PT gaúcho levou R$ 250 mil de dinheiro do Petrolão
O PT de Porto Alegre foi beneficiário de doações oficiais que
disfarçaram recursos desviados da Petrobras. Está tudo documentado na
Justiça Federal do Paraná. O PT gaúcho recebeu R$ 250 mil em dezembro de
2011 de uma das empresas do delator Augusto Mendonça, réu do Petrolão e
dono da Setal.
A data e o valor do pagamento, registrado no nome da empresa SOG,
constam em uma tabela anexada à denúncia criminal aceita pelo juiz
federal Sergio Moro. Entre os réus da denúncia criminal estão o próprio
Mendonça, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e o ex-diretor
de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O tesoureiro do PT e ex-diretor
da Petrobras viraram réus por corrupção e lavagem de dinheiro.
O PT, como sempre, avisa que se trata de doação legal, o que a Setal nega com vigor.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), por meio de 24 repasses
oficiais o PT recebeu R$ 4,26 milhões em propinas cobradas de obras da
petroleira estatal. As doações teriam dado aparência legal aos recursos
desviados.
Executivo da Setal, Mendonça firmou acordo de delação premiada e
entregou à investigação recibos e tabelas de doações eleitorais e
partidárias feitas ao PT entre 2008 e 2012 por suas empresas, entre elas
a SOG.
O pagamento ao diretório do PT em Porto Alegre aparece na relação de
doações oficiais atribuídas às empresas de Mendonça. Pelo registro do
delator, o repasse de R$ 250 mil da SOG tem data de 12 de dezembro de
2011. Também são listados como supostos beneficiários dos repasses, que
incluem dinheiro da empresa controlada por Mendonça chamada PEM
Engenharia, o diretório municipal do PT de São Paulo, o diretório da
Bahia e o diretório nacional do PT.
No material repassado pelo executivo da Setal estão quatro recibos do PT
que comprovam doações para o diretório nacional em 2010, ano da
primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff. São quatro recibos que
totalizam R$ 500 mil – três de R$ 150 mil e um de R$ 50 mil.
Vaccari dizia para a empreiteira onde colocar o dinheiro sujo
Dinheiro sujo das propinas obtidas pelo saque da Petrobrás chegaram ao
PT do Rio Grande do Sul. A denúncia foi acatada pelo juiz Sérgio Moro,
no âmbito da ação penal que abriu contra 27 elementos, inclusive dois
líderes do PT que armaram a trampa, o tesoureiro nacional João Vaccari
Neto e o ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque.
Foram beneficiados: o Diretório Nacional, o Diretório da Bahia, o
Diretório Municipal de Porto Alegre e o Diretório Municipal de São
Paulo. Os pagamentos foram prioritariamente para o PT nacional, com
liberações mensais. Por meio de quatro empresas de Augusto Mendonça,
foram feitas 24 doações eleitorais para o PT. Primeiro executivo a fazer
delação com a Lava Jato, em 2014, Mendonça confessou que pagou propinas
“acertadas com Renato Duque” em forma de doações.
“Houve 24 doações eleitorais feitas ao longo de 18 meses por empresas
vinculadas ao grupo Setal para pagamento de propina ao Partido dos
Trabalhadores. Essas doações eleitorais foram feitas a pedido de Renato
Duque e eram descontadas da propina devida à diretoria de Serviços”,
declarou o procurador.
“João Vaccari indicava as contas dos diretórios, onde deveriam ser
feitos esses depósitos”, sustenta o MPF. “Temos evidência de que João
Vaccari Neto tinha consciência de que esses pagamentos eram feitos a
título de propina, porque ele se reunia com regularidade com Renato
Duque para acertar valores devidos”, explicou o procurador.
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