujo
Dinheiro sujo das propinas obtidas pelo saque da Petrobrás chegaram ao PT do Rio Grande do Sul. A denúncia foi acatada pelo juiz Sérgio Moro, no âmbito da ação penal que abriu contra 27 elementos, inclusive dois líderes do PT que armaram a trampa, o tesoureiro nacional João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque.
Foram beneficiados: o Diretório Nacional, o Diretório da Bahia, o Diretório Municipal de Porto Alegre e o Diretório Municipal de São Paulo. Os pagamentos foram prioritariamente para o PT nacional, com liberações mensais. Por meio de quatro empresas de Augusto Mendonça, foram feitas 24 doações eleitorais para o PT. Primeiro executivo a fazer delação com a Lava Jato, em 2014, Mendonça confessou que pagou propinas “acertadas com Renato Duque” em forma de doações.
“Houve 24 doações eleitorais feitas ao longo de 18 meses por empresas vinculadas ao grupo Setal para pagamento de propina ao Partido dos Trabalhadores. Essas doações eleitorais foram feitas a pedido de Renato Duque e eram descontadas da propina devida à diretoria de Serviços”, declarou o procurador.
“João Vaccari indicava as contas dos diretórios, onde deveriam ser feitos esses depósitos”, sustenta o MPF. “Temos evidência de que João Vaccari Neto tinha consciência de que esses pagamentos eram feitos a título de propina, porque ele se reunia com regularidade com Renato Duque para acertar valores devidos”, explicou o procurador.



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