O PT perdeu o controle sobre a corrupção e não sabe o que fazer
Ricardo Noblat |
No auge do escândalo do mensalão em 2005, tendo assumido temporariamente
a presidência do PT, Tarso Genro, atual ex-governador do Rio Grande do
Sul, propôs a refundação do partido.
Isso passaria, entre outras coisas, pelo reconhecimento dos erros do PT,
o afastamento de militantes suspeitos de envolvimento com corrupção e a
escalação de novos nomes para comandar o partido.
A proposta de Tarso esbarrou na força da corrente majoritária no PT,
aquela liderada, na época, pelo ex-ministro José Dirceu. Lula também não
se empenhou para que a proposta de Tarso vingasse.
O mundo gira, a Lusitana roda, e o PT se vê metido outra vez em crise
semelhante, mas muitas vezes superior à do mensalão. Saiu o pagamento de
propinas a deputados. Entrou o Petrolão.
As diferenças: o escândalo de agora movimentou muito mais dinheiro. E
não serviu apenas para financiar campanhas. Serviu também para
enriquecer muita gente.
À falta de novas ideias, Tarso voltou a propor uma limpeza em regra no
partido. A começar pelo afastamento de João Vaccari Neto, tesoureiro do
PT e réu no processo da Lava-Jato.
Tudo indica que sairá derrotado novamente. Ontem, os 27 diretórios
estaduais do PT se reuniram em São Paulo com a presença de Lula. E nada
se falou sobre Vaccari. Pelo contrário.
É tal o desligamento do PT da realidade em sua volta que foi aprovado um
manifesto onde o partido afirma que vem sofrendo não por seus erros,
mas “por suas virtudes”. Pode crer. Foi isso mesmo.
Como resposta à crise, o PT sugere o aprofundamento da reforma agrária, o
apoio à criação de um imposto obre grandes fortunas e aprovação do
projeto de lei que estabelece o direto de resposta nos meios de
comunicação. Tudo ideia velha. Sem apelo nas ruas.
Pelo seu absurdo, o trecho do manifesto destinado a mais repercutir é
aquele onde o PT se diz vítima de uma campanha que almeja o seu
aniquilamento.
- Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa
organização que reúne milhares de filiados. Perseguem-nos pelas nossas
virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da
miséria extrema 36 milhões de brasileiros e de brasileiras. Que nossos
governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres
nas universidades.
Até hoje, o PT, Lula à frente, não admite que o mensalão existiu. Não é
de duvidar que possa dizer o mesmo quando chegar ao fim o caso da
roubalheira na Petrobras.
A verdade é que o PT perdeu o controle do esquema de corrupção que ele
mesmo montou nos últimos 12 anos. E a essa altura não sabe mais o que
fazer.
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