ARMAI-VOS UNS AOS OUTROS
Quem quer o confronto sempre perde
Carlos Brickmann |
Na lanchonete de um grande hospital, um ex-ministro petista é
insultado a gritos e acaba tendo de se retirar. No Rio, onde se
realizava um ato governista, um senhor de cabelos brancos, com camiseta
pró-impeachment, é agredido a pontapés por manifestantes petistas. E os
líderes partidários acirram as tensões.
Palavra de Lula: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar.
Sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele nas ruas”. Frase
perigosa – no dia 15.mar.2015, estão marcadas manifestações contra Dilma. Será
levado para a política o clima das torcidas organizadas, que marcam
brigas pela Internet?
Certas coisas ficaram claras com a declaração de Lula: o MST, como
sempre disseram seus adversários, não é um movimento autônomo, mas tropa
auxiliar do PT; e os sem-terra não são sem-terra, mas soldados do
exército de João Pedro Stedile, comandante do MST, que pode ir às ruas a
chamado de Lula. Tanto os radicais que agrediram verbalmente um
ex-ministro (que sempre se comportou civilizadamente) quanto Lula, é
este o futuro que desejam para o Brasil?
E vamos parar de besteiras, cavalheiros, a respeito da força de cada
lado. Em 1964, havia Generais do Povo (um deles, o marechal Osvino
Alves, era presidente da Petrobras), havia as Ligas Camponesas de
Francisco Julião, havia os Grupos dos Onze de Leonel Brizola, havia os
marinheiros amotinados, e era tudo fumaça. O governo caiu sem
resistência. Perderam todos, de ambos os lados.
A hora é de calma. Ninguém deve ser Tiradentes com o pescoço dos outros.
O ganha-perde
Dos três líderes civis do movimento vitorioso contra Jango, dois foram
cassados, Lacerda e Adhemar, e um, Magalhães Pinto, que sonhava ser
presidente, teve de contentar-se em ser chanceler (mais tarde, perderia
até seu banco). O militar que iniciou a revolta, general Mourão Filho,
foi encostado.
Do lado do governo, quem mais pedia luta não chegou a lutar: muitos
foram exilados, inúmeros presos, muitos torturados, vários assassinados.
O líder dos marinheiros amotinados, Cabo Anselmo, jogou dos dois lados.
E nada ganhou de nenhum deles. Vive na clandestinidade, é malvisto, nem
fortuna amealhou.
Quem quer o confronto sempre perde. Vence quem não estava na briga.
Mais longe, tão perto
Alguns dos movimentos de rua mais sanguinários, como os camisas pardas
nazistas e os camisas negras fascistas, nasceram do recrutamento de
marginais pagos. Depois reuniram oportunistas e prepotentes. Quem os
comparar com esse pessoal que recebe 50 reais, sanduíche e tubaína,
estará certo. Cuidado com eles.
Em ato pela Petrobras, Lula pediu paz mas falou do “exército” de Stedile |
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